Datas e informações que o Ilheense deve saber II

Hoje vamos dar continuidade às informações da semana passada. Passaremos mais algumas datas e fatos que entendemos, devem interessar àqueles que amam Ilhéus. E amam com o verdadeiro amor, desprendido, sem egoísmo e, principalmente, sem imaginar que o patrimônio histórico e cultural, construído por nossos antepassados, seja destruído, demolido, jogado ao chão. Algumas informações são apenas curiosidades, mas valem a pena ser repassadas. Na matéria da semana passada fomos até a expulsão dos jesuítas, em 1760. Vamos partir daí.

No ano de 1777 foi criado de Salvador para Ilhéus o serviço de correio terrestre, com paradas em diversas cidades da atual Costa do Dendê. Os estafetas seguiam por uma trilha que era também comercial. Este serviço, no entanto durou pouco, porque os índios mataram os estafetas.

No ano de 1789, os escravos do Engenho de Santana fizeram uma rebelião, fugiram e escreveram uma carta exigindo negociação para o retorno ao trabalho. Eles reivindicavam os dias de sexta e sábado para o trabalho próprio, poder plantar em terras apropriadas e uma barca grande para que pudessem transportar seus produtos até a Bahia (Salvador), sem pagar frete. Este documento tem uma importância muito grande, pois representa a primeira representação trabalhista efetuada pelos negros.

Por volta de 1808, instalou-se em Ferradas frei Ludovico de Liorne, começando a catequizar os pataxós e os mongoiós, também conhecidos como camacãs. Durante mais de trinta anos o frei viveu no meio dos índios, trabalhando com os mesmos, lutando para civilizá-los. Para isso edificou algumas aldeias, além de Ferradas, levantou igrejas, ensinou trabalhos diversos, principalmente como lavrar a terra. Frei Ludovico havia sido capelão do exército de Napoleão Bonaparte, na Itália, atuando no mesmo regimento que atuou o General Labatut. Frei Ludovico faleceu octogenário, em 1849, em Salvador.

No ano de 1810 o brigadeiro Felisberto Caldeira Brant, proprietário do Engenho Santa Maria, perto de Ilhéus, mandou abrir, com dinheiro próprio, uma estrada da Vila de São Jorge para o arraial de Conquista, com uma extensão de 42 léguas.

No ano de 1815 esteve em visita à Vila de São Jorge, o príncipe naturalista Maximiliano de Wied-Neuwied, que se embrenhou pela mata, indo até a fazenda Cachoeira, onde vivia o bandeirante João Gonçalves da Costa. Posteriormente partiu para Conquista, estudando os costumes dos índios camacãs e de outros da região, como também fósseis e artefatos indígenas.

Em 1816, foi constituída a Província da Bahia, dividida nas comarcas da Bahia, Jacobina, Porto Seguro e Ilhéus. A comarca de Ilhéus polarizava Cairu, Boipeba, Camamu, Maraú, Itacaré, Ilhéus e Poxim, com cerca de 75.000 habitantes. Era a região mais povoada da Bahia.

Também no ano de 1816 passou por Ilhéus a célebre embaixada artística, vinda de Paris no tempo de D. João VI. Fazia parte desta embaixada Taunay, Le Breton, Debret, Pradier e outros artistas importantes.

No ano de 1821 chegaram à região cerca de 160 alemães, proletários, vieram se estabelecer com as famílias e possuíam o ofício de ferreiros, padeiros, relojoeiros, alfaiates, maquinistas. A colônia que estabeleceram recebeu o nome “Colônia de São Jorge da Cachoeira de Itabuna”. Em 1823 o imperador, D. Pedro I, teve que socorrê-los para que não morressem de fome. Foram os descendentes destes alemães que começaram de forma sistemática a plantação do cacau durante o século XIX.

Em virtude do decreto imperial de 18 de setembro de 1850, regulamentado em 1854, foi feito o registro eclesiástico das terras particulares da comarca, sendo verificada no município de Ilhéus a existência de 135 estabelecimentos rurais, incluídos os dois engenhos que ainda restavam, o de Almada e o de Santana.

Em 1860 fundeava na bacia do porto de Ilhéus uma brigue-escuna da armada imperial, trazendo em sua comitiva, sua alteza imperial e real o arquiduque Maximiliano da Áustria, que foi até a fazenda Vitória, no rio Cachoeira, do austríaco Fernando de Steigger, encontrar-se com seu compatriota. Desta visita ficaram marcadas duas localidades: a ladeira do Príncipe e a serra da Onça, onde nas suas caçadas, Maximiliano abateu uma onça. Na continuação da sua viagem para o México, o príncipe austríaco foi coroado como Maximiliano I do México, e posteriormente foi assassinado pelos súditos revoltados.

Pois bem, estas são as informações de hoje. Ainda temos coisas importantes para contar para vocês. Aguardem a próxima semana.

Maria Luiza Heine
mlheine@oi.com.br

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