Os novos desmatamentos na Amazônia somaram 1.096 km2 em maio, área semelhante à desmatada em abril (1.123 km2), de acordo com os dados do sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
A comparação entre um mês e outro indica uma diminuição de 2,4%, mas o Inpe ressalva que, dadas as variações nas condições de observação por causa da cobertura de nuvens, só é possível falar em queda ou aumento do desmatamento quando forem divulgados os dados consolidados do Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia), no final do ano.
Divulgado nesta terça-feira com três semanas de atraso, o relatório do Inpe foi apresentado em novo formato, indicando pela primeira vez a distinção entre os diferentes tipos de desmatamento, conforme havia sido anunciado na segunda-feira pelo diretor do instituto, Gilberto Câmara.
Ambientalistas ouvidos pela BBC Brasil disseram que a decisão de adiar a divulgação dos dados sobre o desmatamento na Amazônia levantou suspeitas sobre a independência do Inpe.
Para ONGs, atraso do Inpe põe transparência em xeque
Entre os alertas de desmatamento confirmados, 59,5% foram considerados desmatamento classificado como “corte raso” (remoção total da floresta), 28,8% de “degradação florestal” (desmatamento progressivo, a maior parte em estágio avançado) e 11,7% não se enquadraram nestas classes.
Dos 1.096 km2 desmatados em maio, 646 km2 correspondem ao Mato Grosso (índice 19% menor do que o registrado em abril) e 262 km2 no Pará (contra 1,3 km2 no mês anterior).
Segundo o Inpe, a diferença observada no Pará se explica pela alta cobertura de nuvens em abril, quando apenas 11% da área do Estado pôde ser observado – em maio, a observação aumentou para 41%.
Mais informação
A não diferenciação entre corte raso e desmatamento progressivo era um dos principais motivos de crítica do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, aos dados do Inpe.
Segundo Câmara, não houve mudança na metodologia, apenas foram acrescentados dados que tornarão as informações mais detalhadas.
“O Deter não muda, a metodologia não muda, o que vamos fazer é fornecer informação adicional, que é a qualificação desses dados”, afirmou o diretor do Inpe, segundo a Agência Brasil.
Em meio às críticas ao adiamento dos dados, o Inpe anunciou que os dados do sistema Deter referentes ao mês de junho serão divulgados no dia 29 de julho, “acompanhados do respectivo relatório de avaliação”.
O instituto diz ainda que “considera que a qualificação dos dados do Deter será muito importante para aumentar a confiança do governo e da sociedade nas indicações do sistema”.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou, há cerca de duas semanas, que a apresentação dos dados estava pendente a pedido da Casa Civil, que exigiu que as informações fossem apresentadas antes ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nuvens
O relatório destaca ainda que 46% da Amazônia Legal esteve coberta por nuvens, situação que costuma prejudicar o monitoramento da floresta.
“De maio a outubro, quando a cobertura de nuvens na Amazônia é menor e possibilita uma melhor observação da região, o Inpe produzirá, sempre que possível, relatórios públicos mensais de avaliação e qualificação dos dados do sistema Deter.”
Foram avaliados 241 polígonos de desmatamento, representando 544 km2 ou aproximadamente 50% da área total dos polígonos do mês de maio (1.096 km2).
BBC