Em um prazo de no máximo meia hora, as pessoas poderão voltar para casa sabendo se estão contaminadas ou não.
Para os novos testes são empregados de uma só vez até três kits de análises diferentes. Um dos kits foi desenvolvido pela Bio-Manguinhos, da Fundação Osvaldo Cruz, do Rio de Janeiro. A segunda tecnologia, também nacional, batizada de “Rapid Check”, é do núcleo de Doenças Infecciosas da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo).
Para os dois é usada só uma gota de sangue do interessado. O sangue vai para um aparelho descartável junto com um reagente. Os soropositivos são acusados pela cor rosa nas bandas (espécie de termômetro) do kit. Para negativos não há cor.
A se manter o diagnóstico, a pessoa será orientada a procurar os serviços de DST-Aids (Doenças Sexualmente Transmissíveis) para acompanhamento médico.
“O teste é grátis, indolor, preciso. O resultado é sigiloso e sai rapidinho”, anuncia a cantora Daniela Mercury, nas peças publicitárias que rádios, tevês e jornais de Curitiba estão veiculando nesta semana, chamando para o Dia de Mobilização contra a Aids.
“Quem valoriza não esquece”, diz Daniela, escolhida pela relação forte de sua imagem com campanhas preventivas de Aids.
A Prefeitura de Curitiba treinou 400 profissionais de saúde para aplicar os testes. Não serão deslocados psicólogos para informar o diagnóstico positivo. O secretário da Saúde municipal e também prefeito interino de Curitiba, Luciano Ducci, diz que os profissionais foram treinados e capacitados para reações emocionais de pessoas que receberem a notícia de que estão com o vírus.
Ducci diz que não há motivos para receio de resultado positivo. “A estimativa é que menos de 1% de todos os exames confirme HIV positivo.”
Janela imunológica
Ter 14 anos completos e preencher um papel informando nome, o nome da mãe, endereço e telefone para contato é tudo o que o interessado precisa para se submeter ao exame. Os virologistas alertam que uma pessoa que praticou sexo de risco precisa respeitar a janela imunológica –de três semanas– para confirmar a contaminação.
Parceira do Ministério da Saúde na experiência de campo, a Prefeitura de Curitiba espera até 5.000 pessoas procurando os postos neste sábado. O ministério mandou para a cidade 25 mil kits de cada um dos dois primeiros testes e 3.000 do terceiro.
Estima-se em 35 mil o número de moradores da cidade contaminados pelo vírus HIV que desconhecem essa condição. Das primeiras notificações de 1984 até esta sexta-feira somavam 7.703 os registros de curitibanos infectados, 3.200 em tratamento e 2.277 mortos em razão da doença.
Curitiba foi escolhida para piloto da campanha por já ter sido o campo de testes anteriores, segundo a diretora do programa de DST-Aids, Mariângela Galvão Simão, que é da cidade. Ela disse que em junho os centros de diagnóstico de Aids do SUS nas capitais e em todo Estado do Pará passarão a adotar esse novo procedimento.
Simão diz que diagnósticos precoces para o HIV proporcionam aumento da qualidade de vida do portador, redução dos casos de desenvolvimento da doença e, em conseqüência, queda no uso de medicamentos retrovirais.
O Ministério da Saúde já emprega o teste de resultado rápido em serviços de triagem de emergência, como em mulheres em trabalho de parto que não passaram por pré-natal, para preservar a saúde do bebê.
Os atuais testes, do tipo Elisa, são mais demorados porque passam por processo de laboratório. Simão diz que nos grotões do país, um resultado de Elisa pode demorar até 40 dias, contra dois a três dias em grandes centros. “Das 160 mil pessoas que fizeram teste de HIV no ano passado no Brasil, 30% não voltaram para buscar o resultado.”