Costa do Cacau tem da simplicidade de povoados ao luxo de resort

Menos badalada que as praias do norte da Bahia, mais conhecida que o extremo sul do Estado, a faixa litorânea de 180 km chamada de Costa do Cacau reúne em poucas cidades uma mostra da variedade tipicamente baiana. Há a tradição de Ilhéus, o surfe de Itacaré, o romantismo de Canavieiras, os manguezais de Una, as cachoeiras de Uruçuca, as cavernas de Santa Luzia e até os ricos e famosos do resort Transamérica Ilha de Comandatuba. Os cenários são tão díspares que o turista disposto a percorrer a região pode sentir como se fizesse várias viagens de uma tacada só.
A impressão ao descer da balsa que leva à ilha de Comandatuba é a de aportar no seriado dos anos 80 em que todos os desejos eram realizados. Ali do lado, existe uma ilha da Fantasia de verdade, com este nome, mas a denominação seria mais propícia ao território insular do resort Transamérica, repleto de coqueiros centenários e jardins tropicais.

Além do conforto de um aeroporto particular, há praias praticamente intocadas, de areia fina e águas mornas. O cenário é aproveitado ao máximo: o hotel oferece passeios –pagos à parte– aos extremos norte e sul da ilha e às cidades e povoados das redondezas, com destaque para o Ecoparque de Una, que fica perto (leia acima). Outros passeios pagos são o de quadriciclo e o de caminhonete pela areia da praia, até o norte da ilha.

Do luxo ao “lixo”, o resort tem atividades das mais variadas. É possível, por exemplo, passar uma tarde à base de massagens e cremes no Spa L’Occitane, e, no dia seguinte, fazer o passeio rumo ao sul da ilha para encher o corpo de lama. Isso mesmo: lama. Trata-se de um mangue nascente, ainda com aspecto de praia, em que as águas ficam sobre um lodo negro, com uma quantidade moderada de enxofre, que, dizem, faz bem à pele.

É claro que quem não estiver disposto a se aventurar pode, por exemplo, aproveitar o tempo livre para uma partidinha de golfe. E é claro, também, que tanto conforto não sai barato: a diária mais modesta sai a R$ 350 por pessoa.

Praia da Ribeira, afastada do centro, é a mais “selvagem”

Com “ondas perfeitas”, o município baiano começou a atrair surfistas do país inteiro nos anos 70, quando a estrada que ligava Ilhéus ao local ainda era de terra. Hoje, as coisas mudaram. O trajeto, que dura cerca de uma hora e meia, é feito em estrada asfaltada, e o local foi tomado por pousadas e resorts.

Com esse novo perfil, a praia dá abrigo a todos os tipos de turistas, apesar de o surfe continuar a ser um dos seus maiores atrativos. Tanto que, para estimular ainda mais seu potencial esportivo, a associação de surfistas local tem realizado torneios (municipais e estaduais).

Mas essa vocação natural de Itacaré não “atrapalha” a viagem de quem está apenas em busca de sol e tranqüilidade. A natureza foi generosa com esse município baiano, que concentra praias maravilhosas, com ou sem onda.

No perímetro considerado “urbano”, a da Concha é a mais povoada, com maior número de pousadas e também a mais próxima ao centrinho. Esta praia é também ideal para quem está com crianças porque não tem ondas. As outras quatro –Resende, Tiririca, Costa e Ribeira– são mais afastadas e, por isso, têm menos infra-estrutura. As duas primeiras são tipicamente surfistas: muitas pranchas e mulheres e homens de corpos sarados e bronzeados desfilando na areia. Costa e Ribeira ficam grudadinhas –mais afastadas, também têm menos gente. A da Ribeira é banhada pelo rio, o que atrai muitas famílias.

Mas o passeio está só começando, quem está disposto a caminhar ou gastar terá muitas opções em Itacaré. Por meio de trilhas, é possível chegar a praias mais desertas e encantadoras, como Prainha e São José. Agências locais também oferecem pacotes para conhecer municípios vizinhos e cachoeiras a partir de R$ 40 por pessoa. Na praia da Concha, também são agendados alguns passeios de barco.

RAQUEL COZER
Agora São Paulo

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