Na América Latina, a Bolívia subiu alguns postos e lidera o ranking. Já o Brasil retrocedeu, passando para o 75º lugar.
O relatório afirma que, no Brasil, com um jornalista morto este ano, os ataques à imprensa local continuam sendo “numerosos”.
O relatório também aponta Estados Unidos, França, Japão e Dinamarca como países em falta por não terem dado total proteção à liberdade de expressão.
“Estas situações são extremamente sérias e é urgente que líderes destes países aceitem críticas e parem com as intervenções rotineiras e duras na mídia”, afirma o relatório, o quinto deste tipo da organização, chamado Índice Mundial de Liberdade de Imprensa 2006.
América Latina
A Bolívia aparece no 16º lugar do ranking, ao lado de países como Áustria e Canadá.
Fontes da organização RSF afirmaram à agência de notícias EFE que o grande salto da Bolívia pode parecer “surpreendente”, mas mostra que não ocorreram ataques diretos nem agressões a jornalistas. Também revelaram que fracassou o objetivo de um parlamentar do partido do presidente Evo Morales de introduzir um projeto de lei de controle da mídia.
O índice da RSF indica que, exceto no caso da Guatemala (90º lugar), a América Central ocupa um posto “de honra”. Mas o índice também destaca outras disparidades na América Latina.
Apesar de a Bolívia ter dado um salto e do Panamá ter melhorado muito (39º), Argentina e Brasil sofreram “um claro retrocesso” e agora ocupam os postos 76º e 75º, respectivamente.
Na Argentina, “onde as relações entre a imprensa nacional e a Presidência são execráveis”, a retirada de subsídios aos meios de comunicação “não é o único” meio para “atrasar a imprensa”, segundo a RSF, pois as suspensões e demissões obedecem a “pressões diretas” de cargos políticos.
Queda
Os Estados Unidos, onde o conceito moderno de liberdade de expressão nasceu e foi difundido, caiu no índice anual da organização do 17° lugar, em 2002, para o 53°, em 2006, em grande parte devido ao deterioramento das relações entre o governo de George W. Bush, o Judiciário Federal e a imprensa, segundo o relatório.
Tensões semelhantes, envolvendo segurança e liberdade de imprensa, ajudam a explicar a queda da França para o 35º lugar, uma queda de 24 lugares em cinco anos.
O crescente nacionalismo no Japão fez com que o país caísse 14 postos, para o 51º.
O relatório traz também algumas boas notícias. O Haiti subiu do 125º lugar para o 87º em dois anos, desde que o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide fugiu do país em conflito. Apesar de vários assassinatos de jornalistas permanecerem sem divulgação, a violência contra a imprensa diminuiu, segundo a RSF.
A liberdade de imprensa também melhorou na Bósnia-Herzegovina, em Gana e vários países do Golfo Pérsico. Alguns países europeus continuam liderando o índice, como Finlândia, Irlanda, Islândia e Holanda, dividindo o primeiro lugar em 2006.
Guerra
Em outras partes do mundo diversos fatores – incluindo guerra, repressão política, preocupações com segurança nacional e crescente nacionalismo – significaram novas ameaças à liberdade de imprensa.
Um exemplo é o Líbano, que caiu do 56º para o 107º lugar nos últimos cinco anos, segundo o relatório, pois a “imprensa do país continua a sofrer com a péssima atmosfera política da região, uma série de ataques com bombas em 2005 e os ataques militares israelenses em 2006”.
O relatório também critica a Autoridade Palestina (134º lugar) por não conseguir manter a estabilidade interna, além de fazer críticas a Israel (135º lugar) pelo comportamento, além de suas fronteiras, que “ameaça seriamente a liberdade de expressão no Oriente Médio”.
Repressão política no Irã, na Síria e na Arábia Saudita deixaram estes países próximos das últimas colocações no índice.
Os confrontos causados pela publicação das charges mostrando o profeta Maomé também fizeram com que a Dinamarca caísse do topo do ranking em 2005 para o 19º lugar em 2006, devido às ameaças aos autores das charges.
Perturbação, prisão de jornalistas e fechamento de jornais que republicaram as charges levaram a uma queda no ranking de países como Iêmen (149º lugar), Argélia (126º), Jordânia (109º) e Índia (105º).
Alguns dos países que mais desrepeitam a liberdade de imprensa estão na Ásia, onde sete países – entre eles, Mianmar (164º lugar), China (163º) e Coréia do Norte (em último com o 168º posto) – ocupam os últimos lugares do índice.
Na região, os países que mais respeitam a liberdade de imprensa são Nova Zelândia (18º), Coréia do Sul (31º) e Austrália (35º).
BBC