Até 2017, o Brasil irá se tornar líder entre os Brics (grupo de países emergentes que reúne, além do Brasil, a Rússia, a Índia e a China) em número de milionários: o país deverá ter 675 mil domicílios com uma riqueza superior US$ 1 milhão, número bastante superior aos dos demais países do grupo. As projeções constam da pesquisa “Barclays Wealth Insights – Evolving Fortunes”, elaborada pelo Barclays Wealth (unidade do banco britânico Barclays) e pela EIU (Economist Intelligence Unit).
Mesmo assim, o avanço não levará a um aumento significativo na proporção de milionários sobre a população total do Brasil: em 2007, a relação de domicílios com mais de um milhão era, segundo a metodologia da pesquisa, “desconsiderável”; em 2017, os milionários passarão a representar apenas 1,1% da população.
Com somente 1% de domicílios com fortuna acima de US$ 1 milhão, o Brasil ficará em 34º lugar na relação milionários/população até 2017, entre os 50 países pesquisados pelo Barclays e pela EIU.
Na lista dos países com número absoluto de domicílios cuja riqueza ultrapassa US$ 1 milhão, o Brasil ficará em 16º lugar no ranking mundial (até 2007, não era sequer contabilizado) e será líder entre os Brics, sendo seguido pela Rússia (19ª posição, com 508 mil domicílios, ou 1% da população), Índia (22º, com 411 mil, percentual desconsiderável); e China (23º lugar, com 409 mil, também desconsiderável).
O líder geral continua sendo os EUA, que em 2007 tinha 16,658 milhões de milionários (14,7% da população) e, em 2017, deve ter 29,744 milhões (24,2%).
Em outra base de comparação, de domicílios com mais de US$ 100 mil, a quantidade vai mais que dobrar, passando de 6,3 milhões em 2007 para 15 milhões em 2017. Já o número de domicílios com riqueza maior que US$ 500 mil vai crescer quase seis vezes, passando de 450 mil para 2,6 milhões. No geral, em dez anos a renda média por domicílio no país deve passar de US$ 44 mil para US$ 102 mil, segundo a pesquisa.
Já quando se considera o crescimento geral da riqueza, distribuído pela população do país, a previsão é que o Brasil fique em 12º lugar em 2017 –neste caso, atrás dos demais Brics. O grupo será liderado pela China, em 3º na lista geral, seguida pela Índia, em 8º, e pela Rússia, em 13º. No total, a primeira posição é dos Estados Unidos, ficando atrás Japão, Reino Unido, Alemanha e França.
A riqueza no Brasil, historicamente, está concentrada nas mãos de um grupo de famílias industriais ricas, diz o documento, mas “o empreendedorismo está se tornando mais importante, apesar da burocracia”. “Os brasileiros são naturalmente muito empreendedores e pode-se sentir um clima cada vez mais ativo na comunidade de negócios”, disse o presidente da consultoria Werner e Associados, René Werner.
A perspectiva para a economia brasileira continua positiva, apesar das preocupações dobre o ritmo lento das reformas econômicas, dos problemas de infra-estrutura e da desigualdade, diz a pesquisa. “No longo prazo, a riqueza do Brasil em commodities, a auto-suficiência energética e a população jovem, além de mais liberalização econômica, devem ajudar a garantir que as perspectivas de longo prazo para a economia permaneçam positivas.”
Segundo a EIU, a economia deve crescer nos próximos anos a um ritmo mais lento que o visto nos últimos quatro, devido à posição de prudência da política macroeconômica do governo e ao desenvolvimento do mercado doméstico.
O estudo destaca a expansão significativa da demanda internacional por commodities encontradas no Brasil, “principalmente devido ao rápido desenvolvimento da China e da Índia”
Imóveis e Bolsa
O estudo destaca os investimentos pesados dos milionários brasileiros no mercado imobiliário. O crescimento expressivo da demanda e as condições mais fáceis de se obter financiamentos estimularam o mercado.
O desempenho da Bovespa também ajudou a produzir riqueza: o Ibovespa (principal índice de ações da Bolsa de Valores de São Paulo) registrou uma valorização de quase 250% nos últimos três anos e, apenas em 2007, teve uma expansão de 47%.
O ranking é baseado em dados que medem itens como riqueza financeira (dinheiro e depósitos, créditos, títulos e ações, e seguros e reservas em fundos de pensão) e ativos não-financeiros (como terrenos).
Folha de São Paulo