Presidente da Associação Cultural para Preservação do Patrimônio da Diáspora Africana.
Mudou. O que, ainda não sei exatamente. Comigo? Com certeza. E provavelmente com todos que se envolveram com ela.
Ela, mas quem é ela? Para responder a essa pergunta nada melhor que fazer outra pergunta: O que você faz para melhorar a vida do próximo?
O que eu faço é denunciar.
Essa pergunta repito a mais de 1 ano todos os dias. Ela é o mote da campanha que realizaremos a partir desta data. Treze de maio, “abolição da escravatura” O Brasil encontra-se entre as maiores economias do mundo e foi considerado, ao longo de várias décadas, o país da “democracia racial”. Entretanto, embora nunca tenha se consolidado no país um regime de segregação racial legal e formal, a realidade brasileira é outra. As distinções e desigualdades raciais são contundentes, facilmente visíveis e de graves conseqüências para a população afro-brasileira e para o país como um todo.
inserção dos negros na sociedade brasileira, comprometem o
projeto de construção de um país democrático e com
oportunidades iguais para todos. Apresentam-se em
diferentes momentos do ciclo de vida do indivíduo, desde a
saúde na infância, passando pelo acesso à educação e
cristalizando-se no mercado de trabalho e, por
conseqüência, no valor dos rendimentos obtidos e nas
condições de vida como um todo. Está presente na diferença
entre brancos e negros em termos de acesso à justiça.
Demonstra-se também que os esforços atualmente
empreendidos pelo governo brasileiro para promover maior
igualdade de oportunidades entre negros e brancos no
Brasil têm sido insuficientes para uma efetiva
transformação deste quadro de desigualdades.
Pensei que fosse desnecessário, mas, precisamos mais uma vez falar da mentira que
foi a “abolição da escravatura” e a alforria dada pela carta de D. Isabel e a
assinatura do Termo de Adesão as Políticas de Promoção da Igualdade Racial em
Ilhéus.
Uma simples carta ou a assinatura de um termo de Adesão não podem mudar os anos de
humilhações e condições desumanas de sobrevivência que viveram nossos ancestrais e
que vivemos muitos de nós ainda hoje, se não forem postas em prática políticas e
ações sérias para resolver as mazelas de 500 anos.
Muitos podem inclusive achar repetitivo, mas, cumpri nos informar aos mais
incautos, que nunca fomos libertados, aliás, nem somos livres.
Vivemos num País onde mais de 60% da população é negra e ainda assim, mesmo forra,
continua escrava do desemprego, da falta de oportunidades, do analfabetismo, da
miséria, da falta de moradia e condições mínimas de sobrevivência causadas pelas
vergonha política atual que já existia e só se aperfeiçoa desde os idos de 1500.
Muitos hoje comemoram, com “Capoeiras e Danças Africanas” em Teatros Municipais,
mas, sequer lembram, ou fingem que esquecem que aquela maioria de 60%, sequer tem
acesso a TEATRO.
Não sabem nem que a capoeira como forma de dança, nunca foi celebração de alegria,
mas sim de tristeza e dor pelo cativeiro imposto e a condição humilhante de
escravo.
falam em PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL, mas, em verdade nem sabem o seu real
significado, falam em aplicar a Lei 10.639/03 que institui a obrigatoriedade do
ensino da história da África e da contribuição do negro na construção da sociedade
brasileira, mas, a quase um ano que assinaram o TERMO DE ADESÂO A POLÌTICA
NACIONAL PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL e ainda assim nada foi feito para efetivar
o que o TERMO sugeria. Aliás, o que se fez foi destruir todos os símbolos de
afirmação e identidade do povo negro nesta cidade, destruíram o Memorial da
Cultura Negra, os Velhos Marinheiros, o Circo Folias de Gabriela e o mais recente
Centro de Referência da Cultura PAI PEDRO.
Destruíram os sonhos, ideais, e as esperanças de um povo.
Hoje, 13 de maio, para nós, negr@s, DIA DE DENÚNCIA CONTRA O RACISMO, Aproveitamos
para denunciar o racismo institucional ,que é uma realidade mas que o “MITO DA
DEMOCRACIA RACIAL”(já derrubado, mais ainda tão arraigado em nossas terras
coronelistas), ajuda a dificultar a visibilidade e a percepção. Aproveitamos para
denunciar o racismo praticado a céu aberto e as caras pelas Polícias, que insistem
em desrespeitar o direito de ir, vir e ficar dos cidadãos negr@s e “dar baculejos
por que já ficou internalizado que “preto quando não … na entrada … na saída.(
vide Micareta Praia e Folia) qundo dezenas foram revistados de forma violenta e
animalesca, quando não apanhavam mesmo, somente por serem negr@s e não vestirem
marca.
Falando no assunto, alguém sabe a quantas anda o processo movido por este que
subscreve contra policiais militares que agrediram física e psicologicamente
exatamente no dia 13 de maio de 2005? Quem souber ou for amigo do Comandante da
PM, por favor me responda.
Esperamos que este dia sirva para uma reflexão profunda sobre as
desigualdades raciais no Brasil e em especial em Ilhéus por parte da
comunidade Política e da Mídia, levando à sugestão e à adoção de
medidas que venham a beneficiar, em curto prazo, a população negra
Ilheense
Nzaambi Kakala Yeto
Deus está conosco
Valério Bomfim
Ó gà Ilê Axé Logunedé
Presidente / YABÁS.