O presidente da Comissão Especial de Inquérito que investiga as denúncias, Alcides Kruschewsky, informou que o depoimento do prefeito Valderico Luiz, um dos mais aguardados pela CEI, será o último antes da apresentação do relatório sobre o caso de tentativa de suborno de vereadores.
O ofício solicitando o depoimento do prefeito foi entregue pessoalmente pelo presidente da Câmara de Vereadores de Ilhéus, Raymundo Veloso. O presidente informou que, por ter foro privilegiado, Valderico poderia escolher dia e local para o depoimento.
No entanto, os vereadores esperam que o agendamento seja feito com a maior brevidade possível, tendo em vista a necessidade de esclarecer importantes questões, principalmente sobre o diálogo entre Valderico e Zerinaldo, na casa do vereador.
Vai negar
Apesar das evidências de um possível acordo entre Valderico e o vereador Zerinaldo, pelos corredores políticos corre a aposta de que o prefeito deve negar as denúncias de compra de parlamentares em troca de apoio político.
Também deve negar que seu articulador político, Jerbson Moraes, estaria autorizado a negociar apoio com vereadores.
Contra Valderico Luiz pesa o fato de aparecer nas fitas gravadas na casa do vereador Zerinaldo, possivelmente fazendo proposta de suborno ao parlamentar em troca de apoio político a seus projetos na Câmara Municipal.
As fitas gravadas onde aparece Valderico são de difícil compreensão, mas uma parte do laudo feito pelo perito Ricrdo Molina revela, através de frases soltas, que o prefeito teria dito que o dinheiro sai do lixo e era fruto de uma negociação entre Jerbson Moraes e a empresa Queiroz Galvão, que realiza o serviço de limpeza pública na cidade.
O laudo deve ser contestado por alguns vereadores, que encontraram contradições e erros na tentativa de proteger o vereador Zerinaldo Marcolino, que pagou pela degravação.
De acordo com os vereadores, na degravação da fita da conversa entre Jerbson Moraes e Zerinaldo há verdadeiros absurdos praticados por Ricardo Molina e por isso esse documento não mereceria crédito.
Moradores reclamam de lixo e buracos
nos bairros e colocam placas em terrenos baldios para denunciar o descaso. Os moradores de localidades como os altos do Coqueiro e do Carvalho, Nelson Costa, Urbis, Teotônio Vilela, Basílio, Nossa Senhora da Vitória, Salobrinho e Banco da Vitória estão se queixando da falta de atenção do poder público municipal.
A reclamação é de que muitas ruas estão esburacadas e praticamente intransitáveis por falta de manutenção. Esgotos estourados, bocas de lobo estouradas, lixo deixado em terrenos baldios, iluminação pública precária são outros problemas na maioria dos bairros de Ilhéus.
“Não adianta reclamar, pois ninguém aparece para resolver os problemas”, afirma a dona-de-casa Maria Isabel Ferreira, moradora do Nelson Costa.
Nos bairros Urbis e Teotônio Vilela, a queixa é de que o lixo tem sido deixado em terrenos baldios e os esgotos estão estourados há meses.
“Com o acúmulo de lixo nas proximidades, à noite os ratos invadem as ruas e aparecem nas nossas casas. Por conta disso, tem aparecido muita gente doente”, diz Jakcson Oliveira de Santana, do Teotônio Vilela.
Os problemas de infra-estrutura não atingem apenas os moradores dos bairros periféricos. Os moradores da rua Carneiro da Rocha, no centro da cidade, uma das mais antigas de Ilhéus, reclamam da falta de limpeza.
Eles afirmam que a empresa responsável pela limpeza pública leva até cinco dias para trocar a concha de lixo.
Em correspondência encaminhada ao jornal A Região, o morador Antônio Carlos Silva afirma que o recipiente não comporta a quantidade de lixo produzido pelos moradores.
“O que se vê é o muito lixo espalhado, causando um fedor insuportável, sendo atração para os urubus”, conta.
Além dos moradores, o descaso prejudica os donos de bares e restaurantes que vendem comida perto da feirinha. Os moradores se queixam de que a travessa Maria Calazans foi tomada pelo mato.
“A sujeira já tomou praticamente toda a rua e a Prefeitura nada tem feito. Se a maioria dos bairros de Ilhéus está abandonada, o que estão fazendo com o dinheiro arrecadado com os impostos municipais?” Questiona um outro morador.
Prefeito gastou R$ 150 mil para limpar
três escolas em agosto, sendo uma no Salobrinho, outra no Banco da Vitória e a terceira o grupo escolar Herval Soledade. A denúncia é do vereador Marcus Paiva.
Ele analisou os processos de pagamento no Tribunal de Contas dos Municípios e considerou estranho um gasto tão alto para a limpeza das escolas.
De acordo com a denúncia feita pelo vereador, Jackson Sena Rocha teria recebido no dia 4 de agosto R$ 148.200,00 para limpar as três escolas, através do processo 6037.
Tendo em vista a gravidade do fato e a necessidade de mais informações sobre o tipo de limpeza feito nessas três escolas, o vereador está encaminhando a denúncia ao Ministério Público do Estado da Bahia para que realize as investigações.
Outro fato estranho observado pelo vereador em agosto foi o pagamento de quase R$ 15 mil para uma empresa de contabilidade de Feira de Santana, a JG Auditoria e Contabilidade. Para essa empresa a Prefeitura de Ilhéus efetuou mais dois pagamentos.
O primeiro processo foi o de número 6046, no dia 5 de agosto, de R$ 11.154,93. No dia 22 do mesmo mês essa empresa recebeu da Prefeitura de Ilhéus mais um pagamento, dessa vez no valor de R$ 3.000,00, conforme o processo 1758.
Além dos altos valores, o que por si só já levanta suspeitas, o vereador Marcus Paiva chama a atenção para o fato da empresa escolhida pelo prefeito de Ilhéus ser de fora, quando existem na cidade várias empresas de contabilidade sérias e competentes.
Aluguel caro
Esses são apenas alguns dos indícios de irregularidades praticadas pela Prefeitura de Ilhéus em agosto. Nesse mesmo mês foi descoberto que a Prefeitura de Ilhéus gasta quase R$ 40 mil por mês com aluguel de carros, através de uma empresa do extremo sul.
A denúncia foi feita pelo vereador Marcus Paiva, com base no processo 1697, onde o Município de Ilhéus efetuou o pagamento de R$ 39.880,00 à empresa M.G. Locadora de Automóveis Ltda e o pagamento foi efetuado no dia 18 de agosto.
Somente com a MG Transporte a Prefeitura está locando, todos os meses, 19 veículos Celta, pagando por cada um R$ 1.800,00, e uma S-10 por R$ 5.680,00, que é utilizada pelo prefeito.
Para o vereador Marcus Paiva, ao invés de pagar valores tão altos pelo aluguel, a Prefeitura deveria financiar os veículos. Os valores mensais poderiam ser menores que os pagos com a locação e, após a quitação, os carros fariam parte de seu patrimônio.
Além do contrato ser estranho, o vereador chama a tenção para o fato do prefeito de Ilhéus continuar preferindo empresas de outras cidades. Algumas acabaram de ser criadas, mas imediatamente recebem cartas-convite para participar das licitações. E ganham.
A Prefeitura de Ilhéus não enviou uma só carta-convite das licitações feitas neste ano para empresas da cidade.
Para o vereador, “isso é um grande absurdo, já que a Prefeitura de Ilhéus tem a obrigação de dar prioridade às empresas da cidade, que pagam impostos, geram emprego e renda para o município”.
A REGIÃO