Prefeitura de Ilhéus aterra manguezal

A prefeitura do município foi autuada e recebeu multa de R$ 40,5 mil, ontem, pelo chefe do escritório do Ibama, em Ilhéus, Sérgio Ramos, com base na Lei 9.605/98, de Crimes Ambientais. No último domingo, por volta das 8 horas, Ramos flagrou a caçamba placa JMX-5691, da prefeitura, despejando mais de 60 metros cúbicos de entulho, lixo e restos de construções em área de manguezal do Rio Fundão, na BR-415, na entrada da cidade.

Na ocorrência, a prefeitura é acusada de causar impacto e destruir 27 hectares de mangue, área de preservação permanente. Segundo Sérgio Ramos, o veículo era conduzido pelo motorista Gerson Pereira Guimarães, que não teve como explicar a agressão ao meio ambiente, numa área que já sofre intensa degradação com a implantação da favela da Rua do Mosquito.

Criada há cerca de 10 anos, a favela cresceu, segundo o chefe do Ibama, sem que a prefeitura tomasse providências para barrar a degradação da área. Hoje está difícil retirar as famílias que se instalaram em barracos e pequenas casas, que dispõe de energia elétrica. Alguns têm até antena parabólica e garagem.

DESCASO – “É lamentável que quem deveria zelar pelo meio ambiente municipal é o primeiro a demonstrar descaso com esse importante ecossistema de mangue e que é responsável pela manutenção do equilíbrio ecológico, e toda produção pesqueira litorânea”, afirma Sérgio Ramos.

Nos últimos anos, mais de 20% das áreas de mangues do município já foram destruídas. O mais grave, segundo o chefe regional do Ibama, é que tudo acontece sob olhares do poder público municipal. Ramos afirma que desde 1997 foram lavrados 20 autos de infração, em ações de fiscalização contra corte e aterro de manguezais, no município de Ilhéus.

Nesse mesmo tempo foram expedidos 15 embargos de interdição, sete termos de advertência e 19 notificações. Ramos revela que chegam ao órgão dezenas de denúncias de aterro de manguezais, com utilização de veículos da própria Prefeitura Municipal.

ANA CRISTINA OLIVEIRA

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