ONU faz alerta para produção de biocombustíveis

A Bahia já produz por ano R$ 60 milhões de litros de biocombustível, extraído de matérias-primas como mamona, algodão e até dendê. O Governo Federal continua com a política de defesa do combustível de origem biológica.
A polêmica começou quando a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que a produção de biocombustíveis contribui para o aumento do preço dos alimentos e para a fome no mundo. Especialistas baianos entraram na discussão. As opiniões se dividem.

No Norte da Bahia, em Irecê, região conhecida como terra do Feijão, o plantio de mamona já ocupa 141 mil hectares de terra e o terreno já está sendo preparado para triplicar a produção nos próximos quatro anos.

Já no Oeste do estado, o plantio de soja ocupa 920 mil hectares. Divide espaço com o algodão. A mamona, a soja e o algodão já representam 10% de toda a produção agrícola do estado. Matéria-prima que na indústria se transforma em biocombustível, usado como substituto de combustíveis derivados do petróleo.

A Bahia já produz por ano R$ 60 milhões de litros de biocombustível. A maioria para o consumo interno. O crescimento da produção beneficia o consumidor, que pode comprar o biocombustível mais barato.

Mas para alguns especialistas, o avanço do biocombustível está prejudicando a produção de alimentos. Por causa da valorização do biodiesel, muitos produtores estão deixando de cultivar outros grãos, como trigo e o feijão, o que pode provocar mais fome entre as pessoas mais pobres.

No último ano, a alta de preços atingiu principalmente produtos como feijão, que subiu 155% e chegou perto de R$ 8 o quilo no início do ano. Agora, quando o preço começou a cair, o quilo do arroz está mais caro. Conseqüência da especulação internacional. Vários países produtores restringiram a exportação do produto.

O especialista ambiental Henrique Tomé explica a relação entre o aumento na produção de biocombustível e a queda na oferta de alimentos. “Parte das matérias-primas que são destinadas à produção de alimentos está indo para os biocombustíveis. Isso pode gerar um efeito de redução da oferta de alimentos e elevar os preços dos produtos”.

Para o superintendente de Produtos Agrícolas da Secretaria de Agricultura da Bahia, Eujácio Santos, não há motivo para preocupação. A safra geral de grãos no estado deve crescer mais de 5% em relação ao ano passado e ainda há espaço na zona rural a ser ocupado pelos produtores de alimentos, principalmente na região do semi-árido baiano.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *