Interior baiano cresce mais do que a região metropolitana

O interior da Bahia vem registrando resultados surpreendentes nos últimos anos. Impulsionados pela atração constante de novos empreendimentos, aliada a uma agropecuária forte e pelo setor de comércio e serviços em franca expansão, os municípios baianos contabilizaram, juntos, um incremento nominal do Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 75% no período de cinco anos. De 1999 a 2003, sem contar com os dez municípios da Região Metropolitana de Salvador (RMS), o PIB do interior do estado saltou de R$19,97 bilhões para R$35,11 bilhões.
Neste mesmo período, o PIB da RMS teve uma expansão de 72%, passando de R$22,06 bilhões em 1999 para R$38,05 bilhões em 2003. O crescimento do interior também foi maior na comparação com todo o estado da Bahia, que pulou de R$42,04 bilhões para R$73,16 bilhões, numa elevação de 74%, sem descontar a inflação do período.
O secretário do Planejamento, Armando Avena, destaca que, embora a economia baiana tenha começado a ganhar um perfil industrial desde o final dos anos 70, pouco antes da implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari, foi a partir dos anos 90, como o governo Paulo Souto, que a indústria do estado se fortaleceu.
“Nessa época foi iniciada uma política de atração de empresas seletiva, com foco não só na diversificação e na complexificação, mas também na interiorização. Essa política permitiu, por exemplo, a instalação de indústrias de celulose no litoral sul, de indústrias de beneficiamento da produção agrícola e a formação de pólos, como o pólo calçadista, que reúne atualmente 58 empresas”, salientou Avena.
Para o secretário, essa política “trouxe excelentes resultados, como o crescimento do PIB baiano e a modificação do quadro de geração de empregos, antes muito concentrados na RMS e agora em grande parte disseminados pelo interior do estado”.
O volume de projetos implantados na última década e previstos para os próximos anos é mais uma mostra do potencial do interior baiano. Foram 279 empreendimentos em 89 municípios no período de 1994 a 2005, somando um volume de investimentos da ordem de R$19,42 bilhões. Até 2.010, devem ser instalados pelo menos 208 novos projetos em municípios baianos fora da RMS, atraindo recursos de mais de R$5,5 bilhões. “A política de interiorização do governo do estado tem importância fundamental no crescimento dos municípios baianos. Vale destacar que a Bahia possui o forte diferencial de contar com vários focos de desenvolvimento, a exemplo dos pólos de calçados, informática e produção de grãos, frutas e celulose, por exemplo”, ressalta o diretor-geral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), César Vaz.
A força do interior do estado pode ser confirmada também pelo volume de empregos formais. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, do saldo de 22.446 vagas com carteira assinada criadas na Bahia, o interior foi responsável por 76% desse total, ou 17.446 postos de trabalho. Só no mês de junho, segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o interior respondeu por 84% dos empregos gerados no estado, ou 3.692 vagas.
“É sempre importante ressaltar que a geração de emprego tem ligação direta com o crescimento da economia. A economia baiana registrou um incremento de 4,9% no primeiro semestre, sendo que esse crescimento foi em cima de uma base elevada, os resultados de 2005, também bastante significativos”, comenta Vaz.
Outros municípios baianos que tiveram desempenhos importantes na geração de postos de trabalho celetistas nos seis primeiros meses de 2006 foram Juazeiro (2.394), Vitória da Conquista (1.998), Itamaraju (1.463) e Cruz das Almas (1.102). Em Juazeiro, o setor que respondeu pela maior parte das vagas abertas foi o da indústria de transformação (com 1.571 ou 65,6% delas). Já em Vitória da Conquista, a indústria de transformação e a agropecuária responderam por 60,4% dos postos de trabalho com carteira assinada. Em Itamaraju, 94,1% dos empregos criados vieram da agropecuária e, em Cruz das Almas, o comércio e a agropecuária foram as atividades econômicas determinantes dos postos de trabalho com carteira assinada abertos, equivalendo a 846 ou 76,8% das vagas.

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