Cacau sustentável que conserva Mata Atlântica e Amazônia é destaque no Salão de Chocolate de Paris

Instituto Cabruca participa da organização do evento e a capacidade do Brasil em aliar economia cacaueira, produção de chocolate e sustentabilidade em dois dos principais biomas do planeta

 

O cacau produzido na região sul da Bahia, um dos principais pólos cacaueiros do Brasil e do mundo, é historicamente exemplo de sustentabilidade e vem ganhando notoriedade e reconhecimento no mundo devido a forma de plantio de cacau chamada Cabruca, que costuma ditar as regras da produção da amêndoa na região. Isso se deve ao trabalho do Instituto Cabruca, que ao longo de três anos tem mostrado este conceito no Salon Du Chocolat, que acontece na França entre os dias 20 e 24 de outubro. A ONG baiana, referência em agroecologia, defende o cultivo conservacionista do cacau, por meio da manutenção das grandes árvores da Mata Atlântica, que dão sombra aos cacaueiros. A prática é uma alternativa ao chamado cacau a pleno sol que é quando a região é desmatada para que o fruto receba maior incidência de sol para uma produção mais veloz, sem o comprometimento com a sustentabilidade.

Para fortalecer a Cabruca e chamar atenção para seus benefícios – que vão desde a conservação da água e do solo ao potencial para o sequestro de carbono – o Instituto Cabruca busca por meio de sua participação no Salão de Chocolate de Paris agregar valor ao cacau cabruca produzido no Brasil. “Uma das ações já iniciadas é a busca do reconhecimento para a região Sul da Bahia, conhecida por sua economia cacaueira, de uma indicação geográfica que embute em seu conceito a produção de amêndoas de alta qualidade e a conservação da Mata Atlântica graças à Cabruca,”, afirma o Secretário executivo do Instituto Cabruca, Durval Libânio, que também é presidente da Câmara Setorial do Cacau.  O Instituto Cabruca, em parceria com o Governo do Estado da Bahia, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Associação de Produtores de Cacau (APC), o Ceplac e a Amma Chocolate, leva para o evento representações da Bahia, do Pará e do Espírito Santo, regiões que se destacam pela produção de cacau.

De acordo com Libânio, “a expectativa é que possamos aumentar ainda mais o consumo do produto de origem brasileira, por meio das possibilidades de produção e de uso do nosso cacau com maior valor agregado e de melhor qualidade”.  O Brasil é o 4º maior consumidor mundial de chocolate e o 5º maior produtor de cacau em todo o mundo, é também o País que mais aumentou o consumo “per capta” da iguaria nos últimos cinco anos, de acordo com informações da Câmara Setorial do Cacau, órgão ligado ao Ministério da Agricultura. Atualmente, o País produz cerca de 497 mil toneladas de chocolate, movimentando R$ 10 bilhões por ano na economia brasileira, número que, segundo Libânio, tem potencial para ser maior.

Ele lembra ainda que em 2010 o cacau brasileiro – 70% dele produzido na Bahia – recebeu 14% das premiações do Concurso Mundial de Chocolate, em Paris, durante o Salão Internacional do Chocolate. “Para este ano, a expectativa ainda é maior, já que o processo de uso do cacau vem se qualificando”. O Salão é a maior vitrine mundial para produtores de cacau e chocolate. Estima-se que  aproximadamente 25 mil pessoas visitem diariamente o evento, que ocorre no Parque de Exposições da Porte de Versailles.

2012 no Brasil

 A delegação brasileira assinou termo de compromisso na França para que o Salão do Chocolate 2012 seja realizado na Bahia. A previsão é que em julho do próximo ano, o evento aconteça na cidade de Salvador. A realização do evento na Bahia vinha sendo pleiteada desde 2009. O evento contará com a vantagem de ser realizado pela primeira vez num país produtor de cacau. Estão programadas visitas a fazendas e fábricas locais de chocolate, fato inédito que poderá atrair diversos chocolateiros renomados ao Brasil, o que contribuirá para o reconhecimento do País como referência mundial em cacau e chocolate.

 

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