Cerca de 90% do caviar vem dos esturjões selvagens no Mar Cáspio, onde a pesca indiscriminada desde o colapso da União Soviética vem causando problemas.
O esturjão está tão ameaçado que os Estados Unidos acabaram de proibir as importações do caviar mais caro – o beluga – na esperança de que isso leve os produtores a fazer mais pela conservação.
“Em quatro ou cinco anos não haverá mais peixes para caviar”, diz o pescador Nazagha Razania, de 40 anos, que recorda como era fácil a pesca quando ele era pequeno.
Então ele se corrige, dizendo: “De verdade, já acabou, nada mais sai do mar. Como as companhias poden pagar nossos salários se não pegamos mais nenhum peixe?”
Razania acredita que faz parte da última geração de pescadores de esturjões.
O desemprego na região é alto, e muitos pescadores não têm outra escolha senão pescar ilegalmente para alimentar suas famílias. O preço no mercado negro é dez vezes mais alto do que para o caviar legal.
Pesquisadores iranianos acreditam agora que a única maneira de salvar a indústria do caviar é os cinco países do Mar Cáspio investirem em formas de vida alternativas para reduzir a pobreza que força as pessoas a pescar ilegalmente.
O diretor do Centro Internacional de Pesquisa sobre o Esturjão no Irã, Mohammad Piurkazemi, diz que a crise começou com o colapso da União Soviética e a falta de controle sobre a indústria.
A pesca ilegal também ocorre no Irã, mas acredita-se que ela seja muito pior nos ex-Estados soviéticos, onde há envolvimento das máfias locais.
“Sem uma melhora socioeconômica e um aumento nos gastos do governo para a implementação das leis, não será possível salvar as espécies”, diz Pourkazemi.
Ele diz que a cada ano há uma redução de 20% a 30% nos estoques de esturjões no Mar Cáspio, o que significa que a espécie poderá ser extinta em 15 anos.
O esturjão existe desde o tempo dos dinossauros, mas hoje em dia a ânsia por lucros tem provocado uma crise na produção de caviar.
BBC