ENÉRGIAS RENOVÁVEIS

A eletricidade gerada pelas fontes de energia limpas e renováveis são resultado do aproveitamento de recursos naturais como o sol e os ventos, ou de resíduos como restos agrícolas ou lixo orgânico. Além de as matérias-primas dessas fontes serem abundantes, utilizá-las significa não esgotá-las. Significa também não agredir o meio ambiente. A lista de vantagens, na verdade, é imensa. Investindo-se em energias renováveis como solar, eólica, biomassa, biogás e pequenas hidrelétricas, se aumenta a diversidade da oferta de energia, se assegura a geração de energia sustentável a longo prazo, se reduz a poluição e a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, se cria oportunidades de empregos nas regiões rurais, oferecendo oportunidades para o desenvolvimento de tecnologias locais. É energia positiva mesmo.

Biocombustíveis

Nosso biocombustível mais conhecido é o álcool extraído da cana-de-açúcar, que apresenta a vantagem de ser menos poluente tanto durante sua produção, quanto na sua combustão nos motores. Apesar dos graves problemas sociais e ambientais relacionados à cultura da cana – como a exploração do trabalho de bóias-frias, a queima da palha na colheita e o plantio em larga escala – a indústria do álcool tem melhorado suas técnicas e procedimentos.

A mamona, o dendê, o buriti e várias plantas da Amazônia estão atualmente sendo estudadas para a produção do biodiesel, um combustível fabricado a partir de óleos vegetais, que possui muitas vantagens em relação aos derivados do petróleo. Em algumas regiões, já se começa a adicionar pequenas quantidades desses óleos vegetais ao diesel comum, reduzindo-se a nossa dependência do petróleo.

Outra alternativa de combustível bastante difundida são os óleos in natura, ou seja, sem a mistura de produtos químicos. A canola, o amendoim, a soja, o girassol e outros óleos bastante conhecidos têm sido utilizados na Europa para mover carros, caminhões e até mesmo locomotivas, o que tem despertado o interesse por essa tecnologia aqui no Brasil.

Com determinados cuidados, como a escolha das plantas oleaginosas a serem exploradas, o tamanho e a localização das plantações e o controle dos gases resultantes da combustão nos motores, os biocombustíveis representam uma série de oportunidades para o País, como novos investimentos em infra-estrutura produtiva, gerando empregos e renda. Além disso, são 100% verde-amarelos, já que são produzidos a partir de insumos abundantes no território brasileiro.

Biogás

Toda matéria orgânica, como restos agrícolas, esterco ou lixo, sofre decomposição por bactérias microscópicas. Durante o processo, as bactérias retiram dessa biomassa aquilo que necessitam para sua sobrevivência, lançando gases e calor na atmosfera.

O biogás é resultante da decomposição controlada do lixo doméstico, feita em aterros sanitários, ou da decomposição do esterco de gado em recipientes especiais conhecidos como biodigestores. O esgoto das nossas cidades, recolhido às estações de tratamento, também é uma fonte de biogás, que pode ser utilizado para movimentar ônibus e caminhões, ou para produzir eletricidade e calor em co-geradores.

Uma política de geração e aproveitamento do biogás possibilitaria a regularização de milhares de lixões que existem no País. Isso porque, para operá-los de maneira controlada, seria necessário investir em infra-estrutura, drenagem, segurança e mão-de-obra especializada. Do mesmo modo, o esgoto, que atualmente é jogado em córregos e valas, teria de ser canalizado para estações de tratamento, resultando em ganhos ambientais, sociais e de saúde pública. A boa notícia é que já contamos com aterros sanitários funcionando regularmente e gerando biogás de lixo em cidades como Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia.

Outra iniciativa muito importante seria estimular a adoção de biodigestores em áreas rurais, gerando gás de cozinha a partir do estrume bovino ou suíno, como já acontece em milhões de residências na China e Índia.

Biomassa

Proveniente de matérias encontradas em abundância em todo o País, a biomassa é uma fonte limpa de energia, que não polui e não se esgota. Ao contrário, a energia obtida a partir da biomassa reduz a poluição ambiental, pois utiliza lixo orgânico, estrume de gado, restos agrícolas, aparas de madeira ou óleos vegetais. A Agência Internacional de Energia calcula que, dentro de 20 anos, cerca de 30% de toda a energia consumida no mundo será proveniente de biomassa.

De maneira geral, a produção de energia a partir de biomassa requer uma área significativamente menor do que aquela exigida para a construção de uma usina hidrelétrica, por exemplo. Além disso, incentiva atividades econômicas locais, como a agroindústria, reduzindo custos, fixando as comunidades em suas áreas de origem e possibilitando o acesso de comunidades isoladas à eletricidade.

Várias comunidades na Amazônia já geram energia a partir da queima controlada dos restos de madeira, em suas pequenas serrarias. De cada árvore serrada, quase 50% era perdido em forma de serragem, lascas ou aparas das cascas, antes abandonados ao apodrecimento. Hoje, essas comunidades suprem suas necessidades energéticas com a queima controlada desse material.

Por sua vez, a casca de arroz deixou de ser um problema ambiental para a indústria de beneficiamento gaúcha e virou um insumo gerador de energia. O subproduto da queima da casca de arroz pode, ainda, ser recuperado como matéria-prima para as indústrias eletrônicas, de cerâmica e de vidro. Já o bagaço da cana-de-açúcar, considerado um estorvo até há pouco tempo, hoje é queimado de modo controlado, produzindo calor para a destilação do álcool e vapor para a geração de eletricidade.

Eólica

A energia eólica é aquela que vem da força dos ventos. Essa transformação de ventos em eletricidade, no entanto, não é tão simples assim. É preciso que os ventos sejam constantes (sem grandes períodos de calmarias), ocorram em uma intensidade mínima (de 28 Km/h) e tenham uma direção predominante (sem mudanças abruptas).

Para transformar os ventos em eletricidade, utilizam-se turbinas eólicas, que podem ir de modernos aerogeradores desenvolvidos por agências espaciais, até os velhos moinhos e cata-ventos das nossas fazendas de antigamente. No Brasil, a região litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, assim como os pampas gaúchos, são as áreas mais indicadas para o aproveitamento do nosso potencial eólico.

Estimativas do potencial eólico brasileiro indicam que poderemos alcançar 85 mil MW de geração de energia a partir dos ventos, quase o triplo da atual capacidade das 30 mil turbinas instaladas em todo o mundo. Para se ter uma idéia da grandeza desses números, somando-se todas as fontes energéticas à nossa disposição, o Brasil gera hoje cerca de 74 mil MW.

Segundo dados do Centro Brasileiro de Energia Eólica, da Universidade Federal de Pernambuco, o setor cresce 25% ao ano no mundo. Grande parte desse avanço se deve à contínua redução dos custos de geração e dos investimentos tecnológicos nessa fonte de energia.

Hidrelétricas

As hidrelétricas têm grande importância no cenário energético brasileiro. Seu potencial estimado, o número de barragens já construídas e o conhecimento acumulado por especialistas ao longo dos anos fazem com que o preço da energia hidrelétrica seja muito baixo.

No entanto, dependendo de seu porte ou localização, uma barragem pode ter impactos sociais e ambientais graves. Para se ter uma idéia, há no Brasil cerca de 330 mil pessoas que já foram desalojadas de suas terras devido à construção de hidrelétricas, e que nunca mais foram reassentadas.

Os grandes reservatórios alteram a quantidade e a freqüência das chuvas, a temperatura média local e a umidade relativa do ar. Além disso, emitem, devido à decomposição da vegetação submersa, consideráveis quantidades de metano – que contribui 21 vezes mais para as mudanças climáticas globais, se comparado ao gás carbônico.

Por outro lado, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) de até 30 MW de potência, ou de área alagada inferior a 3 km², são muito relevantes para a geração de energia sustentável. Em comparação com as grandes hidrelétricas, as PCHs resultam em menor impacto ambiental e volume de investimentos, e deveriam se tornar uma prioridade para aumentar a oferta de energia elétrica no Brasil.

Energia Solar

A luz do Sol todos os dias entra pelas janelas das nossas casas e escritórios, clareando e aquecendo os ambientes, de graça. Esta é a noção mais simples que temos da energia solar. Porém, há maneiras de se aproveitar melhor essa força que vem do Sol, seja para a geração de eletricidade ou para o aquecimento da água.

A energia solar térmica já é velha conhecida da humanidade. No Brasil, é comum o “coletor solar” utilizado para o aquecimento de água, que geralmente é colocado sobre o telhado das casas ou edifícios. Constituído por pequenos tubos em forma de ziguezague, o coletor faz a água circular vagarosamente dentro de uma caixa de vidro fechada, especialmente preparada para aumentar o calor que vem do Sol (como em uma estufa). A água, então aquecida, segue para recipientes isolados que mantêm sua temperatura elevada.

Já a energia solar fotovoltaica, como o próprio nome já diz, aproveita a luz do Sol (foto) para produzir corrente elétrica (voltaico). As primeiras células ou placas fotovoltaicas da História eram constituídas de lâminas de vidro muito finas, com cristais de silício em seu interior. Ao atingir a placa fotovoltaica, a luz do Sol ativava os átomos do silício, provocando a troca de elétrons entre eles. Pequenos fios metálicos, dispostos no meio desses cristais, serviam de rota de fuga para os elétrons soltos, o que gerava uma corrente elétrica. Hoje, é claro, a tecnologia avançou muito, mas o princípio é o mesmo.

No Quênia, atualmente há cerca de 150 mil casas equipadas com placas fotovoltaicas; na China, o número de casas que utilizam energia solar fotovoltaica está próximo dos 100 mil.

Eficiência Energética

A preocupação com a eficiência energética surgiu com a crise mundial do petróleo em 1974. Desde então, a necessidade de redução da dependência do petróleo foi gradualmente dando espaço ao conceito da diminuição do consumo. Chamado de Negawatt, esse termo refere-se à energia que não precisa ser gerada agora, evitando-se investimentos na construção de novas usinas. Assim, se ganha tempo para decisões mais maduras a esse respeito.

É possível economizar muita energia substituindo-se máquinas e equipamentos antiquados por outros mais modernos, que consumam menos eletricidade ou diesel. Além disso, uma pequena mudança de hábitos pode resultar em grandes reduções nos gastos de energia e nas contas mensais de luz e de gasolina.

A redução das perdas que ocorrem entre a geração nas usinas, a transmissão nos linhões e a distribuição nas redes das cidades também poderiam adiar a necessidade de construção de vários empreendimentos por muitos anos. A repotenciação, por exemplo – que é a troca das velhas turbinas das hidrelétricas mais antigas por outras mais modernas e de melhor rendimento, utilizando a mesma barragem já construída e sem causar novos danos ambientais e sociais – poderia gerar mais eletricidade, com muito pouco investimento.

De sua parte, procure conhecer o consumo de energia de um eletrodoméstico antes de adquiri-lo. Desligue da tomada os aparelhos que não estiverem sendo usados. Apague as luzes ao sair de um cômodo. Evite ao máximo o uso de chuveiros e torneiras elétricos. Planeje suas viagens para evitar deslocamentos desnecessários.

Energias Sujas: Nuclear e Combustíveis Fósseis

Nuclear – O objetivo principal da primeira ação do Greenpeace no Brasil foi impedir o funcionamento da usina nuclear de Angra I, no Estado do Rio de Janeiro, levando-se em consideração os efeitos negativos da radiação. As conseqüências sobre a saúde humana dos acidentes já ocorridos em usinas nucleares pelo mundo vão de lesões a órgãos vitais, até a leucemia e outros tipos de câncer. O lixo atômico também é um grande problema. Mesmo quando armazenado em recipientes especiais, representa risco de contaminação do ar e da água.

Carvão mineral – A exploração e a queima desse recurso não-renovável reduzem a biodiversidade, degradam os ecossistemas e comprometem os recursos hídricos, destruindo também o potencial turístico de áreas inteiras. A região de Criciúma (SC) é hoje uma das mais poluídas do País. A Bacia do rio Araranguá foi irremediavelmente comprometida pelos resíduos do carvão mineral. Para piorar a situação, os trabalhadores das minas de carvão são obrigados a aposentar-se muito precocemente, devido aos males pulmonares causados pela poeira que respiram.

Petróleo – Por suas reservas concentradas em poucos países, o petróleo é motivo de disputas econômicas e conflitos armados. Além disso, é uma das maiores fontes de poluição do ar.

Gás natural – Embora seja menos poluente do que o carvão ou o petróleo, o gás natural também é finito e não-renovável, além de contribuir as mudanças do clima no planeta.

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