Vândalos destróem orelhões de Ilhéus

Enganam-se os que acham que os telefones públicos caíram de moda e não são mais necessários. Mesmo na era dos aparelhos celulares, os antigos telefones públicos apelidados de orelhões continuam na moda, podem salvar vidas, resolver situações urgentes e evitar muitos transtornos. Mas o difícil é encontrar um desses aparelhos funcionando em Ilhéus. Graças a ação dos vândalos que destroem os aparelhos e a demora da companhia telefônica em detectar e resolver o problema, em vários pontos da cidade é comum encontrar os orelhões quebrados.

Basta uma rápida circulada pela cidade para perceber o estado crítico dos orelhões. No Calçadão da Marquês de Paranaguá, onde o movimento de consumidores é intenso, existem vários orelhões, muitos deles instalados até em local inadequado, impedindo a passagem dos consumidores. Mas é só procurar um desses aparelhos para perceber que muitos deles não funcionam. Na avenida Soares Lopes também não é diferente.

Assim como no centro da cidade, é comum encontrar telefones públicos quebrados nos bairros, na Central de Abastecimento e nos distritos de Ilhéus. Os moradores dizem que muitas vezes são os vândalos da própria comunidade que destroem os aparelhos e a empresa telefônica quase nunca aparece para consertar. Nos distritos e vilas de Ilhéus os telefones públicos são os únicos meios de comunicação com a cidade, já que na maioria dos locais não há o alcance da telefonia móvel. Com os telefones quebrados os moradores ficam isolados.

Tentamos entrar em contato com a gerência local da Telefonia Oi, que atende a cidade, mas sem sucesso. Ligamos para uma série de números, falamos com o atendimento automático, seguimos orientações das gravações, mas nada de falar com a gerência local. Um funcionário de uma empresa ligada à área de telefonia informou que todos os meses são centenas de aparelhos quebrados que são retirados de circulação e que o prejuízo é enorme. Segundo ele, o pátio da empresa está repleto desses orelhões destruídos e nem sempre é possível fazer a manutenção.

Os vândalos arrancam o monofone (aparelho telefônico), jogam graxa, água, refrigerante e outras bebidas, picham, quebram a cápsula (parte que serve como proteção para os usuários) e até derrubam toda a estrutura. Em épocas de shows e eventos o número de orelhões quebrados aumenta ainda mais, já que na saída dessas festas são comuns os atos de vandalismo.

Para alguns psicólogos a explicação destas atitudes de vandalismo está relacionada à educação e à questão histórica da evolução dos valores culturais e sociais. “A família, que é a base da sociedade, está sofrendo uma desestruturação. Falta limite na base de educação, não se sabe o que é certo ou errado e como consequência tem-se o aumento no registro dos casos de vandalismo e bulling, por exemplo”, explicam. Segundo os psicólogos, muitas vezes a destruição de coisas ou mesmo a agressão a pessoas é o reflexo desta falta de limite, que, por andar junto ao carinho e afeto, acaba promovendo a raiva nas situações em que não esteja presente. “Muitas vezes é um denúncia para mostrar que algo não está bem”, enfatizam.

 

Funcionários das empresas de telefonia afirmam que no passado muitas companhias realizaram campanhas contra a destruição dos orelhões, mas ao invés de inibir essa prática, acabaram estimulando o vandalismo.

 

 Mas longe de ser apenas uma questão de comportamento, a destruição dos orelhões se configura como um crime. Segundo o artigo 163 do Código Penal, destruir patrimônio da União, Estado ou Município e empresa concessionária de serviços públicos (no caso, a telefônica) ou sociedade de economia mista é crime. Quem for pego no ato da destruição pode ser autuado em flagrante, processado, e, em caso de condenação, pegará pena de seis meses a três anos de detenção. Denúncias contras esses tipos de crime podem ser feitas pelo telefone 197 da Polícia Civil.

 

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