Graças ao dom do desenho, o carismático auditor aposentado Herval Pinto da Silva Moreira, que assina seus trabalhos com apenas o seu primeiro nome Herval não foi enviado para Segunda Guerra Mundial e, hoje, se encontra no nosso meio dando continuidade a seus belos quadros. Nesta segunda-feira (24/08), a partir das 17h30, seu Herval apresentará seu mais recente trabalho “Favelas e Cacaueiros”, na I Mostra de Talentos do Sindifisco Nacional, na Casa do Comércio, localizada na avenida Tancredo Neves, em Salvador.
Nascido em 1919 na Rua Direita da Piedade, número 10, seu Herval define sua pintura com o estilo expressionista. Ele revela que sua pintura tem traços e inspiração nas obras de Valeri Golgan e Van Gogh. É o que conta seu Herval já aos noventa anos de idade completos, num bate papo com a imprensa da DS Salvador no seu Ateliê, em sua própria casa, na rua Joana Angélica, nº 1222, em Salvador.
Ele explica o porquê da admiração por esses dois pintores. “No caso de Golgan, me fascino pelo contorno de suas figuras, o seu traço de forma belíssima. Já o Van Gogh, a carga de tinta para obter o volume é sua característica mais marcante. Sempre utilizei um pouco destes mestres em minha obra”.
No Brasil, ele tem predileção pelos pintores cariocas, Orozio Belém, Armando Viana e Manoel Madruga. Na Bahia, Presciliano Silva, Alberto Valença e Mendonça Filho, são os seus favoritos.
Sobre o novo trabalho “Favelas e Cacaueiros”, ele disse que as favelas pintadas em seus quadros remetem à lembrança dos anos 40 e 50, quando no começo desse tipo de moradia na cidade de Salvador, sem esgotos, água tratada e luz elétrica, ou seja, sem saneamento básico nenhum. Já os cacaueiros, o fazem lembrar da época em que a Bahia era um dos maiores produtores do cacau do Brasil, além do que o fruto e sua árvore como um todo têm beleza própria.
Seu Herval lembrou da época que estudava na Escola de Belas Artes e de seus professores. Com orgulho, ele cita sua participação no Salão da Associação de Letras e Artes (ALA) de Carlos Chiachio, em 1945, na Biblioteca Pública na Praça Municipal.
Quanto ao mercado das artes em geral nos tempos atuais, em sua avaliação é preciso maior investimento. “Falta apoio para as gerações futuras. É preciso abrir as portas para essa nova geração de artistas”.
O pintor ressaltou que parece ser agraciado no momento de criação de uma obra. “Quando estou pintando, me concentro. Parece que alguma coisa me transforma. Acho que desce espíritos sobre mim no momento que estou a pintar. Essa é minha vida”, diz seu Herval, bastante emocionado.
Descoberta do desenho
Em 1940, seu Herval prestou vestibular para Faculdade de Medicina, não foi aprovado mas conseguiu obter a maior nota na prova de Desenho. E neste mesmo ano, quando passava pela Escola de Belas Artes, à época localizada na 28 de Setembro, teve curiosidade de ver algumas esculturas que chamaram a sua atenção.
Seu Herval não desperdiçou aquele aviso e imediatamente pediu pra fazer o teste. Mesmo as inscrições já encerradas, o funcionário da Escola de Belas de prenome João reabriu-as para aquele jovem entusiasta. Não deu outra, seu Herval foi aprovado e depois não parou mais de desenhar.
Foi na Escola de Belas Artes que seu Herval conheceu seus mestres: Presciliano Silva, Alberto Valença, Newton Silva, Hélio Simões, Jaime Hora, Diógenes Rebouças, Mendonça Filho, Otavio Torres, Raimundo Aguiar, Miguel Calombreiro, T. Dias, Jair Brandão, Lá Rodee e Colete Pujol.
Também em 1940, seu Herval ingressou no Tiro de Guerra (Exército), e graças a sua habilidade com o desenho topográfico não foi convocado para guerra. O pintor e outros colegas que cursavam curso superior foram chamados pelo comandante Fonseca Hermes para trabalhar no Quartel General, em Salvador.
Seu Herval é casado há 48 anos com dona Maria Leonora Amaral Moreira, companheira que o acompanha desde o início de sua carreira na pintura. “Sinto-me muito feliz do lado dele. Aprecio muito suas pinturas. Na verdade, vi o nascimento da arte na vida de Herval”, conta dona Leonora.
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