HOMENAGEM AO NEGRO NESTE 13 DE MAIO

Segundo Coelho Filho, em 1559, foi assinado um alvará autorizando o resgate de escravos no rio do Congo, África, que se destinavam aos engenhos de açúcar do Brasil. Esse ato é reputado como o marco inicial do comércio de escravos negros para a costa brasileira. Eles vieram reforçar a mão de obra que trabalharia na lavoura da cana-de-açúcar, fator que ajudou a fixar o colono nas terras do Novo Mundo.
A cana de açúcar apresentava inúmeras vantagens comerciais, já que o consumo do açúcar era crescente no continente europeu. É um produto que exige grandes quantidades de terra para o plantio, como também é o único produto que poderia se tornar economicamente viável, considerando-se o valor das despesas do transporte marítimo. Por outro lado, como as tentativas de escravizar o nativo não haviam tido sucesso, a solução seria trazer negros da África que pudessem suprir a necessidade de mão-de-obra para realizar o trabalho exigido pela cana-de-açúcar.

Segundo a doutora Vera Lucia Amaral Ferlini: “As lides do açúcar demandavam considerável mão-de-obra, num tipo de atividade agrícola e manufatureira intensa. A grande plantação requeria a constituição de nova forma de organização do trabalho, sem parâmetros na Europa. A única maneira de garantir trabalhadores na intensidade e na quantidade exigida pelo fabrico do açúcar era a compulsão, fosse pela servidão, fosse pela escravidão”.

A partir de 1570 foi intensificada a importação de escravos africanos, pois o tráfico negreiro gerava grandes lucros para Portugal. Os escravos vindos da África apresentavam muitas vantagens para os colonizadores, pois eram resistentes a algumas enfermidades trazidas pelos europeus (pois nas suas regiões eram endêmicas), e possuíam maior habilidade para as tarefas rotineiras (provinham de culturas com maior avanço em agricultura e metalurgia).

O trabalho nas plantações e nos engenhos era duríssimo e, em grande parte, realizado por homens. Limpar a terra, preparar, plantar, cuidar das plantações, colher e transformar o produto em açúcar exigiam grande esforço e os brancos entendiam que só os negros teriam condições de fazê-lo.

O historiador americano Stuart Schwartz, que estudou o engenho de Santana, considera-o atípico, ou seja, diferente dos demais, talvez por se localizar longe do Recôncavo, onde estavam localizados todos os outros. Ele considera que esta situação permitiu aos escravos maiores possibilidades de resistência e a conquista de algumas condições favoráveis.

No ano de 1789, os escravos do Engenho de Santana fizeram uma rebelião, fugiram e escreveram uma carta exigindo negociação para o retorno ao trabalho. Eles reivindicavam os dias de sexta e sábado para o trabalho próprio, poder plantar em terras apropriadas e uma barca grande para que pudessem transportar seus produtos até a Bahia (Salvador), sem pagar frete. Este documento tem uma importância muito grande, pois significa a primeira representação trabalhista efetuada pelos negros. Os rebelados tinham como líder o escravo Gregório Luis, que matou o feitor. Eles ocuparam o engenho e paralisaram as atividades do mesmo, durante dois anos. Para que os escravos retornassem ao trabalho, foi solicitada ajuda do governo, que enviou uma expedição militar para debelar a revolta. Quando foram atacados, escreveram um tratado de paz objetivando negociar as condições para voltar ao trabalho. Após a negociação todos os líderes foram mortos.

Sobre a Abolição da Escravatura, em 1888, Silva Campos afirma que: em Ilhéus, “a passagem da Lei Áurea ficou assinalada nas vereações de Ilhéus pelos telegramas congratulatórios expedidos à Princesa Regente, ao Presidente da Província, e ao chefe de polícia pelos edis”. E afirma, ainda que a campanha abolicionista não teve a mínima repercussão. Isto não significa que não houvesse escravos na região. As fazendas de cacau, que foram sesmarias, trabalharam com mão de obra escrava e hoje seus descendentes fazem parte da sociedade ilheense.

A rica cultura desta região é formada pelos hábitos e costumes vindos dos brancos europeus, dos oriundos do Oriente Médio, dos negros africanos e, evidentemente, dos índios, filhos da terra.

Os negros da Capitania dos Ilhéus, como outros africanos que vieram para o Brasil, ajudaram a formar o povo brasileiro e a forjar uma raça alegre, criativa, mas, sobretudo, lutadora e obstinada em conquistar seus direitos.

Existem muitos grupos de afro-descendentes que, com seu trabalho, orgulham a nação grapiúna com suas ações.

Por: Maria Luiza Heine

mlheine@oi.com.br

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