“Há 45 anos, sob a inspiração do poeta Abel Pereira, criou-se em nossa cidade a Academia de Letras de Ilhéus. Ao longo de todo esse tempo, a obra literária das nossas elites intelectuais foi sendo produzida e correu mundo, admirada, aplaudida e festejada. Mas os nossos homens de letras, como se nômades fossem, reuniam-se aqui ou alhures, mercê da generosidade dos que eventualmente os acolhiam e abrigavam, como a Associação Comercial de Ilhéus ou a Fundação Cultural”. A declaração é do prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro, ao participar da solenidade de entrega do prédio da sede da Academia de Letras de Ilhéus, na noite do último domingo (14), quando na oportunidade disse que, “hoje, com certeza presente entre nós, Sosígenes Costa há de estar testemunhando a iniciativa do governo municipal, que pediu e obteve da Câmara dos Vereadores o instrumento legal necessário à doação desta bela casa, inteiramente reformada e mobiliada, à nossa Academia de Letras”.
Lembrou o prefeito que no discurso e posse da Cadeira n.º 08, “desta egrégia casa, que me acolheu com imensa generosidade após lembrança do fraterno amigo poeta João Higyno, que no curso das nossas existências, somos todos caminhantes. E enquanto caminhamos, as surpresas reanimam os nossos espíritos e redobram o gosto pela arte de caminhar, deixando de lado qualquer preocupação com a presumível chegada. O importante mesmo é a travessia”. Sinto-me caminhante – continuou o prefeito -, combatendo o bom combate, ao contribuir na realização do sonho de muitos, de hoje e de ontem, de erguer um templo para a cultura grapiúna, a sede própria da Academia de Letras de Ilhéus”.
Para Jabes, “cabe-nos a todos os que vivem e trabalham nesta bela cidade o dever sagrado de prestigiar e enaltecer os que participaram e participam do processo de criação e preservação dos bens culturais. Convicções são prisões, sentenciou o filósofo alemão Nietzsche. Sinto-me irremediavelmente comprometido com a história, com as artes, com as letras, com a cultura da civilização ilheense. Se não posso ser mestre, na realista conclusão shakespeareana, coloco-me como diligente “soldado” a serviço da Academia de Letras de Ilhéus”.
Disse ainda o acadêmico e prefeito, que “nunca se apagará da nossa memória o extraordinário acervo literário que nos legaram gregos e romanos, na antiguidade, e, no caminhar dos tempos, franceses, russos, alemães, italianos, ingleses, portugueses e espanhóis, até chegarmos aos nossos poetas e escritores das Américas –m O Novo Mundo –incluindo os nossos conterrâneos brasileiros como Machado de Assis, José de Alencar, o grande Castro Alves, Carlos Drumond de Andrade, e os confrades desta Academia Jorge Amado e Adonias Filho, entre tantos outros. A todos eles, às produções do espírito, às criações do engenho humano no campo da literatura e das artes, às construções socioculturais, impõe-se ao governante responsável o dever sublime de construir abrigo e refúgio, seja qual for o pedaço de mundo onde estejamos”, afirmou.