O vice-prefeito de Itapetinga (a 576 km de Salvador) ofereceu o próprio salário até o final do mandato para tentar contratar um médico para o serviço público de saúde do município. O prazo dado pelo político, de 15 dias, se encerrou nesta quarta-feira, sem sucesso.
Radialista há 28 anos, Edilson Lima (PR), 47, ofereceu, durante um programa no rádio o salário de R$ 6.500 para um médico que queira trabalhar seis horas diárias num pronto-socorro municipal ou no PSF (Programa de Saúde da Família).
Segundo ele, a prefeitura realizou um concurso no ano passado, chamou os 14 aprovados, mas apenas três apareceram para trabalhar.
“Até agora eu não consegui ninguém para a vaga. Eles [os médicos] não querem cumprir a carga horário de 40 horas porque, segundo eles, o salário não compensa. Isso porque é um salário de R$ 6.200”, afirmou Lima. O salário estava informado no edital do concurso.
“É um ciclo vicioso de querer ganhar mais, é a cultura do país. E a gente fica à procura de médico”, disse. O pronto-socorro da Casa de Misericórdia do município, para o qual a vaga é oferecida, corre o risco de fechar por falta de médicos.
O vice-prefeito prometeu registrar o compromisso de pagar o médico com o próprio salário no Ministério Público e em associações de bairros. Lima disse também que já doa 40% do próprio salário para comunidades carentes do município.
“Ofereço meu salário não porque não preciso dele, mas como eu sou radialista, tenho dinheiro para viver”, concluiu.
De acordo com o Cremeb (Conselho Regional de Medicina no Estado da Bahia), os médicos inscritos no Estado é de 15.159, sendo 4.811 no interior.
Folha de São Paulo