Usuários da nova droga foram localizados em Rio Branco e nos municípios de Epitaciolândia e Brasiléia, no sudoeste do Acre, na fronteira com Peru e Bolívia.
“O oxi é mais devastador do que o crack. Tanto que os usuários de crack não usam o oxi porque sabem que a fissura que a droga dá é muito forte”, disse a psicóloga Helena Lima, coordenadora da pesquisa.
Segundo Lima, a droga atua no sistema neurovegetativo, que controla as funções digestivas, cardíacas e respiratórias. Como conseqüência, o uso do oxi pode causar alterações nos batimentos cardíacos e na respiração, além de vômitos e diarréias.
Segundo a Polícia Federal, a grama do oxi pode variar de R$ 2 a R$ 10, dependendo do lugar onde é vendida e o poder aquisitivo de quem compra.
“Na fissura pela droga, alguns usuários contaram que aceitaram fazer programas até por R$ 0,25, o que aumenta o risco de contaminação com HIV”, disse Lima.
O relatório final da pesquisa “Vulnerabilidade à Aids por Usuários de Drogas”, elaborada em parceria entre o Ministério da Saúde e a ONG Reard (Rede Acreana de Redução de Danos), foi divulgado nesta quarta-feira, na Assembléia Legislativa do Acre, em Rio Branco.
A coleta de dados foi feita no segundo semestre de 2003. Foram ouvidos 80 usuários de drogas em Rio Branco, Epitaciolândia e Brasiléia. Segundo Lima, pelo menos 25 usuários pesquisados que consumiam oxi já morreram.
A pesquisa foi concluída em julho de 2004, mas a divulgação foi adiada para depois da posse das novas administrações municipais, em janeiro passado. A idéia era que a pesquisa ajudasse a definir políticas para prevenção à Aids com gestores da área de saúde dos municípios e do Estado.
Para o agente da Polícia Federal Maurício Pinheiro, chefe da Delegacia de Repressão de Entorpecentes, em Rio Branco, o oxi ou oxidado é produzido no Peru, mas chega ao país pela Bolívia. Segundo ele, o nome da droga é uma gíria usada pelos traficantes para designar o produto resultante do processo de oxidação da pasta base de cocaína.
“O oxidado é a manipulação da pasta base de cocaína, que é praticamente líquida, com substâncias químicas”, disse Pinheiro.
Segundo a Polícia Federal, as cidades de Epitaciolândia e Brasiléia são os principais pontos de comercialização da droga. Várias pequenas apreensões de oxi foram feitas nos últimos meses, mas não é possível precisar quando a droga começou a ser usada no Estado.
SÍLVIA FREIRE
Agência Folha