Pacote mais barato deve sair até abril

Depois de dois anos de discussão, o setor turístico se articula para tirar do papel no final de março ou em abril o programa “Vai Brasil”, que objetiva vender assentos de avião e ônibus e leitos de hotéis que normalmente ficam ociosos a preços mais baixos para atrair a parcela da população com renda média em torno de R$ 900 a R$ 1.200, que hoje, ao viajar a lazer, não usa serviços do mercado.
Os pacotes turísticos já são mais baratos na chamada baixa temporada. O que seria, então, um preço baixo? Responde José Zuquim, presidente da Braztoa (associação das operadoras de turismo): “Os preços terão que ser 30% mais em conta, pelo menos, do que os de baixa temporada”.
A expectativa é que todos os agentes envolvidos criem a tarifa “Vai Brasil”, mais baixa do que as aplicadas hoje.
Aliás, a idéia é sempre movimentar mais de um agente do setor em cada pacote vendido. E que ele tenha no mínimo dois pernoites em hotel incluídos. “É para evitar o cliente corporativo, pois nosso objetivo é atrair o turista de lazer que hoje não é cliente da cadeia”, diz Milton Zuanazzi, secretário de Políticas de Turismo.

E como vai funcionar? A idéia exposta é que o cliente entre no site do programa, consulte os pacotes disponíveis para o destino o período que deseja, opte por um e feche o negócio na agência de viagens que escolher –seja a mais próxima, seja a de sua confiança.

Embate

À primeira vista, a idéia parece convidativa a todos os envolvidos no mercado. Mas, em reunião ontem em São Paulo com todos os que deveriam estar envolvidos, ficou claro que ainda há, e muitas, arestas a aparar. Tanto que o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, começou o encontro de maneira direta: “Ainda não senti firmeza em que as empresas vão mesmo disponibilizar aquilo que está ocioso”. E depois: “Quero sair daqui com um sim integral ou com um não integral”.

Segundo vários dos envolvidos, os mais interessados no programa são os hotéis. Os mais reticentes, as companhias aéreas.

E elas, consideradas essenciais para a viabilização do programa, só tomaram a palavra quando instadas. E alegaram problemas de ordem técnico-operacional para embarcar de vez no projeto –solucionáveis, disseram.

“Esse programa é o próprio DNA da Gol, pois nosso objetivo é popularizar o transporte aéreo”, afirma Tarcísio Gargioni, vice-presidente de marketing e serviços da Gol. “Mas nosso sistema é diferente do da TAM e da Varig, por exemplo, pois não fazemos reservas e sim vendas de passagens. Então teremos que ver como solucionar essas diferenças.”

Humberto Folegatti, da BRA, fez uma conta simples: “Se temos 44 milhões de desembarques nacionais [o total do ano passado, segundo a Infraero] e 30% de ociosidade, ainda temos disponíveis 15 milhões de assentos em um ano”.

FABÍOLA SALANI
da Folha de S.Paulo

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