Um dos destaques do Carnaval Cultural de Ilhéus foi, sem dúvida alguma, o desfile dos blocos afro na avenida Soares Lopes, cuja decoração também valorizava a cultura africana e funcionou como componente plástico de uma exibição de harmonia das baterias, sincronizada com uma coreografia perfeita e com alegorias acompanhadas não apenas pelo público que se comprimia na avenida e ocupava inclusive os espaços de evolução dos tambores e atabaques, além de um júri formado por personalidades que atuam na área artística e cultural. Os vencedores de 2004 foram o MIni Congo no grupo A, que prestou homenagem ao Babalorixá Pedro Faria (Pai Pedro), e no grupo B o vencedor foi Leões do Reggae.

O Dilazenze, que foi cinco vezes campeão do Carnaval Cultural, desfilou como hors-concours, com uma grande homenagem ao anjo negro, o ator Mário Gusmão, um artista que durante a vida trabalhou pela valorização e resgate da cultura negra e que viveu durante alguns anos no eixo Ilhéus-Itabuna, onde iniciou um trabalho junto a artistas e intelectuais sulbaianos. O ator também trabalhou com Glauber Rocha e estrelou o filme “underground” Anjo Negro, do cineasta José Umberto.

Se o Dilazenze foi perfeito no seu desfile mesmo sem competir, apresentando destaques nas alegorias e na bateria, o Mini Congo comandado por Nenéu Mendonça desceu o Outeiro de São Sebastião com elegância e chegou a avenida com uma homenagem também póstuma ao Pai Pedro, babalorixá do terreiro de Odé. Os destaques ficaram para a bateria e para a coreografia das diversas alas, com cores verde, branco e amarelo-ouro. O bloco desceu com mais de 400 figurantes e foi aplaudido pelo público.

Também ganhou aplauso o Guerreiros Zulu, com 350 componentes, que vieram para a avenida com as baianas de Carmosina e a ginga de capoeira do mestre Zito, além de um carro alegórico com temas africanos e uma excelente exibição da rainha Jussara. O desfile também teve o destaque do bloco Rastafary, com sua potente bateria vermelha, verde e amarelo além de muito gingado. Entre outros blocos e afoxés desfilaram também com sucesso na avenida Os Malês, Zimbabwe, Danados do Reggae e o Zambiaxé, que valorizam a cultura negra e resgatam tradições.