Nove municípios respondem por 25% do PIB brasileiro, diz IBGE

Apenas nove municípios brasileiros respondem por 25% da produção de bens e serviços brasileiros, revela a pesquisa sobre o PIB (Produto Interno Bruto) dos 5.560 municípios do país divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A participação relativa da população nestes municípios é de 15,2%.
A pesquisa é inédita e os dados são referentes ao ano de 2002. O estudo mostra que a concentração da geração interna da renda e a difusão espacial da produção de riquezas já foi maior. Em 1999, somente sete municípios somavam 25% do PIB brasileiro.
Os nove municípios que agregam 25% do PIB são: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Manaus (AM), Belo Horizonte (MG), Duque de Caxias (RJ), Curitiba (PR), Guarulhos (SP) e São José dos Campos (SP).
Dos 5.560 municípios do país, 70 eram responsáveis por metade do PIB em 2002, o que representa 33,3% da população. A pesquisa mostra também que muitos municípios têm uma participação inexpressiva na produção de bens e serviços: 1.272 unidades administrativas autônomas somam apenas 1% do PIB, o equivalente a 3,7% da população.

Em relação a 1999, início da série histórica da pesquisa, Manaus passou Belo Horizonte e foram incluídos na lista Guarulhos, Duque de Caxias e São José dos Campos. Segundo o IBGE, o crescimento da economia de Manaus foi resultado do recebimento de royalties pelo tráfego de gás natural do poço de Urucu e principalmente pelo crescimento do parque industrial de Manaus.

Duque de Caxias passou da 15ª colocação para o 6º lugar com o crescimento da indústria, principalmente a ligada ao refino de petróleo.

A expansão de Guarulhos foi motivada pelas atividades industriais nos setores de produtos químicos, fabricação de máquinas e aparelhos elétricos, automobilístico e de materiais plásticos e borracha. Já São José dos Campos teve sua economia impulsionada pelo aumento das exportações.

Menor PIB

Os municípios de menor PIB no país são Parari (Paraíba), Lavandeira (Tocantins), São Miguel da Baixa Grande (Piauí), Santo Antônio dos Milagres (Piauí) e São Félix dos Tocantins (Tocantins). Juntos, estes municípios somam apenas 0,001% do total do país.

A análise por regiões mostra que no Norte, os 30 municípios de menor PIB estão localizados em Tocantins. No Nordeste, os Estados do Piauí e da Paraíba concentram o maior número de municípios de menor PIB. No Sudeste, a maior parte se concentra em Minas Gerais. Todos os Estados da região Sul têm municípios entre os 30 de menor PIB. Na região Centro-Oeste, somente o Mato Grosso do Sul não tem municípios de menor participação.

Desigualdade entre municípios é maior na região Sudeste

A pesquisa sobre o PIB (Produto Interno Bruto) dos 5.560 municípios do país, divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que a desigualdade entre municípios de uma mesma região é maior no Sudeste.

Os 10% dos municípios com maior PIB em 2002 na região Sudeste geraram 29,8 vezes mais riqueza que os 50% dos municípios com menor PIB. Excluindo a cidade de São Paulo, a desigualdade permanece alta, mas cai para 23.

Na contramão, a desigualdade é menor na região Sul. O mesmo cálculo revela uma produção de bens e serviços 9,2 vezes maior nos 10% dos municípios com os maiores PIBs.

Na região Norte, a proporção é de 14,7 vezes. No Nordeste, 11,9 vezes e no Centro-Oeste, 14 vezes.

A medida da concentração na produção de riquezas pode ser verificada também pela participação dos cinco principais municípios em relação ao Estado. No Rio de Janeiro, os cinco municípios mais expressivos somam 60% da participação do Estado no PIB. Em São Paulo, o percentual é de 43,3%. Existem exemplos mais extremos, como o Amapá, onde a participação destas localidades chega a 88,3% do PIB estadual.

Os Estados da região Sul têm distribuição mais equilibrada: os cinco municípios mais expressivos de Santa Catarina, por exemplo, somam 30,3% da participação no PIB.

Crescimento nominal

A economia brasileira cresceu 37,4%, em termos nominais, entre 1999 e 2002. No total, 52,5% dos municípios do país cresceram acima dessa taxa. Nos extremos destacam-se Roraima, onde 80% dos municípios cresceram acima da média do Estado e Sergipe, onde apenas 16% dos municípios ultrapassaram a média estadual.

A análise dos municípios que mais cresceram no período 2001-2002 mostra que a maioria tem participação inexpressiva no PIB brasileiro. Os municípios com maior taxa de expansão no biênio foram: Pinhal da Serra (RS), Pirambu (SE), Baraúna (RN), Berilo (MG) e Japira (PR). Somados, estes municípios agregam apenas 0,06% do PIB brasileiro.

Entre os municípios com participação percentual de pelo menos 0,5% do PIB nacional, encontram-se 23 municípios que agregam 35% do PIB. Apenas Macaé – RJ (48,2%), Campos dos Goytacazes – RJ (34,2%), São Francisco do Conde – BA (24,2%), Camaçari – BA (17,3%), Manaus – AM (16,7%), Duque de Caxias – RJ (16,5%) e Recife – PE (13,6%) apresentaram crescimento acima da média nacional, de 12,3%.

Petróleo infla PIB per capita dos municípios

O perfil dos municípios com maior PIB per capita do país revela um traço comum: a indústria do petróleo. Oito dos 10 municípios de maior PIB per capita do Brasil contam com royalties ou indústrias petroquímicas.

Outra característica comum à maioria dos municípios onde o PIB per capita se destaca é a baixa densidade populacional. São localidades industriais onde nem toda a renda produzida dentro da área do município é apropriada pela população residente.

Os 10 maiores PIBs per capita do país são: São Francisco do Conde (Bahia), Triunfo (Rio Grande do Sul), Quissamã (Rio de Janeiro), Porto Real (Rio de Janeiro), Carapebus (Rio de Janeiro), Rio das Ostras (Rio de Janeiro), Garruchos (Rio Grande do Sul), Paulínia (São Paulo), Luis Antônio (São Paulo) e Armação dos Búzios (Rio de Janeiro).

O maior PIB per capita do país é impulsionado pela produção de propano, propeno, gás de cozinha, gasolina, nafta petroquímica, querosene e óleos combustíveis. Em São Francisco do Conde está instalada a Refinaria Landulpho Alves-Mataripe, a RLAM. Construída em 1949, a RLAM está diretamente ligada à descoberta dos primeiros poços de petróleo no país no Recôncavo Baiano. Em 1999 suas instalações foram ampliadas com a construção de mais uma unidade.

O município de Triunfo é sede do Pólo Petroquímico do Sul, implantado no início dos anos 80. Ele é formado pela Copesul, que opera a central de matérias-primas, e oito indústrias de segunda geração. Além disso, o município pertence à região metropolitana de Porto Alegre.

Quissamã, Carapebus, Rio das Ostras e Armação dos Búzios apresentam baixa concentração populacional e foram alçados à condição de municípios com alto PIB per capita em razão das parcelas dos royalties do petróleo e gás natural. Eles são considerados zona de produção principal de petróleo.

A economia do município de Paulínia é puxada pela produção de diesel, gasolina, nafta, querosene e coque na Replan. A refinaria foi inaugurada em 1972.

O PIB per capita dos demais municípios também foi impulsionado pela indústria. Em Luís Antônio encontram-se usinas de álcool e refinarias de açúcar e fábricas de papel e celulose. O crescimento iniciado em 2001 do município de Garruchos tem origem na construção de duas unidades conversoras de energia elétrica importada da Argentina e que é repassada para Ita (Santa Catarina). A energia importada da Argentina chega com 50 Hz e é transformada em 60 Hz. Além disso, o município tem uma população residente pequena.

Enquanto o PIB per capita atinge R$ 273.140 em São Francisco do Conde, a população de Bacuri (Maranhão) tem o menor PIB per capita do Brasil, de R$ 581.

55 municípios respondem por metade da indústria nacional, diz IBGE

A pesquisa sobre o PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios brasileiros divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela que metade da indústria nacional está concentrada em 55 municípios, o equivalente a 27,9% da população.

Apenas 9 municípios brasileiros respondem por 25% do valor adicionado da indústria. Na contramão, 2.859 municípios somam apenas 1% à indústria nacional. Eles representam 13,2% da população.

O crescimento da indústria petroquímica no país mudou o perfil dos municípios que agregam 25% do valor adicionado à indústria. Saíram desta lista as cidades de São Bernardo do Campo, Curitiba e Belo Horizonte. Em 2002, ano de referência da pesquisa, os 9 municípios de maior contribuição à indústria eram São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, São José dos Campos, Campos dos Goytacazes, Macaé, Duque de Caxias, Camaçari e Guarulhos.

O impacto do petróleo na indústria nacional pode ser medido pela lista dos municípios de maior crescimento no biênio 2001-2002 e com participação de pelo menos 0,5% na indústria nacional. Todos estão relacionados à indústria petroquímica, por royalties, refinarias ou pólos petroquímicos: Cabo Frio (RJ), Macaé (RJ), Rio das Ostras (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), São Francisco do Conde (BA), Triunfo (RS), Duque de Caxias (RJ), Cubatão (SP), Manaus (AM) e Camaçari (BA).

JANAINA LAGE
Folha Online

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