O Banco Mundial publicou o relatório anual Estado e Tendências do Mercado de Carbono, que confirma o grande crescimento do mercado em 2007 em comparação a 2006, dobrando em volume financeiro. Segundo a estimativa do Bird, o mercado de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) movimentou US$ 12,8 bilhões no ano passado.
Para o especialista Maurik Jehee, responsável pelas vendas de crédito de carbono do ABN Amro Real, outro ponto positivo é que 68 países já estão fazendo projetos de MDL, o que representa investimentos em países emergentes, mesmo ainda havendo uma concentração nos três principais, China, Índia e Brasil.
A expectativa é de que o mercado mantenha o crescimento este ano “Mas o que preocupa é que os investimentos estão diminuindo e suas causas já são conhecidas. Com o crescimento do número de projetos em andamento, o tempo até registro dos projetos aumenta cada vez mais”, diz Jehee. Há muito trabalho e escassez de pessoal para fazer a validação e verificação, o que muitas vezes atrasa os projetos em meses. “Como resultado desse aumento do prazo há um maior risco de uma mudança na metodologia no meio do caminho, o que leva a mais atrasos.”
Os chamados MDL programáticos são considerados um potencial para desenvolver grande número de pequenos projetos com as mesmas características, até no nível de domiciliar. Apesar de anunciado há mais de um ano, não há ainda nenhum projeto aprovado. O monitoramento, entre outros obstáculos, ainda é bastante complexo e por enquanto a promessa de aceleração dos projetos não se concretizou, informa Jehee.
Outro fator preocupante é a falta de definição sobre as regras do próximo período de compromisso das negociações para reduzir os efeitos do aquecimento global, pós-2012. “Existe esperança, porém, especificamente na área do MDL. O mais importante projeto de lei para um sistema de cap-and-trade nos Estados Unidos sofreu algumas alterações recentemente. Pela primeira vez o projeto prevê a possibilidade para as empresas norte-americanas de comprar RCEs de projetos de MDL para cumprimento parcial das suas metas. O candidato à presidência dos EUA e senador John McCain já expressou seu apoio ao projeto.
“Se for aprovado, seria um sinal positivo por duas razões: aumentam as chances de os EUA assinarem um acordo global após 2012, o que levaria a Europa a assumir uma meta de redução de 30% e a aumentar o seu limite de importação de RCEs e, com a possibilidade de venda de créditos de carbono nos EUA, cria-se de fato um mercado global para os projetos de MDL”, afirma. Jehee reconhece, porém, que isso ainda é um fator distante “e os mercados ainda não refletem esta oportunidade nos preços após 2012”.
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