Uma pesquisa apresentada no Festival de Ciência da Associação Britânica, em Dublin, mostra pela primeira vez que o uso de vermes vivos conseguiu curar asma em ratos.
Segundo o autor da pesquisa, Padraic Fallon, do Trinity College de Dublin, o uso de vermes pode servir para induzir o sistema imunológico a se concentrar no combate a uma ameaça maior e deixar de lado as ameaças menores que provocam as reações alérgicas.
Os cientistas acreditam que isso pode ser resultado das mudanças significativas no estilo de vida, como a mudança do campo para as cidades e até mesmo a redução no tamanho das famílias.
A lógica por trás dessa teoria é a de que as pessoas no mundo desenvolvido não estão mais expostas a elementos patogênicos como vírus e bactérias, então seus corpos reagem a outras ameaças menores.
Sistema ocupado
“Nos países da África, por exemplo, o sistema imunológico [das pessoas] está muito ocupado lidando com os vermes para se ocupar em reagir aos ácaros. Em uma sociedade desenvolvida, o sistema imunológico está procurando coisas com as quais reagir”, diz Fallon.
Segundo ele, o sistema imunológico se desenvolveu para reagir a vermes, mas “de repente não existem mais vermes lá”. “Então ácaros, amendoins ou qualquer coisa que provoque alergias ocupam o sistema imunológico, que então reage e provoca doenças”, diz.
Em seu estudo, Fallon deu aos ratos – que foram geneticamente modificados para desenvolver alergias facilmente – um verme de esquistossomose vivo. O parasita infecta cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo.
Como resultado da experiência, os ratos utilizados no estudo ficaram protegidos contra a asma.
A pesquisa ainda está em um estágio inicial, mas a idéia de Fallon é extrair dos vermes as móleculas que provocam a resposta imunológica e utilizá-las para tratar ou prevenir doenças.
BBC