Cada comunidade esconde um talento, um potencial e a capacidade de transformar cultura em fonte de renda. É com essa certeza que o Diagnóstico Mercadológico Participativo (DMP) trabalha para identificar os chamados “saberes e fazeres” em 15 localidades na zona norte de Ilhéus, região que está para receber o Porto Sul, um projeto de logística conectado à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que ativará novos vetores de desenvolvimento no interior baiano.
O DMP é feito pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), por iniciativa da Bahia Mineração (Bamin), que há cerca de três anos investe em ações de Responsabilidade Social Empresarial nas regiões de Ilhéus e Caetité. Nesse período, a empresa vem desenvolvendo o Projeto Transformar, que já qualificou centenas de jovens para o mercado de trabalho, com cursos de Instalador Polivalente, Auxiliar Multifuncional, Manutenção de Máquinas Industriais e Manutenção e Montagem de Microcomputadores. O projeto também incentivou a criação e desenvolvimento de grupos produtivos como o Doces Retiro (Retiro), o Arte e Vida (Ponta da Tulha), o Vitória Mar (São Miguel) e o Vila das Frutas (Vila Olímpio). O objetivo do diagnóstico que está sendo realizado pela Uesc é expandir o projeto para outras comunidades do entorno do futuro empreendimento.
A parceria da Bamin com a Uesc, uma das mais respeitadas instituições de ensino superior da Bahia, com 40 anos de existência, chega para intensificar a ação social da empresa nas comunidades. Com a universidade, a Bamin já realiza o Inventário Turístico de Ilhéus e Itacaré, com análise dos indicadores de sustentabilidade do setor nos dois municípios e também em Uruçuca. Agora, promove o Diagnóstico Mercadológico Participativo, com o objetivo de identificar potenciais em cada localidade e verificar a melhor forma de trabalhar com eles. “É importante conhecer a realidade de cada uma dessas comunidades, que estarão próximas ao nosso empreendimento e esse diagnóstico nos dará uma visão mais detalhada do potencial dessas localidades”, explicou o Diretor de Logística da Bamin, Aildo Fonseca.
O trabalho de identificação dos chamados “saberes e fazeres” começou em janeiro nas 15 comunidades selecionadas pelo projeto: Aritaguá, Vila São João, Vila Olímpio, Urucutuca, Carobeira, Itariri, Valão, Juerana, Campinhos, Castelo Novo, Joia do Atlântico, Sambaituba, Assentamento Bom Gosto, e nos povoados de São José e Ribeira das Pedras. Nas últimas semanas, os pesquisadores da Uesc fizeram um total de 40 visitas a essas comunidades.
Diagrama de Competências – De acordo com o professor William Figueira, que coordena a equipe responsável pelo Diagnóstico, os primeiros contatos e entrevistas são fundamentais para iniciar a construção do Diagrama de Competências das comunidades. Mestre em Responsabilidade Social e Desenvolvimento Humano e coordenador do Grupo de Pesquisa em Gestão, Inovação e Sustentabilidade da Uesc, Figueira explica que, “além de saber o que cada comunidade produz, o diagnóstico também vai apurar as técnicas utilizadas, já que entre os objetivos está otimizar a produção e melhorar o retorno financeiro das atividades”.
O trabalho incluirá ainda workshops com produtores e líderes comunitários, para levantamento de interesses e necessidades, bem como de tradições e valores culturais, e do patrimônio histórico e natural. “A metodologia aplicada permitirá um maior conhecimento dos recursos existentes em cada comunidade, em suas diversas vertentes”, observa o coordenador.