25 de novembro, dia da baiana de acarajé

Ser baiana de acarajé significa muito mais do que ser uma vendedora ambulante, com seu tabuleiro, oferecendo os deliciosos quitutes da culinária afro-baiana. A maioria delas faz esse trabalho como “obrigação de santo”, reverenciando os orixás que guiam suas cabeças – inicialmente apenas Iansã – e, em troca, tiram daí o seu sustento e o de suas famílias.
A cada dia, ela está vestida com as cores do santo daquele dia e exibe no pescoço as guias de contas na cor do santo de sua cabeça e outros orixás dos quais gosta (ou os quais precisa) reverenciar. A roupa, de origem africana, já se transformou em marca registrada: a roupa de baiana, com saia rodada, blusa rendada, pano da costa, turbante, sandália fechada na frente e aberta atrás.
Um outro atestado de que existe reverência religiosa aos orixás do candomblé, na atividade de baiana de acarajé, são os pequenos acarajés fritos antes da primeira fritura comercial, dedicados aos orixás meninos, os ibêje.
Nem precisa ser adepto do Candomblé para vestir roupas brancas na sexta-feira. Esta já é uma tradição na Bahia, em homenagem ao deus Oxalá que, no sincretismo, representa Jesus Cristo. E muitos outros costumes, trazidos com essa religião afro, já se incorporaram ao dia-a-dia dos baianos, de todas as raças e classes sociais.

No início da colonização, os rituais do candomblé eram praticados nas próprias senzalas e nos terreiros das fazendas, onde trabalhavam os escravos africanos e seus descendentes. O mais antigo terreiro de Candomblé da Bahia nasceu há 450 anos, é conhecido como Engenho Velho ou Casa Branca e fica na avenida Vasco da Gama, em Salvador. Deste, originaram-se duas casas, ainda hoje de grande importância: o Gantois, na Federação, e o Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, que deram origem a muitas outras, em cada canto de Salvador, das principais cidades do interior e de outros estados brasileiros.

Culto antigo, o candomblé tem como objetivo a adoração aos orixás, considerados como espíritos da Natureza, provenientes dos elementos terra, fogo, água e ar. São deuses guerreiros, protetores da caça, da maternidade, reis e rainhas da África, e outros, que vivem nos corações de seus descendentes. Eles são venerados em iniciações secretas e em festas de um ciclo anual, dedicadas a cada um deles. Nas festas, abertas ao público – homem de um lado, mulher de outro – os filhos-de-santo e adeptos dançam vestidos com as roupas e cores características, ao som de atabaques, entrando em transe e incorporando os espíritos dos orixás.

Cada orixá tem seu correspondente na Igreja Católica, com suas características próprias, como: dia da semana, cores, vestes, saudações e comidas. Domingo é dia de todos os Orixás. Identifique-se com um e reze para ele, pedindo proteção, saúde e paz acima de tudo:

Exú – mensageiro entre os homens e os orixás. Segunda-feira. Vermelho.
Ogum – abre caminhos. Terça-feira. Azul escuro. Santo Antônio.
Oxumaré – traço de união entre o céu e a terra. Terça-feira. Verde e amarelo.
Xangô – representado com machado de asas com dois gumes. Quarta-feira. Vermelho e branco. São Jerônimo.
Iansã – orixá dos ventos e tempestades. Quarta-feira. Vermelho. Santa Bárbara.
Oxóssi – verde e azul. Quinta-feira.
Logun Edé – orixá das matas, prefere a selva como morada. É caçador. Quinta-feira. Azul, verde. São Miguel.
Oxum – orixá dos raios e dos trovões, da beleza e do dengo. Sábado. Amarelo ouro.
Obá – quarta-feira. Branco e vermelho. Santa Joana D’Arc.
Omolú – Segunda-feira. Vermelho e preto. São Lázaro.
Nanã – a mais velha das orixás das águas. Terça-feira. Branco e azul. Senhora Santana.
Loko – orixá das matas e da rua, protetor dos pobres. Terça-feira. Branco. São Francisco.
Ossain – dono das folhas, é o médico do candomblé. As folhas exercem papel preponderante na mística do candomblé: no uso acentuado nos banhos e sempre presente em quase todos os seus momentos. Segunda-feira. Vermelho e azul. São Benedito.
Oxalá – é o orixá da criação e filho de Omolú. Deus supremo, representado por Senhor do Bonfim, razão da Colina Sagrada estar sempre cheia sexta-feira que é o seu dia. Branco é a sua cor. Também conhecido como Oxalufã e Oxaguian.
Iemanjá – também conhecida como Janaína, sereia do mar, Dandalunda, rainha das águas. Sábado é o seu dia. Rosa claro e azul claro.
Ifá – orixá da adivinhação. É quem consulta o dono do terreiro e diz quem o santo escolheu para substituí-lo. Quinta-feira. Branco. Santíssimo Sacramento.

Terreiros

Terreiro Mãe Menininha do Gantois
Rua Mãe Menininha do Gantois, nº23 – Federação.
Tel: (71)3331-9231.

Terreiro Casa Branca
Av. Vasco da Gama, nº477 – Ogunjá.
Tel: (71) 3334-2900.

Terreiro Bate Folha
Travessa de São Jorge, 65, E – Mata Escura do Retiro
Tel: (71) 3306.2163

Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá
Rua Direita de São Gonçalo, 557 – Cabula
Tel: (71) 3384.6800

Terreiro São Jorge Filho da Golmeia
Rua Queira Deus,78 – Portão –Lauro de Freitas a 50 km de Salvador
Tel: (71) 3369-2813

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