A confirmação foi feita nesta segunda-feira após as investigações do órgão. O local foi citado pela maioria dos pacientes entrevistados.
De acordo com o diretor da Vigilância, Luis Antonio Silva, as inspeções no local atestaram boas condições de higiene e organização dos alimentos. O problema, segundo ele, é o local de armazenamento da cana-de-açúcar, a céu aberto.
A reportagem não conseguiu falar com o proprietário. Um funcionário disse que ele estava em viagem, na casa de parentes, e não possuía celular nem outro telefone para contato.
A diretora da Vigilância Sanitária estadual, Raquel Bittencourt, disse que irá aguardar a conclusão do caso para avaliar se houve negligência e, assim, punir o estabelecimento. Uma norma específica para a comercialização do caldo de cana entra em vigor no dia 31.
O número de casos confirmados no Estado não se alterou: são 30 até agora. O Ministério da Saúde computa mais um, em Curitiba (PR), totalizando 31. Cinco pessoas já morreram devido à doença.
Ainda são investigados 64 casos suspeitos. Exames realizados em todo o Estado estão sendo enviados ao Laboratório Central, onde terão a confirmação ou não da infecção. Até esta segunda, 1.466 testes foram analisados. Apenas seis reagiram e terão de passar por uma contraprova.
Em Joinville, dez casos de pessoas assintomáticas também deram resultado positivo no primeiro exame. De acordo com Silva, o teste imunoenzimático Elisa (método que diagnostica a doença por meio de variação de cor) é preciso ao negar a presença do protozoário, mas nem sempre ao confirmar de fato a doença.
Ele afirma que o órgão estadual já descartou 42 casos após o segundo exame, de hemoglutinação (que utiliza um composto fluorescente para detecção).
Segundo Adilson Buzzi, gerente de Vigilância em Saúde de Joinville, 26.458 pessoas se cadastraram para fazer o exame no município. Dessas, 529 apresentavam os sintomas da doença e tiveram prioridade no atendimento. Já foram feitos 21.166 exames na cidade.
Animais silvestres
A Vigilância Epidemiológica e o Ministério da Saúde continuam as buscas ao barbeiro na região em que foram confirmados os casos. Nada foi encontrado.
Cinco animais, entre gambás, morcegos e roedores silvestres, foram capturados. De acordo com Mário Steindel, coordenador do Laboratório de Protozoologia da Universidade Federal de Santa Catarina, eles já foram analisados e o resultado dos exames deve sair em duas semanas.
Ele explica que, apesar de alguns deles não serem transmissores, a presença do protozoário no animal pode indicar a existência do ciclo da doença no local.
THIAGO REIS
Agência Folha