Comerciantes se queixam da manutenção da taxa de juros

Pelo terceiro mês consecutivo, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 19,75% ao ano. Para os empresários do comércio, a medida representa um aumento da taxa de juros reais e compromete ainda mais a possibilidade de reverter o pessimismo e as expectativas de vendas para os próximos meses.
A Selic está em 19,75% desde maio desse ano, sendo considerada a maior taxa desde outubro de 2003, quando o juro foi taxado em 20%. Os empresários criticaram a postura conservadora do Banco Central (BC) ao decidir, na última quarta-feira (17), pela manutenção da taxa.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Ilhéus (CDL), Paulo Ganem, avalia que mais uma vez o Banco Central agiu com extremo conservadorismo. “A manutenção do atual patamar da Selic é, neste momento, um mecanismo inofensivo diante das variáveis que podem estar preocupando o BC”, disse.
A decisão foi unânime e sem indicação de tendência. O comunicado divulgado após a reunião do dia 17 de agosto é idêntico ao das últimas reuniões. “Avaliando as perspectivas para a trajetória de inflação, o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 19,75%, sem viés”. Os empresários consideram que, desta, forma, o Banco está tomando uma decisão contra o desenvolvimento do país e a favor do desemprego.
Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, o Copom tinha todos os motivos para reduzir os juros. Ele cita como exemplos “o juro real que está muito alto, a deflação nos preços do atacado, a queda dos preços livres e os estoques elevados e adiamento dos investimentos na indústria e comércio”.
Segundo o analista, um corte de 0,25 ou 0,5 ponto porcentual, como era cogitado por parte do mercado, não faria diferença nas taxas ao consumidor, “mas haveria o efeito psicológico: o consumidor ia ficar menos desanimado, com menos medo de perder o emprego, e iria às compras”. Paulo Ganem acredita que sem a redução da taxa, o comércio vai ter que adiar as encomendas de fim de ano por mais um mês. Para ele, o BC perdeu uma excelente oportunidade de estimular o nível de atividades, num momento em que o governo enfrenta a sua mais grave crise política.

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