A população de Ilhéus está revoltada com a falta de condições do Departamento de Polícia Técnica naquele município. O setor de necropsia está desativado e ninguém sabe se voltará a funcionar. Os corpos precisam ser transferidos para a unidade de Itabuna para emissão de laudo da morte e levam até dez horas para ser liberados para sepultamento. A longa espera é ainda maior nos finais de semana. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Itabuna já atende quase 30 municípios. A denúncia foi feita pelo presidente da Associação das Empresas Funerárias, Waldemir Correa e publicada no site do jornal “A Região”.
“Na semana passada, oito corpos de Ilhéus esperavam liberação em Itabuna”, onde há meses o tanque está furado e o abastecimento da água é precário, com carro-pipa”. Segundo ele, a situação é insustentável. As famílias são obrigadas a esperar o reconhecimento. “Não tem espaço para guardar os mortos, por isso, quando não ficam no carro são empilhados numa concha”.
A degradação chega inclusive ao rabecão. De acordo com Waldemir, o veículo quase sempre está quebrado. “Sem falar que é apenas um carro, antigo, para atender bairros e distritos de Ilhéus”. Waldemir diz que a situação a que as famílias são submetidas é desumana.
O setor de necropsia funcionava no Hospital Geral Luiz Viana Filho, mas foi desativado porque estava próximo ao setor de pediatria e a geladeira do DPT quase sempre apresentava problemas. O diretor do hospital pediu que tirasse o DPT daquele local e não da cidade, diz ele. Em entrevista a Tribuna da Bahia, o presidente da Associação das Funerárias chega a sugerir que o trabalho de necropsia seja feito na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), que fica entre as duas cidades e têm condições adequadas para o serviço.
O sofrimento é ainda maior porque os corpos só podem ser sepultados com certidão de óbito e laudo da Polícia Técnica. Não existe previsão de funcionamento do setor de necropsia.
Assessoria diz que atraso foi culpa de delegacia
Em resposta à matéria intitulada “Insensibilidade do IML amplia sofrimento da família de Stephany”, publicada na editoria de Segurança deste jornal pág. 13, nos dias 4 e 5 de outubro, o Departamento de Polícia Técnica, através de e-mail enviado ao jornal pela sua assessoria de imprensa, “faz questão de esclarecer que o corpo da garota Stephany Silva de Jesus foi removido do HGE às 11h26min do dia 3 de outubro, e só não foi liberado na mesma data, em decorrência de erro na grafia do nome na guia policial que teve de ser corrigido na própria delegacia”
“O Departamento de Polícia Técnica tem compromisso com a verdade e respeito pela dor das famílias que são atendidas nesta Instituição e se coloca à disposição de quem quer que seja para os indispensáveis esclarecimentos”.
NR. A nota enviada pela assessoria de imprensa do DPT classifica a matéria publicada pela Tribuna de “equivocada”. Na verdade, equivocada é a própria nota, que deixa de esclarecer detalhes importantes. A guia foi emitida por uma delegacia de polícia e assinada por um delegado. O corpo chegou ao IML acompanhado da tal guia com nome errado, mas o instituto não tomou providências para corrigir o erro. Deixou que isso fosse feito pela família da menina, vítima de uma bala perdida. Além da perda da garota, a família sofreu a angústia de horas de espera pela liberação do corpo, tendo que correr para resolver uma questão burocrática que deveria ser solucionada pelo serviço social do IML. Isso não é insensibilidade?. (Por Josalto Alves)
TRIBUNA DA BAHIA