DATAS E INFORMAÇÕES QUE O ILHEENSE DEVE SABER

De tempos em tempos acontecem minhas angústias sobre o que devo escrever. Atualmente meu trabalho ficou limitado, pois sou responsável pela História de Ilhéus. Isto ocorre desde janeiro, quando Makalé me designou para escrever a primeira página do segundo caderno de sábado. Pois bem, como são diversas as pessoas que dizem gostar das informações que lhes passo, resolvi aproveitar um levantamento que fiz das datas importantes da capitania, ao proferir uma palestra por ocasião do aniversário da cidade e, que devem ser do conhecimento de todos, na minha modesta opinião.

A Capitania dos Ilhéus foi doada em 1534 a Jorge de Figueiredo Corrêa, fidalgo da corte portuguesa, que não se dispôs a largar a vida estável em Portugal, e mandou em seu lugar o castelhano, loco-tenente, Francisco Romero, fundador da Vila de São Jorge dos Ilhéus, vila-capital da Capitania dos Ilhéus. A capitania possuía 50 léguas de costa: começava no rio Jequiriçá e terminava no rio Jequitinhonha.

O nome da vila se deve à homenagem prestada ao donatário, Jorge, ao fato de se nomear as vilas e cidades com nomes de santos, São Jorge, e às várias ilhas que existem ao largo da cidade, como a Pedra de Ilhéus, do Rapa, e várias outras.

Em 1548 foi fundado o engenho de Santana, por Mem de Sá, e sobreviveu por quase 300 anos. Um feito empresarial raro. De acordo com Luis Walter Coelho Filho, no dia 13 de fevereiro daquele ano, Antonio Machado, preposto do futuro Governador do Brasil, acompanhado de alguns oficiais, partiu do rio dos Ilhéus, subiu o rio Santana, que corre paralelo à banda sul da costa, até chegar ao limite do lagamar. Lajedos impedem a navegação e marcam certa diferença de nível no terreno. Pequenas corredeiras denunciam o local como adequado à construção de rodas d’água, energia básica para as moendas de cana. Sabe-se que “foi um engenho de grande porte, movido a energia hidráulica e utilizando extensa mão-de-obra escrava. Sua capacidade de produção chegava a dez mil arrobas de açúcar anuais”, segundo a professora Teresinha Marcis.

No ano de 1559 aconteceu a Batalha dos Nadadores, o primeiro genocídio indígena praticado pelos portugueses. A população indígena atual não esquece este fato e faz questão de relembrá-lo anualmente, com uma caminhada, que parte de Olivença para o Cururupe, local onde o mesmo ocorreu.

Em 1563 foi fundada a Santa Casa da Misericórdia de Ilhéus, como providência tomada em decorrência de um surto de varíola que dizimou milhares de índios na capitania. Foi a terceira Santa Casa construída no Brasil e foi fundada por iniciativa dos jesuítas com o objetivo de amparar os desvalidos, curar os enfermos, educar os órfãos. Seu fundador foi o padre Manoel da Nóbrega.

Em 1566 o então governador do Brasil, Mem de Sá, esteve em Ilhéus pela quarta vez, quando se dirigia para o Rio de Janeiro, com a finalidade de expulsar os franceses que pretendiam transformar aquela localidade na França Antártica.

Em 1595, os franceses estiveram em Ilhéus, mas foram rechaçados pelos colonos. Data dessa época a devoção por Nossa Senhora das Vitórias, a quem os colonos atribuíam as vitórias alcançadas.

Os holandeses estiveram em Ilhéus duas vezes: em 1604 e em 1637. Eles vieram em busca de madeira contrabandeada. Na Europa o pau Brasil fazia o maior sucesso e todos queriam fazer a sua comercialização. Em 1637 os holandeses invadiram a vila, e enquanto a população de Recife passava fome, os invasores se apropriavam da produção de alimentos da vila de São Jorge, abastecendo sua esquadra. Depois da invasão, aparentemente vitoriosa, os habitantes da vila se armaram e conseguiram impor o que viria a ser a primeira derrota dos holandeses no Brasil (Arléo Barbosa).

Em 1624 a Capitania de Ilhéus fabricava farinha de mandioca que exportava para a África. Este era um produto que tinha muita aceitação e é originário da cultura indígena. Os locais onde havia maior produção eram em Barra do Rio de Contas, Camamu, Boipeba e Cairu.

Até o ano de 1754, quando retornou para o governo português, a capitania possuiu diversos proprietários. D. Antônio de Castro recebeu pela Capitania de Ilhéus o título de Conde de Resende e uma pensão anual de 5.000 cruzados. Em 9 de junho de 1574 Ilhéus passou a ser uma capitania oficial, isto é, passou a pertencer à Coroa Portuguesa (Arléo Barbosa).

O Marquês de Pombal decidiu expulsar os jesuítas das terras brasileiras no ano de 1760. Na Capitania dos Ilhéus, eles haviam se instalado havia duzentos anos. Na casa de Nossa Senhora do Socorro, da vila de São Jorge, havia seis padres. O governo português no Brasil enviou o desembargador da Relação Fernando da Cunha Pereira e seus homens para prendê-los e seqüestrar-lhes a residência e igreja anexa, bem como o engenho de Santana e demais propriedades. Partiram da capital em uma nau de guerra, com “inútil, ridículo e covarde aparato de força”. Depois da expulsão dos jesuítas, o Engenho de Santana foi à ruína.

São apenas alguns fatos, que fazem parte de nossa história. Uma história que precisa ser conhecida e respeitada por toda a população.

Maria Luiza Heine
mlheine@oi.com.br

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