PREÇO DO CACAU – POR FRANCISCO MENDES COSTA

Cacau é uma das culturas que tem a melhor liquidez.

Quanto maior quantidade para venda melhor o preço, ao contrário dos  insumos quanto maior quantidade menor o preço. (Onde fica a união?).

Chocolate só o nome já é sinônimo de venda. Cacau é o carro chefe do leite, açúcar, amendoim e outros produtos.

O lucro das chocolateiras é um dos maiores no seguimento das indústrias.

 O preço do chocolate em quilo varia entre R$. 35,00 a R$. 230,00 dentro do comércio normal tendo preços bem melhores dependendo da qualidade do cacau, o cacau da Bahia é considerado o melhor cacau. (Cacau Superior da Bahia)

Veja o luxo das chocolateiras e a pobreza dos produtores e seus empregados.

Como vamos competir com outros Países que têm mão de obra escrava como é o caso da África. Hoje ela conta com 250.000 menores trabalhando nas suas lavouras.

Os países da África aonde existem a ditadura, pagam preços menores e vendem direto para as indústrias, publicado há pouco tempo nos jornais e na lista do cacau.

Enquanto pagamos US$ 600 por mês a um trabalhador, considerando salário mínimo e obrigações. Nos países africanos, o custo é de US$ 80 por mês.

A não ser Gana, único país que dá garantia de preços de (US$1930/t), pois quer segurar os jovens no campo.

O Brasil é o 3º maior consumidor de chocolate e o 2º em ovos de Páscoa.

A qualidade do chocolate nosso é uma das piores. Existe uma lei de porcentagem de amêndoas no chocolate  é de 25%, não é respeitada.

Alguns economistas defendem o sistema Drawback, que eu saiba só usado no cacau,  culturas como café, laranja, algodão, soja e outras não aceitaram. Não sabemos nesse sistema que cacau está sendo importado e nem as doenças que vêm vindo, não existe  fiscalização. Com o Drawback só as indústrias são beneficiadas. Alegam se sair esse sistema as indústrias vão embora.  Com esse mercado crescente vão embora? Nunca

Nós produzimos o cacau e o preço é colocado pelos que saboreiam o melhor chocolate.

Nós produzimos 2.000.000 de sacas e consumimos 3.000.000 de sacas, onde fica a lei da (OFERTA E PROCURA?)

Enquanto não mudar o sistema da importação o governo não vai sentir o problema da região, não está saindo divisa. Commodities, seria melhor sair desse sistema, com esse mercado interno em expansão?

Não temos preço mínimo e nem seguro do que produzimos.

O maior problema de qualquer atividade é o capital de giro.  Aqui ainda colocam o cacau a ordem. Não colocando o cacau a ordem passa a faltar o produto e o preço aumenta.

Banco faz o seguro dos imóveis da fazenda e seus pertences, bem como o seu estoque, o preço do seguro não é caro.

Nós precisamos no mínimo ter o mesmo tratamento das outras culturas: preço mínimo, seguro, vigilância sanitária rigorosa etc, estamos sendo diferenciado para baixo e cada dia pior. Nós damos residência, energia, água  e etc. (uma das únicas culturas que não tem boia fria).

PREÇOS DE OUTRAS CULTURAS

Eucalipto                   R$.                 por ha ?

Palmito Jussara         R$. 5.500,00 por ha

Guaraná                     R$. 6.000,00 por ha

Urucum                      R$. 7.000,00 por ha

Coco                           R$.10.000,00 por ha

Café                            R$.14.000,00 por ha

Cacau 20 @ por ha   R$. 1.400,00 por ha

A colheita de qualquer cultura é a operação mais cara, a do cacau fica com custo altíssimo, praticamente colhe o ano todo.

Colocar os preços de outras culturas p/ comparação.

Está faltando mão de obra como vamos competir com o café cada dia contrata mais trabalhadores e pode pagar melhor.

Essa semana saiu mais dois bilhões de reais para o café para o estoque regulador, para manter o preço em alta, para novos plantios, para as fábricas moedoras e novas fábricas. O que eles pensam em fazer com o cacau?

Cacau a única cultura onde o preço não subiu. Quem nos representa não está nos defendendo. Comitê da Suíça está estudando de colocar um preço único mundial quem sairia perdendo o Brasil, principalmente a Bahia.

Barry, Nestlé, ADM, as três são Suíças;

Os produtores de coco estão entrando para o mesma situação do cacau. A empresa Só Coco está importando o produto com conservante levando 30 dias para chegar no Brasil e vendendo água do coco em caixa. Começou pelo Rio de Janeiro e São Paulo depois vem para as outras capitais, competindo com o coco in natura com preço bem menor.

Não seria o caso de nos juntarmos a eles e lutarmos pelos mesmos objetivos ?

No passado os países produtores representados pela Organização Internacional do Cacau -OIC jamais conseguiram fazer o AIC – Acordo Internacional do Cacau ser um fórum funcional. O Brasil era o membro que mais insistia na ampliação do Estoque Regulador para dosar a oferta do produto, enfim, melhorar os preços junto aos compradores. A OIC sempre foi um organismo de difícil sustentação dos seus propósitos, pois a África, como maior produtora e em razão da influência do Cartel do Cacau nos governos dos países produtores daquele continente nem sempre acordavam com as propostas dos continentes de menor produção, deixando o mercado operar conforme os interesses dos compradores.

O maior entrave para organizar o mercado pelos ofertadores é que sendo o cacau produzido por países pobres, notadamente na África com 64% do total, onde o cacau se tornou a principal riqueza gerada, por exemplo, em Gana, Costa do Marfim, Nigéria, entre outros, o governo desses países assumiu a comercialização do produto, retirando completamente qualquer possibilidade dos produtores influenciarem no mercado. Alia-se ainda, o fato da produção se operacionalizar por pequenos produtores, onde a agricultura familiar está dependente dos métodos oficiais do governo, que a subjuga.

A indústria chocolateira constitui um dos oligopsônios mais organizados do mercado de commodities, corporizados num Cartel poderoso, cuja dinâmica controla o mercado mundial, oferecendo preços aviltados, promovendo a dependência do produtor ao sistema perverso estabelecido pelos controladores das Bolsas de Mercadorias. Não parece fácil mudar a tradição dos métodos de produzir e de vender o cacau brasileiro. Para os produtores a intervenção do Estado para mudar a condição do cacau na sua concepção mercadológica, o governo estabelecendo preço mínimo, a indústria pagando, o produtor tendo um preço garantido que cubra os seus custos tudo vai melhorar. Ledo engano. Descomoditizar uma matéria prima, cuja oferta está atrelada as leis de mercado é necessário cumprir alguns requisitos: (I) entender o mercado, (II) organizar a demanda, (III) definir qualida des e procedimentos da produção, (IV) encontrar os canais de vendas adequados, (V) definir estratégias para cada mercado.

No caso brasileiro, apesar da produção se realizar de forma democrática, 80% da produção é operado na média e grande propriedade. Para o governo, o cacau é um produto problema, pois sempre dependeu do apoio governamental para retirá-lo das crises. Essas crises sempre estiveram atreladas aos preços e ao câmbio. Na trajetória da cacauicultura brasileira, o produtor compensava os preços com o aumento da área de plantio. A produtividade da cacauicultura foi outra variável emblemática, a Bahia detentora das áreas mais apropriadas confiou demais na força da natureza, mesmo com a tecnologia sugerida pela CEPLAC os níveis de produtividade da cacauicultura baiana estiveram estacionados na média de 40@/ha.

Descomoditizar o cacau não é encaixa-lo na lista de Preços Mínimos do governo, há que definir algumas estratégias, como instituir no sul da Bahia Indicações Geográficas para tornarem o produto daqui diferenciado, conseguindo assim o reconhecimento do mercado especializado. Por exemplo, na Região poderia ser produzido cacau fino, cacau orgânico, cacau florestado, enfim, modalidades de produto voltados para nichos de mercado, que valorizam especialidades capazes de atender a  consumidores de desejos específicos, notadamente os de segmentos mais apurados.

A produção especializada vai ao contraponto da tradição regional, onde sempre se antecipou a venda por não ter o produtor liquidez para manter as atividades da fazenda durante todo o seu processo. Em o produtor regional ter de fritar a banha do próprio corpo para obter a refeição, como alterar metodologicamente as técnicas de produção para transformar o seu produto em um bem diferenciado, se isso depende de novos investimentos na fazenda? Além do mais, a Indicação Geográfica deve ser constituída num ambiente de solidariedade, alianças, organização, quando o espírito associativo passa a se constituir num aliado importante para que uma Região se ajuste as definições técnicas de uma especialidade. Será que no caso do cacau baiano, essas condições serão estabelecidas convenientemente? São desafios.

Nessa meta a Bahia pode aproveitar o momento para desenhar um plano estratégico para o cacau baiano. Necessita fazer um trabalho de marketing para que o Estado tenha presença constante no mercado consumidor como faz a Colômbia, que estabeleceu a marca do melhor café, portanto, o mais caro. No Brasil, os produtores de café tem conseguido melhorar a colocação do produto em mercados especializados. O sul de Minas tem introduzido Indicação Geográfica para alguns tipos de café, há exemplos de produtores conseguindo preços 10 vezes maiores ao do mercado doméstico. A diferença de preço compensa categoricamente a perda de produtividade da lavoura, que deixa de usar insumos químicos na sua produção.

A produção de bens especiais como os citados para o cacau não pode ser feita com base na aplicação de insumos (defensivos, fertilizantes químicos, etc), por exigência do próprio mercado. Portanto, levar em consideração o aumento de produtividade em processos produtivos monitorados pelos compradores é uma missão desesperadora para quem se propõe a atender eficazmente a esse tipo de mercado, pois aumentar a produção é uma premissa para compensar os desafios de quem entra numa nova metodologia de produção para aliar qualidade com ganhos compensatórios.

A alternativa de manter os atuais métodos de produção, buscar novas tecnologias (da engenharia genética aos insumos menos impactantes ao ambiente ecológico da Região) para o aumento da produtividade, parece mais exequível ao tipo de produtor que tem a Região. O aumento da produtividade compensaria o humor dos preços. Produzir cacau vai ser bom negócio, pois o mercado indica que haverá queda dos Estoques Reguladores nesses próximos 10 anos.

A outra forma de descomoditizar o cacau seria a sua industrialização na própria Região, mas historicamente ela foi refém da falta de empreendedorismo para instalar um Polo Regional de chocolates. Deixou criar o Centro Industrial de manufatura do Cacau em Ilhéus para exportar sub-produtos, método que nunca melhorou os preços internamente, o cacau continuou sendo negociado com base na cotação dos preços da bolsa de New York. Toda a agregação com a industrialização fora acumulada pelos industriais, que não transferem nenhuma lambuja para o sacrificado produtor.

Publicação do Sr.: Francisco Mendes Costa

Um comentário em “PREÇO DO CACAU – POR FRANCISCO MENDES COSTA”

  1. sou produtor de cacau estou recuperando minha area porem os custos sao elevados atualmente recebo 300,00 por saca produzo 300 sacas ano em 40 ha.estou plantando mais 20000 mudas na mesma area .espero fazer parte de um conjto. de pessoas para melhorar qualidade e preço.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *