Os primeiros resultados mostram que a Europa deve alcançar as metas de redução na emissão de gases que provocam as mudanças climáticas e o aquecimento global. A European Environment Agency, a agência européia de meio ambiente, publicou estudo revelando que a União Européia já conseguiu reduzir as suas emissões em 2006 em 7,7% comparadas com às de 1990. “É um grande passo para conseguir a meta dos 8% até 2012”, afirmam Maurik Jehee, especialista em vendas de crédito de carbono do ABN-Amro Real. “A Europa continua mostrando o caminho ao resto do mundo para o combate às mudanças climáticas.” A Alemanha conseguiu reduzir o uso de petróleo, gás e carvão em 5,6% em 2007, comparado com 2006, enquanto o consumo de energia mundial cresceu 2,4% no mesmo período.
Jehee reconhece que será muito mais difícil realizar os próximos passos. “Em grande parte o resultado até agora foi alcançado com eficiência energética ou substituição de uma parte dos combustíveis fósseis por energia renovável”, observa. “Para alcançar reduções maiores será preciso a introdução de energias alternativas em grande escala e a aprovação de leis ambientais que atingem o comportamento, e o bolso, de todos os consumidores e eleitores.”
Se a Europa dá o caminho, o restante do mundo ainda se recusa a seguir, especialmente os Estados Unidos e os países em desenvolvimento mais poluidores, China, Índia e Brasil. “Por enquanto, parece impossível unir os EUA de um lado e países emergentes como China e Índia do outro para acordarem compromissos firmes para 2020. O caminho pode ser, num primeiro momento, combinar metas conjuntas para o longo prazo: a tendência de consenso seria uma meta de 50% até 2050”, diz Jehee.
O especialista defende uma mudança de comportamento do Brasil nessa discussão. “Após anos de liderança nesta área, o Brasil está notavelmente tranqüilo. Causa até estranheza, sabendo que o Brasil é um dos países mais privilegiados quando o assunto é geração de energia renovável. Que outro país tem tantas oportunidades de desenvolver projetos de energia eólica, solar, biocombustível?”, questiona.
Para Jehee, o Brasil deveria assumir uma meta voluntária e cobrar a mesma atitude dos outros grandes emissores. “Quem teria mais dificuldades em alcançar as metas? E quem poderia oferecer ao mundo os novos produtos escassos: energia renovável e crédito de carbono?”, diz. “Está cada vez mais claro que as oportunidades estão aqui”, conclui o especialista do Banco Real.
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