Meus amigos, experientes e zelosos, alertam que não se deve bulir com os donos do poder nem com os fabricantes de notícia – sócios na mídia maliciosa e viciada. Dizem que é loucura. Meus amigos desejam o melhor para mim e eu o melhor para eles: é por isso que, nesse particular, não lhes dou ouvido.
O factóide, matéria prima da indústria do fuxico, tenta preencher o vazio da desinformação, sua verdadeira finalidade, camuflando-se com páginas coloridas na tentativa de tirar do vermelho o gazetismo cinzento, nanico no seu propósito e na extensão do caráter.
“O fato criado apenas para chamar a atenção do público, sem conseqüência posterior”, essa é a designação amena dada pelo dicionarista Sérgio Ximenes ao termo factóide (Ediouro: 2000, p. 422). Mas, em bom português, o factóide nada mais é que a substituição da notícia pela futrica, ou seja, é a pulverização da verdade em prejuízo da informação. Rolo compressor ao arrepio da Lei de Imprensa e do jornalismo digno desse nome, a promiscuidade da falsa mídia com o poder político pode se tornar um monstro tão covarde quanto violento. O que aparenta algo inocente porque comum, vulgar, é, em verdade, uma impiedosa máquina de moer carne humana.
O factóide, matéria prima da indústria do fuxico, tenta preencher o vazio da desinformação, sua verdadeira finalidade, camuflando-se com páginas coloridas na tentativa de tirar do vermelho o gazetismo cinzento, nanico no seu propósito e na extensão do caráter.
“O fato criado apenas para chamar a atenção do público, sem conseqüência posterior”, essa é a designação amena dada pelo dicionarista Sérgio Ximenes ao termo factóide (Ediouro: 2000, p. 422). Mas, em bom português, o factóide nada mais é que a substituição da notícia pela futrica, ou seja, é a pulverização da verdade em prejuízo da informação. Rolo compressor ao arrepio da Lei de Imprensa e do jornalismo digno desse nome, a promiscuidade da falsa mídia com o poder político pode se tornar um monstro tão covarde quanto violento. O que aparenta algo inocente porque comum, vulgar, é, em verdade, uma impiedosa máquina de moer carne humana.
Quem não se lembra dos educadores paulistas que tiveram sua escola e suas residências depredadas por conta de uma falsa notícia? A irresponsabilidade de setores da imprensa em não apurar os fatos e a vaidade de um delegado de polícia em querer aparecer mais do que a verdade transformaram a vida desses cidadãos numa sucursal do inferno. Acusados de molestar sexualmente algumas crianças de sua escolinha foram linchados moralmente pela imprensa sensacionalista. Esses profissionais da educação tiveram destruído o patrimônio de uma vida, tanto o econômico quanto o moral, algo que não se constrói em uma semana, e até hoje convivem com o trauma da violência e da humilhação mesmo depois de se ter apurada e comprovada a sua inocência.
Na querida cidade de Jacobina agora temos um paralelo com a barbárie paulista: um cidadão de bem (e, por extensão direta, seu primogênito: respectivamente, meu pai e meu irmão) têm o seu patrimônio moral, mais do que o econômico, depredado pela irresponsabilidade de quem se dispõe de uma fração de poder e a utiliza para regojizo próprio em nome de uma coletividade estupefata.
Proprietário de um terreno, após ter sido prejudicado mais de uma vez pelo poder municipal, iniciou a construção de um muro de arrimo devidamente documentada pela própria Prefeitura na anterior gestão, tentando evitar perda total de sua área. Da noite para o dia viu seu nome estampado no jornal Primeira Página (22.01.2005, p. 3) acusado de vários crimes sem qualquer prova. O hebdomadário local além de omitir que ele é o verdadeiro dono da área afirmou por conta e risco que lá seria construído, clandestinamente, um lava a jato e que, além de “inundação de ruas”, causaria “impacto ambiental ao Rio Itapicuru-Mirim”. Seria irônico não fosse trágico, pois, nosso rio, além de todas as agressões sofridas sob olhar complacente, foi desviado, artificialmente, embora numa gestão anterior a estas duas, por tratores da própria Prefeitura, o que acabou aproximando o rio do terreno. Uma equipe multidisclinar, cientificamente gabaritada, pode atestar quem comete crime ambiental.
A infeliz matéria tem como fonte citada apenas um assessor jurídico da atual Prefeitura que (além de advogar para o jornal é desafeto do ex-prefeito que concedeu o Alvará de Construção) ganhou espaço para imprimir sua versão e, de lambuja, barganhar politicamente como defensor do bem público. Seria perfeito não fosse torpe, e ao fato de que o proprietário, Sr. Heitor de Freitas Brasileiro, tem todas as provas em contrário, é pessoa querida e respeitada na sua comunidade como um cidadão de bem. Portanto, em Jacobina, o tiro saiu pela culatra (vide jornal O Encarte, 12.03.2005, P.6).
Ocorreu, porém, que a pobre matéria foi requentada por uma jornalista da sucursal de Feira de Santana que estava substituindo, momentaneamente, o editor do Caderno Municípios do jornal A Tarde (27.01.2005) e o erro foi multiplicado. Ironicamente, num dos momentos mais felizes do jornal A Tarde, um dos mais importantes jornais do País, que corajosamente tem feito esforço para retornar as sua raízes combativas de 1912, quando começou com o jornalista Simões Filho enfrentado o governo de J.J. Seabra, e hoje tem como editor geral o poeta Florisvaldo Matos, homem de cultura e de letras, por quem fui editado várias vezes no seu Caderno Cultural. Todavia, como ambos os jornais são acessados via internet e a acusação de crime ambiental extrapola nossas fronteiras, um homem de bem, que apenas queria fazer uso de seu direito de cidadão, foi exposto como inimigo público número um, não apenas da cidade que ajudou a construir, mas da humanidade.
O jornal A Tarde, na edição de 18.02.2005 (Municípios), faz sua mea culpa e acena, como o grande jornal que é, para a dignidade do jornalismo (embora sabemos a delicadeza que envolve danos morais, vez que o público que leu uma edição não é o mesmo que leu outra), enquanto que o jornal Primeira Página, de onde tudo começou, se omite e perde a oportunidade do reencontro com a verdade.
Enquanto a página policial satisfaz apenas a curiosidade mórbida e as especializadas em fofoca atende a fútil demanda, a distorção dos fatos com o objetivo de confundir a opinião pública não constitui novidade para o gazetismo desprovido de ética e de compromisso com quem busca a informação de fonte limpa. Como todo lixo produz chorume, a promiscuidade entre o poder político e a subserviência de alguns setores do chamado quarto poder (a imprensa) tem produzido o que há de pior na história da humanidade e, para horror dos grandes profissionais da informação, tenta transformar a honrosa profissão de jornalista numa das mais sacrificadas e humilhantes no mundo das Comunicações.
Na querida cidade de Jacobina agora temos um paralelo com a barbárie paulista: um cidadão de bem (e, por extensão direta, seu primogênito: respectivamente, meu pai e meu irmão) têm o seu patrimônio moral, mais do que o econômico, depredado pela irresponsabilidade de quem se dispõe de uma fração de poder e a utiliza para regojizo próprio em nome de uma coletividade estupefata.
Proprietário de um terreno, após ter sido prejudicado mais de uma vez pelo poder municipal, iniciou a construção de um muro de arrimo devidamente documentada pela própria Prefeitura na anterior gestão, tentando evitar perda total de sua área. Da noite para o dia viu seu nome estampado no jornal Primeira Página (22.01.2005, p. 3) acusado de vários crimes sem qualquer prova. O hebdomadário local além de omitir que ele é o verdadeiro dono da área afirmou por conta e risco que lá seria construído, clandestinamente, um lava a jato e que, além de “inundação de ruas”, causaria “impacto ambiental ao Rio Itapicuru-Mirim”. Seria irônico não fosse trágico, pois, nosso rio, além de todas as agressões sofridas sob olhar complacente, foi desviado, artificialmente, embora numa gestão anterior a estas duas, por tratores da própria Prefeitura, o que acabou aproximando o rio do terreno. Uma equipe multidisclinar, cientificamente gabaritada, pode atestar quem comete crime ambiental.
A infeliz matéria tem como fonte citada apenas um assessor jurídico da atual Prefeitura que (além de advogar para o jornal é desafeto do ex-prefeito que concedeu o Alvará de Construção) ganhou espaço para imprimir sua versão e, de lambuja, barganhar politicamente como defensor do bem público. Seria perfeito não fosse torpe, e ao fato de que o proprietário, Sr. Heitor de Freitas Brasileiro, tem todas as provas em contrário, é pessoa querida e respeitada na sua comunidade como um cidadão de bem. Portanto, em Jacobina, o tiro saiu pela culatra (vide jornal O Encarte, 12.03.2005, P.6).
Ocorreu, porém, que a pobre matéria foi requentada por uma jornalista da sucursal de Feira de Santana que estava substituindo, momentaneamente, o editor do Caderno Municípios do jornal A Tarde (27.01.2005) e o erro foi multiplicado. Ironicamente, num dos momentos mais felizes do jornal A Tarde, um dos mais importantes jornais do País, que corajosamente tem feito esforço para retornar as sua raízes combativas de 1912, quando começou com o jornalista Simões Filho enfrentado o governo de J.J. Seabra, e hoje tem como editor geral o poeta Florisvaldo Matos, homem de cultura e de letras, por quem fui editado várias vezes no seu Caderno Cultural. Todavia, como ambos os jornais são acessados via internet e a acusação de crime ambiental extrapola nossas fronteiras, um homem de bem, que apenas queria fazer uso de seu direito de cidadão, foi exposto como inimigo público número um, não apenas da cidade que ajudou a construir, mas da humanidade.
O jornal A Tarde, na edição de 18.02.2005 (Municípios), faz sua mea culpa e acena, como o grande jornal que é, para a dignidade do jornalismo (embora sabemos a delicadeza que envolve danos morais, vez que o público que leu uma edição não é o mesmo que leu outra), enquanto que o jornal Primeira Página, de onde tudo começou, se omite e perde a oportunidade do reencontro com a verdade.
Enquanto a página policial satisfaz apenas a curiosidade mórbida e as especializadas em fofoca atende a fútil demanda, a distorção dos fatos com o objetivo de confundir a opinião pública não constitui novidade para o gazetismo desprovido de ética e de compromisso com quem busca a informação de fonte limpa. Como todo lixo produz chorume, a promiscuidade entre o poder político e a subserviência de alguns setores do chamado quarto poder (a imprensa) tem produzido o que há de pior na história da humanidade e, para horror dos grandes profissionais da informação, tenta transformar a honrosa profissão de jornalista numa das mais sacrificadas e humilhantes no mundo das Comunicações.
Heitor Brasileiro Filho