Em 1989 foi descoberto que a doença é causada por uma falha genética e, desde então, cientistas tentam descobrir uma forma de transportar uma cópia saudável do mesmo gene para o organismo, para que ele substitua os defeituosos.
Uma das dificuldades, no entanto, era fazer com que os genes saudáveis chegassem aos pulmões, um dos orgãos mais afetados pela fibrose cística, o que é difícil porque os pulmões tendem a rejeitar substâncias estranhas.
Um mecanismo do vírus do ebola foi usado para o transporte do gene saudável, já que esse vírus atinge principalmente o pulmão. No caso do HIV, um mecanismo do vírus foi usado para implantar os genes nas células.
Segundo o estudo publicado na revista New Scientist, testes realizados em macacos mostraram que o método é eficaz.
Uma cópia de um gene saudável que pode corrigir a falha que provoca a fibrose cística é incluída entre os elementos dos dois vírus.
Testes iniciais mostraram que o vírus híbrido é extremamente eficiente. Em camundongos, o gene saudável carregado pelo vírus estava ativo em 24% das células do sistema respiratório apenas dois meses depois de ter sido inserido.
Em macacos, o gene esta ativo em 21% das células depois de dois meses.
Os elementos dos vírus HIV e ebola usados na terapia não provocam a contaminação, já que o vírus híbrido não tem os componentes que o permitem reproduzir-se dentro do organismo.
Segundo os cientistas, no entanto, se o vírus híbrido chegar à corrente sanguínea – o ambiente onde o vírus normal do HIV geralmente vive – ele não se reproduziria de maneira tão eficiente como o vírus normal, mas o paciente pode sentir alguns efeitos.
O maior risco é que se o paciente for contaminado pelo HIV, uma nova combinação poderia ser criada com o vírus original do HIV se fundindo com o vírus híbrido.
Caso isso aconteça, as consequências são imprevisíveis, mas uma “recombinação” a partir do vírus HIV nunca foi observada.
A fibrose cística – que afeta principalmente o pulmão e o pâncreas, “entupindo” os orgãos com muco – é a mais comum das doenças genéticas graves, segundo o Ministério da Saúde, e não tem cura conhecida.
Estima-se que cerca de 1,5 mil pessoas sofram da doença no Brasil, que tem maior incidência sobre a população branca, seguida da população negra e da asiática.
BBC BRASIL