Neste ano de comemoração dos 100 anos de Jorge Amado, julguei relevante criar um curso para render homenagens, pensando em algo inevitável, ler as obras de um autor que soube encantar várias gerações com seu estilo literário e evitar a riducalizarição dessa produção. Considero importante ler as obras enquanto literatura, e não como cópia da vida, e muito menos meras crônicas de um bom contador de estórias.
Esse curso foi articulado levando em conta que Jorge Amado é lido e relido, principalmente fora das universidades, porque há uma forte identificação leitores e obras jorgeamadiana e tem um apelo fortemente cultural e turístico. Assim, esperamos não apenas professores interessados em motivar seus alunos a descobrirem o talento desse artista, como agentes literários, artistas, escritores, historiadores, guias de turismo, turistas, bibliotecários, livreiros e demais leitores.
Aceitamos convites para ministrar este curso em outras cidades do País. Nossa intenção é discutir e compatilhar leituras jorgeamadiana com leitores e mediadores da leitura, disponibilzanmdo sugestão de leitura, indicação de atividades criativas e trabalhos já realizados na área de literatura, com ênfase na vida e obra de Jorega Amado.
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73 8851-1485 ou alderacy1@gmail.com
A literatura me ofereceu caminhos diferentes. Em 1995, eu coordenei um grupo composto de professores universitários e comunidade viçosense, como integrante do Programa Nacional de Incentivo à Leitura – PROLER em Viçosa. Fui arrastado pela bela contação de estórias de Lucia Fidalgo. Após a perfomace dela, disse para mim mesmo: quero ser contador! Me tornei amigo de Francisca Alves da Silva, a melhor contadora de Minas Gerais. Em 1997, mudei-me para Ouro Preto e fui ser professor de literatura em Itabirito. Dei aulas nas duas grandes escolas: Industrial e Intendente Câmara. Uma das turmas que ensinava convidou uma professora para filmar minha aula. Certamente essa aula foi sobre “Barroco Mineiro”. Nesse mesmo período, chegava na segunda escola antes do horário para ensinar literatura infantil para turma de magistério. Em 199, fui convidado para ensinar literatura para Rede Pitágoras, em Ubá. Lembro de meus alunos com ternura e cumplicidade. Através do Pitágoras, tive oportunidade de participar de programa da TV Futura, “Tá ligado?” Nessa época, apresentei o projeto de oficina de redação na Universidade Federal de Viçosa. O mesmo projeto foi desenvolvido nas escolas da Rede Pitágoras em Viçosa e Ubá, Associação Comercial de Ouro Preto e Casa de Cultura Jorge Amado.
Leciono essas disciplinas desde 1997, com experiência comprovada nos mais diversos segmentos, como escolas, universidades, centros culturais, atendendo brasileiros e estrangeiros, na educação formal e informal. Desde 2000, tenho procurado conhecer a história da Casa de Jorge Amado e o universo ficcional desse grande escritor, por diversos motivos, dentre eles, ensinar redação como atividade lúdica e, ao mesmo tempo, ensinar literatura brasileira modernista de maneira prazerosa e contemporânea.
O primeiro contato com essa Casa aconteceu no período que lecionei na extinta Escola General Osório. Folheando os livros de língua portuguesa constatei que neles não existia nenhum texto de Jorge Amado. Procurei a diretora dessa Casa na época e organizamos uma visita orientada com o propósito de apresentarmos o escritor e suas obras aos estudantes do antigo General. Nesse mesmo período, fiz contato com a Fundação Cultural de Ilhéus (FUNDACI), dirigida pelo crítico literário e cronista Hélio Pólvora, com a finalidade de apresentá-lo uma proposta de oficina de redação, já aprovada anteriormente na Universidade Federal de Viçosa (UFV), Rede Pitágoras, Centro Profissionalizante de Itabirito, Associação Comercial de Ouro Preto, dentre outros espaços. Em parceira com a Ludoteca da UFV, criei e ministrei a Oficina Brincar de Escrever direcionada para o público infantil da rede pública de ensino mineira.
Participei do Projeto Capitães de Areia, na condição de monitor de Leitura, no bairro Teotônio Vilela. Reunia os livros que tinha em casa e aproveitei a oportunidade para falar de Jorge Amado e seus livros, em especial o título homônimo dessa iniciativa da Secretaria Municipal de Assistência de Ilhéus. Não apenas lemos como vivenciamos práticas leitoras e montagem de uma peça encenada no Quarteirão Jorge Amado. Contamos com o entusiasmo e presença da secretária Rúbia Carvalho e equipe.
Já na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), através do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER) e Universidade Para Todos, ministrei oficinas de Literatura e Redação. Na FUNDACI, tive oportunidade de integrar a Comissão que organizou o evento Agosto de Jorge Amado e ministrar oficinas de criatividade: Contação de Estórias e Círculos de Leitura. Na segunda edição desse evento, ministrei oficinas Brincar de Escrever e A literatura vai à Escola. Nessa mesma época, fui contratado para ser Coordenador do Arquivo Público Municipal João Mangabeira, possibilitando-me conhecer a história desta cidade e interagir com o acervo local.
Como professor de Literatura do CEAMEV, levei em conta essa trajetória e implantei o projeto Chocolate com Letras, que apresentou poetas, cronistas, contistas, romancistas da região do cacau. Os alunos participaram de palestras proferidas na Academia de Letras de Ilhéus, pela diretora da Editus e poeta Baísa Nora, e presidente da Academia na época, Maria Luiza Heine. Ainda no CEAMEV, coordenei e idealizei um curta produzido pelos estudantes dessa escola, que apresentaram como atividade de Literatura no evento Semana de Arte Literária, que tinha como objetivo ensinar literatura de forma lúdica e prazerosa, criado pela professora Celene Patury.
Esse curta foi amplamente divulgado para todo Estado da Bahia e reconhecido pela Secretaria de Educação como um dos dez trabalhos criativos e único do litoral sul da Bahia. Essa atividade contou com apoio da presidente de FUNDACI e ex-diretora da Casa de Jorge Amado, Eugência Sélia. Hoje a resenhista deste curta encontra-se no Ministério da Cultura. Pretendo ainda publicar as fotos da filmagem e os depoimentos dos participantes, que tenho guardado com carinho e zelo desse empreendimento educacional.
Antes do Monteiro Lobato ser largamente criticado injustamente, criei outros projetos como “Lendo Monteiro Lobato”, que contou com apoio da Editora Globo e Academia de Letras de Ilhéus. Guardo desse período uma correspondência desse Editora destacando a iniciativa em terras baianas.
Durante o tempo que estive afastado de Ilhéus, residi em Mariana e Ouro Preto, Minas Gerais. Fui eleito Delegado Cultural da primeira cidade mineira, ministrei cursos de redação e aulas de língua portuguesa, no Instituto ALI. Criei o curso e ministrei: O prazer de escrever. Atuei como revisor de texto para revista infantil e textos acadêmicos. Fui convidado para escrever um projeto e editar um jornal como forma de homenagem póstuma para escritora Maria Magdalena Lana Gastelois. Resultou desse empreendimento um vídeo para TV Futura, no qual apareço e fui um dos colaboradores para o roteiro. Vale ressaltar que a Magdalena é considerada como uma das mulheres mais inventiva e uma exímia escritora, como livros indicados e premiados.
Destaco ainda nessa passagem o encontro com os escritores Affonso Romano de Sant’Anna, Marina Colasanti e Fanny Abramovich. Procurei nos livros do amado Jorge um jeito de estar mais próximo da nossa cultura baiana e conhecer o legado deste escritor. Minha despedida aconteceu no dia de nascimento de Jorge, quando completaria 99 anos. Foi na Câmara Municipal de Ouro Preto, escolhi essa data marcar o lançamento do selo personalizado dos Correios, e neste ano, pretendo lançar novo selo festejando, celembrando 15 anos de Oficina do Escritor e 100 anos de Jorge Amado.
Já na Escola Rotary de Ilhéus(2011) tive oportunidade de explorar o tema Ilhéus e Jorge Amado. Foi uma experiência muito gratificante. À medida que íamos estudando sobre os temas, aumentava o interesse e a participação dos alunos. Finalizamos os trabalhos criando cartões postais e marcadores de livro com imagens do cidadão ilheense Jorge Amado e o patrimônio cultural de Ilhéus. Culminando em uma grande mostra cultural com adesão de toda unidade escolar.
No final de 2011, atendendo convite de estudantes universitários do Pólo Ilhéus da FTC, proferi palestra sobre Literatura do Cacau, destacando a obra jorgeamadiana, inclusive com exibição de vídeo inédito sobre o amado Jorge. Finalizamos esse colóquio com apresentação de escritores e obras publicadas com o selo da Editus.