O texto de Melo Filho fala de Jorge Amado, desde os tempos em que o conferencista, como jornalista político, conheceu o então deputado do PCB (Partido Comunista Brasileiro), que apenas se insinuava como o grande escritor que seria traduzido e lido, alguns anos mais tarde, nos mais surpreendentes rincões do planeta. “Eu que, menino em Natal, já lera O País do Carnaval, Cacau e Suor, passei a ver Jorge Amado diariamente, no Palácio Tiradentes, onde o líder da bancada comunista, Luiz Carlos Prestes, também era encontrado freqüentemente”, lembrou Murilo Melo Filho.
“Inquietação de jornalista”
Murilo Melo Filho veio a Ilhéus como representante da Academia Brasileira de Letras, da qual é diretor de biblioteca, para prestigiar a posse da diretoria da Academia de Letras de Ilhéus para o biênio 2005/2006. Os novos dirigentes da ALI são João Hygino Filho (presidente), Maria Luiza Heine (1ª vice), Maria Luiza Nora (2ª vice), Antônio Lopes (secretário-geral), Maria Schaun (1ª secretária), Edgar Souza (1º tesoureiro), Arleo Barbosa (2ª tesoureiro), Dorival de Freitas (diretor da biblioteca), Francolino Neto (diretor da revista) e Mário de Castro Pessoa (diretor de arquivo e museu).
O visitante foi saudado pelo acadêmico Dorival de Freitas, que destacou a longa trajetória de Melo Filho (que iniciou a carreira de jornalista aos 12 anos, em Natal), com vários livros publicados (alguns como O Desafio Brasileiro, com tiragem acima de 15 mil exemplares), visita a países de todos os continentes (foi 32 vezes à Europa, 27 aos EE.UU., duas à África e duas à Ásia), convivência com grandes nomes do jornalismo e da literatura (entre eles, David Nasser, Barbosa Lima Sobrinho, Samuel Wainer, José Cândido de Carvalho e Carlos Lacerda). “Tem a inquietação própria do jornalista, a preocupação de estar presente aos acontecimentos e deles participar”, disse Dorival de Freitas.
O presidente João Hygino Filho disse que “a presença da Academia Brasileira de Letras nestes pagos sul-baianos é, acima de tudo, motivo não só de glória, mas também de orgulho para os que aqui vivem e mourejam” e deplorou que “Jorge Amado e Adonias Filho [ambos da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Letras de Ilhéus] não estejam mais vivos para partilharem deste momento singular, que ficará, temos certeza, indelével na memória dos contemporâneos e dos prósteros”. Mais adiante, afirmou o presidente João Hygino Filho: “É pena que não estejamos no apogeu do cacau, mas no seu perigeu, para que pudéssemos dar a dimensão devida, no Estado e no País, do que este momento representa para Ilhéus e região. Mas fique certo o imortal Murilo Melo Filho que a presença da Academia Brasileira de Letras entre nós abre um capítulo novo, uma era nova em nossa história cultural e literária”.
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