Em ouvindo o programa O TABULEIRO de 13 de janeiro corrente, sexta-feira, atentei para a ênfase que o prezado radialista deu ao SAMU, cobrando do poder público o efetivo funcionamento do serviço.
É do conhecimento da comunidade que a infraestrutura deste serviço de emergência já está pronta. Sabemos todos nós que o SAMU é um serviço de emergência pré-hospitalar. Portanto, de natureza essencial para a recuperação dos pacientes em agravo de saúde até que o mesmo tenha acesso à unidade hospitalar mais próxima ou em condições de recebê-lo. Sem dúvida, um serviço de relevância para Ilhéus!

Não podemos esquecer — e a sociedade precisa efetivamente cobrar dicisões colegiadas —, que o SAMU só é efetivamente útil para a comunidade se os hospitais de Ilhéus estiverem preparados a altura para receber os pacientes atendidos previamente pelo Serviço de Emergência Pré-hospitalar de Urgência. Isto efetivamente não ocorre. Cobra-se dos hospitais de Ilhéus que disponham de médicos de plantão. Em nenhum momento, desprovidas de ambições políticas, sentam-se as partes interessadas para pontuar concretamente as deficiências e as possíveis soluções em prol da comunidade. Sabe a sociedade a luta árdua que foi a reforma da UTI do Hospital São José que, em decorrência, viabilizou também a UTI do Hospital Geral Luiz Vianna Silva. Ponto positivo para Ilhéus.

E como estão as UTIs? Importantíssimas para apoio ao SAMU! A UTI do Hospital São José, há 2(dois) meses sem receber a subvenção do município que ajuda a viabilizar o seu funcionamento, acende a luz amarela e poderá chegar à luz vermelha e interromper, lamentavelmente, seu funcionamento. A subvenção do município, através de convênio com a Santa Casa de Ilhéus, só perdurou por 5(cinco) meses. Inobstante o pleito da Santa Casa — através de ofício ao prefeito de Ilhéus —, solicitando ampliação do convênio, até a presente data, concretamente nada foi negociado.

Certo é que se o Hospital São José dispusesse, com os recursos advindos dos serviços prestados à comunidade através do SUS e outros convênios, de dotação orçamentária suficiente para viabilizar o funcionamento a contento de seus diversos serviços, por certo não estaria a pleitear do poder público convênio de subvenção. Assim o faz, por entender a relevância de seus serviços para a comunidade. Ou será que esquecemos que é o único hospital de Ilhéus que dispõe de profissionais especializados para tratamento clínico e cirúrgico de diversa modalidades de câncer, neurocirurgias, cirurgias vasculares, tomografia de última geração, etc? Parte significativa destes serviços não é CREDENCIADA pelo SUS, porém mesmo assim o paciente é beneficiado pelo atendimento sem que os profissionais e o hospital recebam pela natureza do serviço prestado.

Já não contamos com os serviços da Maternidade Santa Isabel. E até quando viabilizaremos o Hospital São José e a Maternidade Santa Helena? Única maternidade em funcionamento na cidade e, em conseqüência, referência para as diversas gestações de alto risco que a ela se dirigem. Lamentavelmente, não está estruturada tecnicamenrte para tanto. E qual a solução? Eis a questão, meu caro radialista, e o mote para amplo e contínuo debate desprovido de teor político-partidário. NÃO PODEMOS ESPERAR o fechamento do Hospital São José para discutirmos sua viabilidade funcional. A sociedade como um todo perderá muito com isso.

Obrigado pela tolerância em ler este ‘e-mail”.

Com as cordiais saudações,

Dr. Carlos Alberto de Lira
CREMEB: 5813
Diretor Técnico-administrativo do
Hospital São José/Maternidade Santa Helena