Lula disse que deverá assumir a candidatura à reeleição por volta de 15 de junho. Afirmou que deseja começar a montar sua coligação a partir das forças que sempre o apoiaram historicamente. PT, PSB e PC do B estiveram juntos em três das quatro eleições presidenciais disputadas por Lula. Em 2002, o PSB preferiu apresentar candidato próprio (o ex-governador Anthony Garotinho, hoje na ala oposicionista do PMDB).
O presidente pediu ainda a formação de um conselho político formado pelos presidentes de partidos aliados para que se reúnam freqüentemente com ele. A coordenação-geral da campanha, estrutura à parte do conselho, ficará com Berzoini.
PMDB, vice e alianças
Lula admitiu que será difícil contar com o apoio formal do PMDB. Mas afirmou que dará todos os sinais políticos, pressionando petistas a desistir de projetos nos Estados em favor de peemedebistas, para mostrar que deseja, após as eleições, formar coalizão com o PMDB para “garantir a governabilidade” num segundo mandato.
Sem o PMDB, Lula perderá o vice dos seus sonhos, o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim. Nesse contexto, o mais cotado é o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PSB).
Lula pediu que os presidentes de partido e aliados tratem com cuidado a questão do candidato a vice. Não deseja repetir a dobradinha José Alencar (PRB), mas não gostaria de magoar o vice-presidente. “Gosto muito do velho”, afirmou Lula, segundo um dos presentes, emendando que desejaria que Alencar tivesse sucesso numa eventual disputa pelo Senado por Minas.
Na reunião, avaliou-se que a maioria do PL apoiará Lula nos Estados sem aliança formal. Setores do PTB e do PP também seguiriam o mesmo caminho.
“Façam um primeiro serviço para eu entrar depois e resolver os problemas que vocês não conseguirem resolver”, foram as palavras de Lula, segundo um dos participantes, ao recomendar a Berzoini, Campos e Rabelo acelerar a discussão de alianças nos Estados.
Lula citou dois casos em que intervirá para tentar favorecer o PMDB. No Paraná, deseja que o senador Flávio Arns (PT-PR) abandone sua candidatura e apóie Roberto Requião. Em Santa Catarina, quer que o ex-ministro da Pesca José Fritsch desista e apóie o peemedebista Luiz Henrique, que disputará a reeleição como Requião.
Berzoini e Eduardo Campos tiveram reunião ontem para tratar de alianças. Há mais dificuldades regionais entre PT e PSB. Na próxima quarta-feira, haverá nova reunião dos presidentes de partidos. O PT homologará a candidatura Lula em convenção no dia 24 de junho. O PC do B realizará seu encontro uma semana antes. E o PSB definirá a data da convenção em reunião da Executiva em 7 de junho.
KENNEDY ALENCAR
RANIER BRAGON
da Folha de S.Paulo