Consumo de chocolates com 70% de cacau ajuda a prevenir doenças cardiovasculares
As delícias da época de Páscoa, sem dúvida, fazem bem ao paladar, mas podem também beneficiar a saúde de quem as consome. Para isso, basta que os chocolates tenham em sua composição mais de 70% de cacau. Conforme estudos científicos, a alta concentração de flavonóides provenientes das amendôas ajuda na proteção contra doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes e contribui para a diminuição do chamando colesterol ruim. Além disso, o chocolate preparado com alto índice de cacau aumenta a quantidade de serotonina no corpo, mandando o estresse embora; e ainda ajuda no combate aos radicais livres, retardando o envelhecimento.
O presidente do Instituto Cabruca e da Câmara Setorial do Cacau, Durval Libânio, salienta que o consumo deste tipo de chocolate vem crescendo ao longos dos anos, mas ressalta que os números ainda são tímidos: “O Brasil produz hoje cerca de 497 mil toneladas de chocolate, movimentando cerca de R$ 10 bilhões por ano na economia brasileira. Ao produtor é destinado apenas R$ 500 milhões deste montante, o que sinaliza o baixo teor de cacau nos chocolates produzidos no País”.
Libânio explica ainda que, quanto mais doce o chocolate (como os do tipo branco ou ao leite), menor a quantidade de massa de cacau em sua formulação. “O chocolate branco, por exemplo, não traz nenhum benefício para a saúde, pois não possui a massa de cacau na sua receita, principal ingrediente do chocolate. Por isso, temos que tomar ainda mais cuidado com o consumo dele. Não que as pessoas tenham que deixar de consumir este alimento, mas comê-lo com moderação e bom senso”, explica a nutricionista Leny Strauch.
O alimento normalmente é composto por massa de cacau, manteiga de cacau e açúcar, mas pode vir com outros ingredientes na fórmula, como leite em pó, gordura hidrogenada e emulsificantes. “O que precisamos fazer é incluir o chocolate de melhor qualidade na alimentação diária dos brasileiros pois, diferente de outros lugares do mundo, a preferência nacional é por chocolates mais doces. A boa notícia é que o consumo de chocolates com alto teor de cacau cresceu nos últimos anos”, acrescenta Libânio. Para algumas marcas, o incremento na produção deste tipo de chocolate já chega a 300%.
O Brasil é hoje o terceiro maior produtor de chocolates do mundo, mas seu consumo per capita ainda é considerado baixo: 2,2 quilos por habitante ao ano. A recomendação médica é para que o chocolate com alto teor de cacau seja consumido diariamente, porém, em pequenas quantidades. “O chocolate acaba sendo mais um aliado para a saúde. Temos que ficar atentos ao rótulo dos produtos para saber a concentração de cacau e se há adição de leite, açúcar e outros ingredientes. Para ser considerado chocolate, o produto deve conter no mínimo 25% de cacau e muitos produtos vendidos hoje não contém este teor, mas são vendidos como barra sabor chocolate. O perigo do consumo em excesso deste tipo de produto é que eles são muito engordativos e podem aumentar o nível de colesterol” conclui Libânio.
O Instituto Cabruca
O Instituto Cabruca atua há 5 anos no Sul da Bahia, onde trabalha na defesa do cultivo conservacionista do cacau, conhecido como cabruca que consiste no cultivo da lavoura, sob as grandes árvores da Mata Atlântica, que dão sombra aos cacaueiros. Além de promover a conservação das cabrucas, o Instituto trabalha para que o cacau brasileiro tenha mais qualidade e seja mais valorizado como alimento. Para isso, desenvolve programas e projetos com ênfase em produção orgânica, certificação socioambiental, fabricação de chocolate em nível local, e maior percentual de cacau no chocolate brasileiro, tornando a guloseima mais saudável.
A instituição conta ainda com a parceria da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) que desenvolve projetos desde 1957. Atualmente, a Ceplac desenvolve formulações com grande quantidade de massa de cacau para aumentar o consumo e oferecer um produto diferenciado ao mercado consumidor. “Quanto maior o uso de massa de cacau na formulação do chocolate, maior a produção nas propriedades rurais e mais perspectivas para o nicho de mercado de cacau fino e especial’, declara o superintendente regional da Ceplac na Bahia, Juvenal Maynart.