Tirem as crianças da frente do computador se for o caso e podem deixar de ler por aqui o texto os de coração mais fraco ou que, a exemplo do professores Flávio Aguiar e Emir Sader, estão convencidos de que nós, os da “nova direita” (e o cheque da CIA não chega para eu pagar os meus agentes…), estamos empenhados, a cada minuto, em depor o governo operário — ainda que o governo operário do burguês do capital alheio… Direi palavras fortes, daquelas que levam até meus amigos, quando não Lílian, minha mulher, a me cutucar o braço: “Menos, não exagere!”. Porque ainda alimentam por mim a esperança que já não acalento: a de que eu venha a fazer amigos além daqueles que já tenho. Sei que não vou. Pretendo envelhecer com eles. Nada além.
Então lá vai: a lógica essencial, estrutural, descarnada de conteúdos contingentes, que justifica o PT é a mesma que justifica o terrorismo. O PT é o Osama bin Laden do Estado que eles chamam burguês. Terroristas explodem pessoas; petistas explodem instituições; terroristas investem na desestruturação da vida cotidiana dos cidadãos; petistas investem na desestruturação da ordem democrática. Os dois têm uma causa e, por conta dela, acham que tudo vale, que todos os métodos são decentes se os fins são dotados de um conteúdo que eles consideram moral. Não é por acaso que Celso Amorim e Lula fizerem um giro pelo Oriente Médio, visitaram ditaduras, algumas que patrocinam o terror, como a Síria, mas não foram a Israel. Não é por acaso que se tentou promover aqui uma estúpida cúpula árabe-sul-americana — malsucedida, de resto —, proibindo-se, no entanto, a presença de observadores americanos (como sabem, detestamos é a ditadura de Bush…). Não por acaso, o partido e as Farc (aqueles democratas colombianas que traficam cocaína para vender socialismo) estão juntos no Foro São Paulo.
Ah, essa “nova direita” é mesmo terrível! Vejam quantas mentiras contei acima! Os petistas podem reclamar do peso que empresto a cada um dos fatos, só não podem dizer que eles não existem. O que há de positivo em toda a desgraça que colhe o país é a formidável diluição de uma fraude. Mas quero voltar à questão central.
Por que o terror mata inocentes? Apenas porque acha vidas humanas descartáveis? Também por isso, é claro, mas sobretudo porque acredita que algumas mortes são o preço a pagar pela felicidade futura. É assim que se formam os mártires. O martírio está no centro dessa fabulação totalitária: alguns vão perecer para que a verdade final triunfe. E são mártires, no caso do terrorismo islâmico, por exemplo, os que juntam dois fios à volta da cintura para mandar crianças, aos pedaços, pelos ares. E estes inocentes, filhos dos “judeus” e dos “cruzados”, são os cordeiros do sacrifício oferecido na pira do totalitarismo.
E o PT? O PT, desde o começo, sempre deu uma solene banana para as instituições. Quantas vezes vocês leram isso aqui? Quantas vezes leram neste site ou nos textos deste escrevinhador a sistemática acusação de que o partido estava tomando de assalto o Estado; que se estruturava, na prática, como o PRI mexicano — diluindo a fronteira entre o Estado e o partido —, tendo como credo político a máxima gramsciana da constituição desse partido como o Moderno Príncipe, que chama para si o direito de definir o que é virtuoso e o que é criminoso?
Por Reinaldo Azevedo
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