Agonia dos Rios Almada e Cachoeira

Quando se coloca na pauta das discussões as questões ambientais e sociais com o mesmo peso das questões econômicas, muita gente acha ruim e desnecessário, como se as questões ambientais não tivessem reflexo posteriores na vida socioeconômica das populações.
O Rio Almada que ao longo do seu percurso recebe esgotos de vários municípios (Almadina, Coaraci, Itajuipe, Uruçuca e vários distritos de Ilhéus) e sofre intensa devastação da sua mata ciliar (principalmente na sua cabeceira) agoniza pela falta de chuva.

Rio Almada tomado de baronesas na ponte próxima ao
Rio do Braço na Ilhéus-Uruçuca.


As cidades ribeirinhas que tanto dependem dos rios para consumo de água, pesca, agricultura etc. retiram água do rio principal quando o poluem bastante partem para os afluentes, que, geralmente, estão em melhor estado de preservação. Porém, aquele pensamento de que “se devastar o rio aqui quem vai sofrer é quem mora abaixo”, já se saturou e agora todos começam a sofrer as conseqüências.

Itabuna que tanto maltratou o Rio Cachoeira esta há meses racionando água. O município pretende construir mais uma represa para captação de água no Rio Colônia, afluente daquele. Não se fala em revitalização do Rio Cachoeira, que se transformou em verdadeiro “pinicão” com direito a muita dengue, muriçoca e mal cheiro.

Os climatólogos avisam que as probabilidades de veranicos (meses fora do verão sem chuva) são cada vez maiores por conta dos desmatamentos e da poluição ambiental. O que significa que quem não proteger seus rios com matas ciliares ficará mais rapidamente sem água.

Isso sem mencionar que há agropecuaristas desmatando rios para plantar capim em pleno século XXI, o que denota uma mentalidade atrasada. Como conseqüência será colhido o deserto que ora se planta.

Acorda meu povo (lembrando Paulo Paiva) ainda temos algumas matas e cabrucas que muito ajudam a criar esse ambiente mais equilibrado em que vivemos, porque no sertão e, de Ibicaraí para oeste, “a vaca não foi mais pro brejo, foi pro buraco seco e com sete palmos”.

Luciano Sanjuan- Geógrafo e agroecologista.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *