Diretor de empresa investigada pela CEI ataca prefeito

O diretor da empresa Kato e Maciel, José Roberto de Menezes, preferiu atacar a prefeitura de Ilhéus em seu depoimento a Comissão Especial de Inquérito da Câmara de Vereadores. A CEI investiga indícios de irregularidades e desvio de verbas no contrato para prestação de cursos de inglês e informática na rede municipal de ensino. A empresa Kato e Maciel foi a responsável pelos cursos no ano de 2005.
José Roberto, em seu depoimento, fez duras críticas a administração do prefeito Valderico Reis afirmando que sofria constantes humilhações para receber os pagamentos que, segundo ele, atrasavam até três meses e chegou, inclusive, a dizer que não suportava os desmandos da então secretaria Luciana Reis “que é quem agia como prefeita”. O diretor da Kato e Maciel afirmou ainda que “a maior decepção da minha vida foi trabalhar com este governo porque eles não são sérios e isso só fez manchar a imagem da minha empresa”, desabafou José Roberto.
Participaram da licitação para ministrar os cursos de inglês e informática as empresas Kato e Maciel e a Fraife e Menezes, que era representada por José Roberto e perdeu a licitação, mas, no entanto, Roberto comprou a Kato e Maciel e passou a gerir os cursos. Segundo ele foram cumpridos todos os requisitos da licitação e os cursos foram ministrados para os oito mil alunos do contrato firmado com a prefeitura.
Os vereadores afirmam que as aulas de inglês e informática não atingiram oito mil alunos, segundo depoimento do próprio secretário de educação, e o vereador Raymundo Veloso já requereu a freqüência dos alunos no período dos cursos investigados e a presença dos diretores das escolas onde foram ministradas as aulas de inglês e informática. O vereador Marcus Paiva requisitou ainda a microfilmagem dos cheques de todos os pagamentos a empresa Kato e Maciel, pois segundo o vereador a informação no Tribunal de Contas é que os pagamentos eram feitos rigorosamente em dia, ao contrário do que afirmou José Roberto.
O vereador Marcus Paiva questionou também as alterações contratuais das duas empresas que participaram da licitação e que depois passaram a ser geridas pela mesma pessoa, o senhor José Roberto. Para Marcus Paiva é estranho o fato das duas empresas alterarem o contrato social e as mesmas cláusulas e, ainda, nas mesmas datas. José Roberto respondeu as indagações dizendo que foi apenas uma mera coincidência.
Outra operação estranha apurada pelos vereadores foi o pagamento do material didático – as cartilhas – que, segundo José Roberto, foi entregue em junho, mas que foi paga em abril, ainda tendo o secretario de educação declarado que já estava em posse do material naquela data. A vereadora Carmelita destacou ainda que as cartilhas de inglês não eram atrativas ao aprendizado, pois a impressão era toda em Preto e Branco e também já vinha com a tradução, “o que não estimulava o aluno a pesquisar”.
Para o vereador Alysson Mendonça a CEI já tem material suficiente para produzir o seu relatório e pedir a restituição do dinheiro pago indevidamente e mais o afastamento imediato do prefeito Valderico Reis. “Nós temos indícios suficientes que apontam as irregularidades no contrato e que a licitação foi dirigida”, diz Alysson. O presidente da CEI Jailson Nascimento já marcou a próxima oitiva para o dia 19 de setembro as 9h, quando serão ouvidos os diretores das escolas onde os cursos foram ministrados. Serão convocadas Isaura Fonseca (IME- Centro), Lidinei Ferreira (Princesa Isabel), Marília Leite (Pontal), Thelma Suely Soares de Sá (Teotônio Vilela), Márcia dos Santos (Salobrinho) e Siomara Bastos (Banco da Vitória). Com estes depoimentos, o presidente Jailson Nascimento espera encerrar as oitivas e partir para a fase de produção do relatório.

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