Durante a semana dedicada a Jorge Amado, a instituição foi visitada pela escritora Paloma Jorge Amado, que agradeceu sensibilizada às homenagens de Ilhéus ao seu pai. Ela também lançou o livro “A comida baiana de Jorge Amado (o livro da cozinha de Pedro Archanjo com as merendas de dona Flor),” com 328 páginas e que é o resultado de pesquisa sobre tudo o que se come e o que se bebe nas páginas dos romances de seu pai, com apresentação de Zélia Gattai, mãe da autora e companheira de Jorge por mais de 50 anos.
SEGREDOS – Paloma lembrou que Jorge Amado era também um amante dos prazeres da mesa, “embora não soubesse nada de cozinha, tinha pratos preferidos tanto da culinária baiana, quanto da chinesa, francesa…”, e revelou ainda que para os pratos que incluía em seus livros, Jorge não dispensava consultas com quituteiras e chefs, “na maioria das vezes colocava até o nome da autora do prato no livro”, conta a escritora, que não hesitou em sua pesquisa ao ir atrás das mesmas quituteiras que o pai consultava: Dona Maria, Ayla, Dadá, Dona Canô e tantas outras, cada uma com sua especialidade.
Quem também participou da visita da escritora à Academia de Letras de Ilhéus foi a presidente da Fundação Cultural, Maria Luiza Heine, que também acaba de lançar “Jorge Amado e os coronéis do cacau”, publicado pela Editus, com 103 páginas. O livro é desdobramento de uma monografia de especialização sobre história regional e enfoca os personagens do romance “Terras do sem Fim,” de Jorge Amado, narrativa sobre as disputas das terras do Sequeiro do Espinho pelos coronéis do cacau.
O livro aborda através de metodologia comparativa o histórico e o ficcional no romance amadiano. Também procura identificar os personagens reais com os da ficção. Ela explicou que a escolha de Jorge Amado não foi circunstancial, mas pela importância da sua contribuição à difusão de Ilhéus e por ser um autor reconhecido nacional e internacionalmente.
PROGRAMAÇÃO – A Academia de Letras de Ilhéus também tem sido um espaço aberto para visitantes e recebido com frequência caravanas de estudantes da rede pública e privada de ensino. Agora em agosto, a instituição recebeu inclusive a visita de uma caravana de estudantes do Colégio Estadual de Itagibá que esteve no auditório, na biblioteca e ouviu palestra sobre a história da instituição, fundada há 45 anos.
A programação deste mês também tem valorizado os tradicionais saraus literários, que têm recebido grande público e são considerados um sucesso, inclusive através de política de valorização e descoberta de novos talentos. Já o escritor e ator Pawlo Cidade e a produtora cultural Lindaura Kruschewsky participaram de bate-papo sobre cultura e arte para um público de 120 pessoas. Esta semana, a Associação dos Anêmicos Falciformes utilizou o auditório da academia para debate sobre cidadania.
LIVROS – Também este mês, a Academia de Letras promoveu o lançamento de cinco livros da Via Litterarum, editora regional que acaba de editar “Almas e linhas,” de Bira Lima, “Coisas da vida” e “Usos do português”, de Odilon Pinto, “Linhas intercaladas”, de Ariston Caldas e “Regressantes”, de Agenor Gasparetto, o qual também atua na coordenação editorial. Ele explica que a editora Via Litterarum inicia suas atividades com a pretensão de se constituir em referência em produção literária, ficcional, não ficcional e didático-científica no sudeste ou litoral sul da Bahia. “Não queremos atuar sozinhos, mas conjugar com a comunidade regional e seus sujeitos e suas instituições e com elas realizar nossa missão” argumentou.
Para Agenor Gasparetto, que também é professor universitário e atua na área acadêmica, num mundo em crescente globalização, onde parece reservar espaço apenas para o grande e o mundializado, “parece ousadia abrir uma editora numa região que tradicionalmente ainda lê muito pouco e, não bastasse, tem poucos recursos para investir em livros, já que pressionada pela sobrevivência. Contribuir para mudar esse quadro faz parte de nossa razão de ser e nos motiva ao empreendimento”, disse.