Criado no início do século 13, este manuscrito em pergaminho era considerado na época a “oitava maravilha do mundo”, devido ao seu impressionante tamanho (92cm x 50,5cm x 22cm), à espessura de suas 624 páginas e ao seu peso de 75 kg.
“Cento e sessenta anos foram empregados na confecção do livro”, conta Miroslava Hejnova, encarregada do fundo histórico da Biblioteca Nacional de Praga.
A Biblioteca Real de Estocolmo aceitou emprestar a obra em caráter excepcional para uma exposição prevista para o início de 2007 na sala do “Clementinum”, o antigo colégio jesuíta construído entre 1653 e 1726 no centro velho e Praga.
O manuscrito inclui o Velho e o Novo Testamento, bem como outros textos de grande valor histórico, como a “Chronica Boemorum” (“Crônica dos Tchecos”), redigida em latim no século 12, ou os escritos do historiador Flavius Josephe (por volta do ano 37-100).
A lenda conta que o autor do “Codex Gigas” foi condenado a ser enterrado vivo por um crime grave e, para expiar seus pecados, o monge propôs criar a obra em uma única noite para glória de seu mosteiro. Mas, para cumprir sua promessa, teve de pedir ajuda ao diabo. Uma vez terminado seu trabalho, como reconhecimento o monge incluiu dissimuladamente um retrato de seu “auxiliar” no manuscrito.
Em Praga, o manuscrito, protegido por um tampo de madeira, ficará exposto com outros documentos relacionados à Idade Média.
Ao fim da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), a “Bíblia do Diabo” foi tomada como despojo de guerra pelas tropas do general sueco Konigsmark, junto com outros objetos de arte da famosa “Kunstkammer de Prague”, do imperador Rodolfo 2º de Habsburgo (1552-1612).
“Levaram o que havia de mais valioso”, disse Hejnova. Os soldados também levaram o “Codex Argenteus”, composto de letras de ouro e prata, criado por volta do ano 750, e que atualmente se encontra em Uppsala (região central da Suécia).
Desde o século 17, o “Codex Gigas” saiu do território sueco em duas ocasiões. Foi enviado a Nova York em 1970, para uma exposição no Metropolitan Museum, e a Berlim, oito anos atrás.
France Presse