Várias etapas do projeto já foram realizadas, como reuniões e encontros técnicos com os órgãos e entidades envolvidos nesse trabalho. Além disso, foram feitos encontros mensais com a comunidade para avaliar cada etapa desenvolvida e também a elaboração de um diagnóstico, onde foram observadas as características dos moradores da localidade, levando em consideração as atividades econômicas de cada um, o nível de escolaridade, as aptidões, o conhecimento sobre a história e as opiniões sobre o incremento do turismo como atividade econômica.
Nos dias 6 e 7 de setembro, será ministrado o curso ‘Despertar Rural’, uma dinâmica de grupo para produtores rurais. Outros quatro cursos foram programados para os meses de outubro e dezembro. Em outubro, serão os de ‘Horta Orgânica’, entre os dias 4 e 6; o de ‘Beneficiamento de Fibra da Bananeira’, de 10 a 14; Flores Tropicais, de 24 a 26. O último curso será de ‘Relações Interpessoais’, nos dias 5 e 6 de dezembro. Após os cursos, será implantada uma oficina para a fabricação de doces, artesanatos e ainda uma horta comunitária.
Roteiro histórico-cultural
O gerente da agência do Sebrae em Ilhéus, Eduardo Benjamim Andrade, explica que a proposta desse trabalho de capacitação é preparar a comunidade local para o promissor mercado do turismo, observando a vocação que o espaço já possui. A idéia é implantar no antigo povoado do Rio do Engenho equipamentos de lazer de qualidade para que se transforme no primeiro destino turístico-histórico-cultural de Ilhéus verdadeiramente formatado.
O chefe de extensão do Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis da UESC, Samuel Mattos, autor do projeto, informa que esse é um plano de ação que será executado em até dois anos. A meta é desenvolver as potencialidades do Rio do Engenho para que o local possa atrair os turistas. Otimista com o projeto, o secretário Raymundo Mazzei acrescenta que o Rio do Engenho tem um grande apelo histórico que, aliado às belezas naturais do lugar, evidencia um enorme potencial para o turismo de motivações históricas e ecológicas.
O secretário de Turismo considera a capacitação como uma etapa de fundamental importância nesse projeto e acrescenta que estas atividades visam qualificar a comunidade para ações de geração de renda e a recepção dos turistas que visitam o local. “Queremos melhorar não apenas a estrutura do Rio do Engenho, como também oferecer e qualificar a comunidade”, garante.
História do distrito O distrito do Rio do Engenho pertenceu a um antigo engenho que foi doado pelo donatário da capitania, Jorge de Figueiredo Correa, ao que seria o terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá, que o repassou para os padres jesuítas. No ano de 1548, Mem de Sá fundou o engenho de Santana, que sobreviveu por quase 300 anos.
O local abriga a capela de Nossa Senhora de Santana, a segunda igreja rural mais antiga do Brasil, construída no século XVI pelos jesuítas. A igreja, em estilo neoclássico, é uma das principais atrações do lugar.
O historiador Stuart Schwartz considera o engenho de Santana um engenho atípico, ou seja, diferente dos demais, talvez por se localizar longe do recôncavo, onde estavam localizados todos os outros. Ele considera que esta situação permitiu aos escravos maiores possibilidades de resistência e a conquista de algumas condições favoráveis.
Em 1789, os escravos que lá trabalhavam se rebelaram, fugiram para a mata, passaram quase dois anos sem retornar ao trabalho. Para que o retorno fosse concretizado, foi feita uma negociação com imposições realizadas pelos escravos que, em parte, foram atendidas.
Resgate
Ainda hoje parte do antigo engenho pode ser vista no local. A idéia é resgatar essa história através de um projeto turístico que envolverá toda a comunidade. No Rio do Engenho, além da histórica capela, podem ser observados objetos como a antiga imagem de Nossa Senhora de Santana, a pia batismal, pedras do antigo engenho e muitas outras peças.
O acesso ao Rio do Engenho pode ser feito através de estradas vicinais ou também pelo Rio Santana, saindo da baía do Pontal. A viagem pelo rio dura em média 45 minutos de barco ou 15 minutos de lancha. No caminho, o visitante poderá apreciar as belezas dos manguezais, parte da Mata Atlântica, a vida das comunidades ribeirinhas e ainda animais da fauna brasileira em uma das áreas que já foi habitada por indígenas e escravos.
A idéia é aproveitar toda essa história, todo esse patrimônio natural, hoje esquecido, e transformar o Rio do Engenho num dos mais procurados e visitados pontos turísticos de Ilhéus.
Serviço:
Sebrae na Bahia – (71) 3320-4300
Agência do Sebrae em Ilhéus – (73) 3231-2657
Agência Sebrae de Notícias – (61) 3348-7494