Pelo programa, que é co-financiado pela União Européia e pela Grã-Bretanha, a organização paga a passagem de volta até a chegada do imigrante à sua cidade de origem, no chamado sistema porta a porta. Se necessário, também é oferecida assistência médica.
No ano passado, 134 brasileiros que estavam na Grã-Bretanha ilegalmente retornaram ao Brasil graças ao programa. Na segunda posição ficaram os bolivianos (31), seguidos pelos albaneses (27) e jamaicanos (25).
Só nos primeiros meses deste ano, 77 brasileiros já retornaram, seguidos pelos jamaicanos (20).
A assessora de comunicação da organização, Gabriela Boeing, diz que o número alto de brasileiros pode ser explicado pela maior concorrência no mercado de trabalho britânico nos últimos anos.
“Desde que os países do leste europeu entraram para a União Européia, está muito mais difícil para os brasileiros que estão aqui ilegalmente conseguir emprego. Essa é uma das principais razões”, afirma Gabriela.
O custo, em média, para cada retorno voluntário é de 1,1 mil libras (cerca de R$ 4,1 mil). Valor bem abaixo do que o governo tem de gastar para deportar um imigrante irregular – cerca de 11 mil libras.
Perfil
Gabriela Boeing ressalta que o perfil da maioria dos que procuram a organização é de homens solteiros que chegam com visto de estudante para trabalhar e acabam ficando depois que o visto vence.
Há também casos de famílias inteiras, mas são raros, segundo a assessora.
“Quem está aqui ilegalmente acaba ficando muito mais tempo (do que o planejado) por não ter dinheiro para pagar a passagem de volta”, afirma Gabriela.
Ela afirma que muitos brasileiros vêm de Goiânia, de Londrina e de Minas Gerais.
Segundo a assessora, os brasileiros estão perdendo emprego principalmente para os poloneses, lituanos e estonianos.
“São nacionalidades que pegam empregos que os brasileiros faziam e que aceitam os salários baixos, então os empregadores não contratam mais brasileiros”, afirma.
Os empregos disputados por brasileiros e os europeus do leste são de faxineiro de escritório e garçonete, em Londres, e postos em fábricas e fazendas fora da capital. Um lugar procurado por muitos hoje, segundo ela, é a Irlanda do Norte.
O programa de retorno voluntário para imigrantes irregulares começou a ser oferecido pela organização em novembro de 2004. Antes, esse tipo de benefício só era oferecido para quem tinha o pedido de asilo no país negado.
Os programas são financiados pelo Fundo Europeu para Refugiados da União Européia e parcialmente pelo Ministério do Interior da Grã-Bretanha.
Quando a pessoa se inscreve, ela tem que tirar a impressão digital. O programa não autoriza a volta de quem tem ação criminal pendente, a não ser que sejam acusações leves, como infrações de trânsito.
O retorno acontece, em média, um mês depois da inscrição.
BBC