Uma reportagem especial de uma página destaca a força do setor exportador agrícola brasileiro e a “astuta” utilização que o país vem fazendo dos mecanismos para resolver disputas comerciais na Organização Mundial do Comércio (OMC).
“O Brasil está para a agricultura assim como a Índia está para a terceirização de serviços, e a China, para a indústria: uma potência cujo tamanho e eficiência poucos competidores podem igualar”, diz o texto.
Mas a reportagem também ressalta as dificuldades que ainda são encontradas pelo setor, principalmente por causa da falta de infra-estrutura, e queixas de produtores de outros países de que a agricultura brasileira está se dando bem porque compete de forma injusta, graças a subsídios e a padrões ambientais e trabalhistas que deixam a desejar.
“Grupos direitistas americanos e indústrias farmacêuticas estão chamando isso de roubo, e vários congressistas pediram ao representante comercial dos Estados Unidos que sejam aplicadas sanções”, diz o editorial.
“Ainda que a propriedade intelectual mereça respeito e não deva ser violada sem mais nem menos, o que o Brasil está fazendo é legal e merece o apoio de Washington.”
O jornal cobra ainda que o governo americano “faça uma declaração pública de que os Estados Unidos não vão retaliar o Brasil por seu direito de salvar vidas”.
Mas nem tudo que é feito para evitar mortes merece receber apoio –pelo menos segundo uma reportagem do britânico The Independent sobre a proposta de levantar muros em torno das favelas do Rio de Janeiro “a fim de proteger os motoristas das balas perdidas nas cada vez mais violentas guerras de quadrilhas” da cidade.
“Críticos dizem que o projeto é uma forma de segregação econômica”, afirma o jornal, observando que a idéia, “com seus desconfortáveis ecos da barreira de ‘separação’ israelense na Cisjordânia”, já ganhou vários “partidários poderosos”.
Vergonha anacrônica
O jornal argentino Clarín qualifica de “uma vergonha” o tratamento recebido pelos jogadores do River Plate e seus torcedores em São Paulo, antes da partida em que a equipe perdeu por 2 a 0 para o São Paulo pelas semifinais da Copa Libertadores da América.
“Um pouco antes do encontro, voltou-se a respirar este clima de Copa Libertadores de duas ou três décadas atrás”, diz a reportagem.
O jornal afirma que a calma dos jogadores portenhos “desapareceu” assim que saíram do hotel.
“A 20 quadras do estádio, o microônibus que transportava o elenco foi atacado por torcedores do São Paulo com uma catarata de pedradas”, diz o texto, observando que “o ônibus, curiosamente, não tinha escolta policial”.
Dentro do estádio, segundo o La Nación, também de Buenos Aires, houve “uma verdadeira batalha campal” nas arquibancadas quando torcedores argentinos tiveram um “enfrentamento prolongado” com policiais paulistanos.
A confusão começou quando “torcedores do River haviam instalado uma bandeira que a polícia, de forma violenta, tentou tirar”, segundo o jornal.
Buraco de camundongo
O empate em 2 gols do Brasil com o Japão pela Copa das Confederações também rendeu críticas ao esquete brasileiro nos jornais internacionais.
O espanhol Marca afirma que a Seleção Brasileira só jogou futebol por meia hora e quase saiu derrotada ao ser “complacente” no final da partida.
O francês L’Équipe diz que, apesar de ser brilhante em alguns momentos do jogo, o Brasil acabou passando para as semifinais do torneio por um “buraco de camundongo”.
E na própria Alemanha, onde a competição está sendo realizada, o Süddeutsche Zeitung diz que “aos poucos a letargia foi tomando conta dos brasileiros” durante o jogo.
BBC BRASIL