Prefeitura e Câmara reagem contra demarcação na região

A Prefeitura de Ilhéus, através da Procuradoria Jurídica, vai entrar com ação contra o processo de demarcação de terras proposto pela Funai, tendo em vista os prejuízos e os impactos sócio-econômicos que trará para toda a região. A informação foi do vice-prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre, durante a sessão especial realizada pela Câmara de Vereadores para discutir sobre os problemas que poderão ser causados pela demarcação pretendida pela Funai de 47.370 hectares de terras nos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, retirando as propriedade de pequenos agricultores e repassando para supostos descendentes de índios Tupinambá de Olivença. Na avaliação do vice-prefeito, a demarcação fere a soberania do município e além dos prejuízos sociais e econômicos, gerando desemprego e miséria, ainda tem causado sérios conflitos na região com as constantes invasões de terras.

A Câmara de Ilhéus também vai adotar todas as providências no sentido de evitar que essa demarcação se concretize. De acordo com o presidente da Câmara, Jailson Nascimento, uma das ações que serão adotadas será a de buscar o apoio junto aos deputados estaduais e federais para uma audiência com o governador Jaques Wagner e com o presidente Lula no sentido de mostrar todos os prejuízos e danos que essa demarcação vai trazer para toda a região. Na avaliação dos vereadores, a retirada desses agricultores para entregar aos supostos descendentes de índios causará o maior problema social e econômico já registrado no Sul da Bahia, com um impacto muito maior que a vassoura de bruxa.
Durante a sessão, que contou com a participação de lideranças políticas de toda a região, os produtores rurais fizeram relatos do desespero e da situação de medo e ameaças pela qual estão passando desde que a Funai publicou o relatório propondo a demarcação de terras. O pequeno agricultor Aldemir Souza, disse que trabalha nessas terras desde os 12 anos de idade para sustentar sua família e a pequena propriedade que conseguiu foi fruto de uma herança do seu pai. Se sair dessas terras ela não sabe o que fazer e muito menos para onde ir. A agricultora Jeane Teixeira disse que também vive no desespero e não sabe o que dizer quando os filhos perguntam para onde eles vão caso aconteça a demarcação.
O presidente da Associação de Pequenos Agricultores de Ilhéus, Una e Buerarema, Luiz Henrique Uaquim, informou que, conforme dados fornecidos pela própria Ceplac, nesses 47.370 hectares são produzidos cacau, mamão, cupuaçu, piaçava, coco, banana, borracha e vários outros produtos agrícolas, o que representa um movimento de R$ 35 milhões por ano, gerando milhares de empregos diretos e indiretos. Para ele, demarcar essas terras é colocar um fim em toda essa produção, empobrecendo toda a região.
O diretor do IBGE, Luiz Mafra de Santana, confirmou que a área onde está sendo proposta a demarcação é de grande densidade demográfica e basicamente de pequenas propriedades rurais. O representante do IBGE garantiu ainda que grande parte dessas propriedades é de agricultura familiar onde os pequenos agricultores retiram da terá o sustento para suas famílias.
O vereador Alcides Kruschewsky fez um relato histórico de toda a área em questão e apontou uma série de erros, equívocos e distorções no relatório elaborado pela Funai. Ele informou que todos esses erros e mentiras já foram contestados e espera que o presidente Lula não seja induzido ao erro, assinando um documento que comete um verdadeiro estupro contra a história do Brasil. Além da audiência com o governador Jaques Wagner e com o presidente Lula, os integrantes do movimento e lideranças políticas regionais irão elaborar um grande ato de protesto em Itabuna, em data ainda a ser agendada, tento em vista os prejuízos que a demarcação de terras vai trazer para toda a região Sul da Bahia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *