Agricultores cobram da Funai e dos deputados arquivamento da demarcação

Por considerar que o relatório da Fundação Nacional do Índio que prevê a demarcação de 47.370 hectares de terras nos municípios de Ilhéus, Una, Buerarema e São José da Vitória está cercada de erros e foi feita de forma unilateral, sem ouvir os segmentos, órgãos e comunidades envolvidos nessa área, a Comissão de Pequenos Agricultores do Sul da Bahia solicitou à Funai o arquivamento da proposta sob pena do órgão está cometendo um dos maiores atentados contra a economia regional. A solicitação foi feita durante audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara Federal, em Brasília, na última quarta-feira(12).
O debate contou com a participação de várias autoridades entre elas o presidente da Funai, Márcio Augusto de Freitas Meira; o prefeito de Ilhéus, Newton Lima; o presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), João Martins da Silva Júnior, o presidente da Associação dos Municípios da Região Cacaueira (Amurc), Moacir Leite, o prefeito de Una, Dejair Brischner, e o vereador Alcides Kruschewsky representando a Câmara de Vereadores de Ilhéus,, que fez uma explanação histórica sobre a cidade e os prejuízos que a demarcação trará para a região. A audiência começou às 10 horas da manhã no plenário 6 da Câmara dos Deputados, em Brasília, e foi transmitida ao vivo pela TV Câmara.

Durante a reunião o presidente da Comissão de Pequenos Agricultores do Sul da Bahia, Luiz Henrique Uaquim, falou sobre a forma unilateral em que se deu o processo de demarcação, além dos fraudes no cadastramento dos supostos descendentes da tribo Tupinambá de Olivença onde o levantamento dos indígenas foi feito, segundo ele, nas ruas e nas eqüinas, sem observar qualquer critério histórico ou cultural, oferecendo apenas vantagens pecuniárias para aqueles que afirmassem que eram descendentes dessa tribo. Luiz Henrique solicitou mais responsabilidade da Funai na condução desse processo de demarcação, já que vai atingir diretamente cerca de 20 mil agricultores, causando uma crise social e econômica jamais vista no Sul da Bahia.
O prefeito de Ilhéus, Newton Lima, reafirmou que o município não vai aceitar a demarcação nos moldes propostos pela Funai e para isso já está tomando todas as providências legais para solicitar o arquivamento do processo. O presidente da Amurc, Moacir Leite, reafirmou os prejuízos que a demarcação traz para a região e garantiu que os municípios estão unidos para evitar que a proposta da Funai seja concretizada. Pelas ruas das cidades da região também é claro o sentimento de pessoas contrárias à proposta de demarcação de terras.
No dia 20 de agosto o assunto será discutido pela Assembléia Legislativa da Bahia, em Salvador, durante uma sessão especial. Para a sessão foi convidado o presidente da Associação de Pequenos Agricultores de Ilhéus, Una e Buerarema, Luis Henrique Uaquim, que fará um diagnóstico sobre o relatório da Funai, as contradições do documento, os interesses políticos da Fundação Nacional do Índio e os prejuízos que essa demarcação vai trazer para toda a Bahia. Além de mostrar aos deputados estaduais os prejuízos com essa demarcação, os agricultores das regiões de Ilhéus, Una, Buerarema e São José da Vitória atingidos pelo relatório do Funai se uniram aos produtores rurais e empresários das regiões de Porto Seguro, Itamaraju e Teixeira de Freitas, também vítimas da proposta de demarcação, para lutar contra o relatório que, segundo eles, traz conflitos e prejuízos irreparáveis para a economia desses municípios.

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